Prólogo

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Alguém o pegou pelos ombros e começou a chacoalhá-lo.

- Majestade, acorde!

Lentamente, Henry Icarus I lentamente abriu os olhos, ainda sonolento.

- Melhor ter uma boa razão para ter me acordado a essa hora – disse o Rei ao olhar na direção do relógio em sua parede, que nem marcava ainda quatro da manhã – ou não me importarei em jogar você por essa janela.

O servo engoliu em seco.

- Majestade...

Mas ele parou bem no meio da frase ao ouvir os resmungos vindo do outro lado. Sua esposa, a Rainha Melisandra Sand, saiu de debaixo das cobertas. Seu cabelo ruivo, tão característico das pessoas que habitavam a região do Deserto dos Espinhos, estava jogado para trás, expondo a pele um pouco morena, suas delicadas maças de rosto e seus olhos lilases como ametista.

- O que está acontecendo, querido? – Perguntou ela, também sonolenta.

- Algum servo que veio me incomodar no meio da madrugada – o Rei manteve o olhar de fúria dirigido ao servo, que claramente tremia de medo – que até agora não meu um motivo para matá-lo por ter acordado a nós dois.

Melisandra olhou para o servo, que tremia dos pés à cabeça como se um Criogeno o tivesse tocado.

- Henry, veja só como o pobrezinho está morrendo de medo. – A Rainha jogou o lençol para o lado e pulou para fora da cama. Ela vestia uma curta camisola roxa quase que transparente, deixando a mostra parcialmente seus seios. Essa deveria ter sido uma das razões para o servo ter recuado vários passos quando viu que a Rainha caminhava em sua direção, com suas mechas ruivas balançando de um lado para o outro. Ele simplesmente congelou quando a Rainha ficou bem na sua frente e tocou delicadamente o seu rosto – Não há o que temer, meu jovem. Apenas respire fundo e acalme-se.

Isso era, em parte, também dirigido ao próprio Henry, que já fazia isso e já se encontrava bem melhor que antes e observava atentamente sua esposa e o que ela fazia junto com seus poderes de Ilusória Mental. Aparentemente muitos poderiam dizer que nada demais estava acontecendo, mas isso era uma completa mentira. Com o treinamento certo – como o que Melisandra detinha – um Ilusório Mental poderia se mostrar um incrível trunfo para a mais complicada das situações.

Focando no servo, a preocupação havia sumido de seu rosto, agora estando tão calmo quanto a de uma criança dormindo.

- E agora, está melhor? – Perguntou Melisandra.

O servo fez um sinal de afirmativo com a cabeça.

- Que bom! – Exclamou ela animada de uma forma que somente ela conseguia ser – Então por que agora não nos diz a razão de ter acordado o Rei no meio da madrugada.

- Não desejava irritá-lo, Majestade, mas somente vim cumprir as ordens dadas a mim pelo Vice-Rei Claire e pelo Chanceler Layraft. – Explicou o servo – Eles e os demais membros do Conselho de Guerra pedem sua presença mais que imediata na Sala de Mapas.

Agora foi a vez de Henry Icarus pular para fora da cama, estupefato e preocupado. Melisandra logo seguiu para ficar ao seu lado.

- O que aconteceu? – Perguntou o Rei.

- O Principado de Monfort, com o apoio de tropas da República de Strange, atacou alguns castelos e a cidade de Laynon na fronteira do território dos Claire. Eles não tomaram posse de nenhum território. Pilharam, mataram e estupraram, e então retornaram para suas terras numa velocidade incrível.

Contos perdidos de Delwark - O Cavaleiro e o DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora