❀ Capítulo dois.

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- Opa! – Mordi o lábio por costume ao perceber a pessoa que trombei. Justo ele. - Prazer, Sarah Williams.
- Isso já sei – Sorriu amigável. - E ai, pronta pra encarar o campeonato?
- Sempre estou! – Menti. Óbvio que reconheço minhas habilidades e sei que sou capaz, mas ainda precisava treinar muito para atingir meus objetivos e claro, controlar meu psicológico.
- Vamos ver então, precisamos levar essa taça  – Apenas concordei. Duas garotas se aproximaram sem tirar os olhos de nós, pararam logo atrás de Bieber e fizeram uma cara nada boa. Está na cara seus motivos para tanto apego no garoto, seu corpo não deixa nada a desejar e ele parece ser o típico garoto piranha.
- Deu um fora no Somers, é? – Soltou isso e franzi a testa. - Pô, canso de falar pra ele aprender a chegar nas gatinhas.
- Não – Ri pelo nariz. - Chaz é meu amigo faz anos, somos apenas amigos mesmo. Aquilo foi uma brincadeira – Me incomodei por ele ter tocado neste assunto e caí na real. Já estava prolongando muito a conversa com Bieber e meu lugar com certeza não é ao lado do meu adversário.
- Sei – Levantou a sobrancelha. - E ai Sarah, quer dar uma volta? – Se aproximou e ameaçou pegar em minha cintura. Estremeci ao sentir seu cheiro adocicado, podendo sentir o calor de seu corpo bem perto de mim. Apertei meus olhos e dei um passo para trás. Bieber era atraente, mas não sou burra.
- Não, preciso voltar, vim apenas pegar uma cerveja, a gente se vê – Ergui as garrafas como forma de despedida, sorrindo ''amarelado'' e apressei o passo para a 'pista'. Ele realmente queria tentar me pegar, é isso mesmo? Bom., se ele não fosse quem ele é, talvez. Porém nessa altura da vida preciso acima de tudo, ter foco. Focar na vitória, em MINHA vitória para ser mais específica, sem coisas que possam me distrair e mudar meu objetivo.
- Ei, você tá bem? Tá feito louca no meio da pista, te hipnotizaram, é? - Jessy me tirou dos devaneios.
- Hãn? To sim – Olhei ao redor e não lembro de como cheguei nesta parte da pista. Meus pensamentos andam tomando conta de mim ultimamente, mas não é pra menos.
- Okay, se você diz. Vai tomar as duas? Divide aí, Sarinha – Pegou uma cerveja da minha mão. Se tem uma coisa que odeio na vida, é que me chamem de Sarinha. Jessy sabe disso e faz do mesmo jeito, como se não me atingisse. Revirei os olhos, sentei e coloquei meu chinelo ao meu lado, abrindo a garrafa e tomando um gole.
- Bú! – Kath sentou ao meu lado, surgindo do além.
- Credo, menina, que susto! – Verifiquei se não tinha derramado nada em mim.
- Foi mal – Ajeitou o cabelo. – Capricharam na decoração essa vez, né?
- Tá perfeito! – Suspirei. A decoração do luau sempre me impressiona. Aqui na cidade, esses eventos são feitos mensalmente, claro que tem quase toda semana um que a galera faz improvisado, mas desses bem montados mesmo, só uma vez por mês. O dessa vez está com um toque super rústico que é lindo de ver.
- Pegou quantos, amiga? – Se voltou para mim, curiosa.
- Nenhum – Lembrei do meu momento repentino com Justin e ri de mim mesma. - E você?
- Só o Adam, filho da moça que trabalha na loja que inaugurou semana retrasada, sabe? Um gatinho – Ergui as sobrancelhas. - E bom.. tava tendo um jogo e dei um selinho no Thomas também.
- Mereço você. Mas esse Adam não é mais novo que nós? – O garoto parecia que tinha 12 anos.
- Um ano só, pô. E beija bem pra porra – Dei risada.
- Então tá. To ficando com fome – Lembrei que não havia nem jantado em casa e minha barriga roncou. – Vamos atrás de comida?
- Bora – Levantamos e fomos até as barraquinhas que tinham ali. Várias opções de petiscos e comidinhas rápidas.
- Vou de tacos, e você?
- Vou ali pegar uns frangos, te encontro já já – Kath foi buscar sua comida e fiquei ali na fila. Enquanto minha vez não chegava, fiquei observando o movimento. Vi os meninos pegarem suas pranchas e correrem para o mar junto com outros surfistas que vieram para o luau. Fiquei triste ao lembrar que não poderia surfar esta noite.
- Moça? O que vai querer? – O atendente me chamou atenção.
- Oi, perdão – Passei os olhos no cardápio mais uma vez. - 2 tacos pequenos de frango e um de camarão, por favor. Ah, e um suco de morango. – Paguei o homem e fui sentar numa toalha que havia no chão, num morrinho. Tirei meu moletom da cintura e o coloquei. Fiquei ali sozinha comendo, sentindo a leve brisa bater em meu rosto e aquele cheiro maravilhoso de areia, mar. Amo a vida que tenho, o privilégio de morar numa cidade tão acolhedora e maravilhosa. Vi que Kath estava comendo seus frangos junto com uma galera, então deduzi que ela não iria vir até mim. O pessoal estava se organizando ao redor da fogueira, colocando panos e toalhas no chão para o povo sentar e levando instrumentos musicais. A parte principal da noite. Olhei para uma árvore que ficava próximo de onde eu estava e vi Justin aos beijos com uma das garotas que estava atrás dele quando conversamos. Nem acredito que ele realmente achou que eu iria ceder, dar uma chance a ele e ficarmos esta noite. Não mesmo. Ele pode ser o pegador que seja, mas sem gracinhas para cima de mim. Ouvi alguém se aproximando.
- Oi Sarah – Chaz disse simpático, sentando ao meu lado.
- Eai – Sorri.
- Vim me desculpar pelo que fiz mais cedo, adoro nossa amizade, espero que não mude nada entre a gente – Falou num tom calmo e sincero.
- Tá sossegado, meu bem – Segurei seu rosto e acariciei sua bochecha. - Não foi nada.
- Ufa – Bufou de alívio e beijou minha testa. – Mas e ai, qual é a de você estar sozinha aqui? – Olhou para meu taco e pegou um pedaço o que fez metade se estraçalhar e cair na areia.
- Ei! – Ri – Eu estava com a Kath, mas ela encontrou outros amiguinhos e acabei aqui, solitária – Dei de ombros e comi o restinho de taco que não se espatifou.
- Kath malvada – Falou enquanto mastigava. - Fui pegar onda e torci meu pé na hora que sai correndo pro mar, deu ruim. – Mostrou o mesmo e estava levemente inchado.
- Você é burro também né, nem pra correr presta – Dei risada. Dei um beijo em minha mão e coloquei-a no lugar que ele machucou. - Pronto, vai ficar bom logo logo. Minha boca é mágica! – Vi que ele ficou sem graça pelo que acabei de falar e me calei, tomando um gole do suco.
- Bora ali pra fogueira? Vai começar a parte boa, desligaram as músicas e tá quase todo mundo lá.
- Mas eu nem terminei minha comida... – Vi os garotos que estavam surfando pegarem uma onda gigante e sorri. - Se quiser ir, pode ir.
- Eu vou e você vai comigo – Levantou. - Termina sua comida lá, prometo te ajudar – Me pegou pela mão, me ajudou com as coisas e descemos até lá devagar, por conta dele estar mancando. Dez minutos se passaram, quem estava na água saiu e se acomodou e as músicas começaram. Joseph, o menino que tratava de iniciar com o violão em todos os eventos tocou a introdução de She Will Be Loved, do Maroon 5, enquanto Amanda passava de pessoa em pessoa oferecendo drinks com frutas e algumas frutas picadas também. Justin estava falando com várias pessoas ao seu redor, sempre o centro das atenções. Não posso falar que não sou reconhecida, até por que vários vem até mim e me parabenizam sempre, porém Bieber tem um ego elevado e isso é chato demais. Ele agora estava apenas com uma regata cinza larga que destaca seu corpo definido e suas tatuagens perfeitamente. Que corpo. Do nada, as pessoas começaram a cantar uníssono e fiz o mesmo. Me diverti muito esta noite ali na roda. Dividimos experiências, fizemos as típicas brincadeiras e cantamos muito.
- Já está tarde – Ryan falou, chegando com Nolan, Jessy e Kath.
- Não deu nem duas da manhã ainda – Olhei a hora no celular.
- Tá, mas a galera já tá começando a ficar doida, vamos pegar nossas coisas e ir. – Estranhei. Ryan é sempre o mais ativo, brincalhão, gosta de fervo. Ele agir dessa forma não colou. Todos se olharam e concordaram. Foram pegar suas coisas enquanto Ryan ia em direção ao carro.
- O que houve, Ry? Tem algo me cheirando estranho aí que tu não quer falar – Corri até ele.
- Nada, Sarah! – Falou sem ânimo. - Só cansaço mesmo.
- Se você está dizendo, ok. – Olhei pra trás e vi Kath beijando novamente Adam e, em seguida, Ryan deu um soco no carro, entrando e batendo a porta. Percebi a situação e resolvi não abrir mais a boca, poderia ficar pior.
- Sarah! - Ouvi alguém chamando por mim e procurei. - Ei, Williams, aqui! – Vi uma pessoa de longe correndo em minha direção.
- Bieber? – Falei, vendo ele se aproximando.
- Sarah, te achei – Parou na minha frente, ofegante.
- O que foi agora? – Disse seca.
- Esqueceu seus chinelos – Me entregou os mesmos. Como assim?
- Ué, mas... – Olhei e reparei que estava descalça realmente. Como fico muito assim, não notei a falta deles. - Ah, claro, cabeça de vento – Os peguei.
- Vi que tinha deixado no banco perto da fogueira e vim te entregar – Sorriu.
- Então estava me cuidando? – Falei ironicamente.
- Quem sabe, né? – Falou malicioso.
- Você é estranho. – Prendi o cabelo num coque. - Obrigada mesmo assim, Justin.
- O prazer foi meu. – Dei meia volta para entrar no carro. - Ein, Williams, você ainda trabalha ali na lanchonete perto da orla?
- Como sabe disso? – O encarei surpresa.
- Contatos.
- Sim, trabalho. Por quê?
- Por nada, curiosidade. Tchau, tchau. Nos vemos por aí, vê se treina ein? – Fez o famoso ''soquinho'' comigo e saiu, sem ao menos dar chance de eu falar algo. Ok. Justin Bieber tinha acabado de ser legal comigo mesmo depois de um fora que poderia facilmente ferir seu ego, é isso mesmo? Entrei no carro pensativa e logo o resto da galera veio também. Me deixaram em casa primeiro, pois eu morava bem próximo dali.
- Valeu Ryan, tchau pessoal – Falei baixo, pois não queria acordar ninguém. Se despediram de mim e arrancaram o carro. Revirei os olhos pelo barulho caminhei até a porta. Peguei a chave reserva que ficava embaixo da janela e abri a porta lentamente. Tratei de trancá-la, e fui andando até meu quarto, sendo guiada pela lanterna do meu celular. Logo tomei um banho, hidratei meu corpo, vesti um camisetão e deitei. O campeonato veio em minha mente e fez com que a preocupação aumentasse. Eu preciso de mais treino, preciso ganhar de Justin e levar essa premiação comigo.
- Sarah? – Minha mãe apareceu na porta.
- Oi  – Respondi com a voz falhada. - Tá tudo bem?
- Tá sim, vim ver se a senhorita já havia chegado em casa. Foi legal?
- Foi sim – Sorri.
- Comeu lá?
- Comi um monte, não se preocupa. – Veio em minha direção, me cobrindo e dando um beijo em minha bochecha.
- Ok filha. Agora durma, amanhã você tem trabalho de tarde.
- Acho injusto trabalhar aos domingos, que saco – Virei de lado.
- Pelo menos é só de tarde, dá pra descansar bastante ainda, durma vai – Foi em direção a porta.
- Te amo, mãe. Dorme bem.
- Eu também, filha. – Fechou e saiu. Logo coloquei meu celular no carregador e apaguei.

Overboard ❀ justin bieberOnde histórias criam vida. Descubra agora