Prólogo

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                       — Preciso ir... — Murmurei me soltando dos braços de Jean que me envolviam.

                      O garoto deu de ombros, embora no fundo eu soubesse que ele tinha ficado um tanto chateado. Depositei um beijo em sua bochecha, me levantando e caminhando em direção à festa novamente. Eu estava um pouco decepcionada por ele não ter nem insistido para que eu ficasse mesmo depois de ter ficado 1h comigo, mas larguei de lado.

                      Quando cheguei ao lago novamente, abracei as três garotas que me ofereceram abrigo para aquela noite. Fui até Camilly, que me esperava com um carro para voltar a Ravenglass. Entrei no banco de trás e fiquei calada durante todo o percurso, pensando em tudo. Eu estava o dia todo longe de casa, minha mãe devia estar desesperada. Dei de ombros, olhei uma bolsa do meu lado e peguei a mesma, que tinha várias garrafas de bebidas alcoólicas sem rótulos, apenas com líquidos coloridos. Mais uma vez não liguei e peguei qualquer uma, bebendo.

                       Após 8 horas dentro do carro, quando dava para ver a placa de "Bem-vindo à Ravenglass", o carro parou no meio da estrada. Eu estava zonza e perdida, olhei a bolsa de bebidas que não restava nada além de três garrafas vazias e uma cheia.

                      — Droga... — Murmurou Camilly, descendo do carro, debruçando no vidro para falar comigo. — Acho que acabou a gasolina, vou procurar ajuda, acho que tem algumas cabanas aqui perto.

                      Concordei com a cabeça. Tinham mais três pessoas no carro, mas que foram deixadas em suas cidades ao longo do caminho. Estava ventando e quase amanhecendo, um silêncio total em toda a estrada. Eu estava arrepiada de medo, devia ter ido com Camilly. Bufei, escutando um grito vindo da floresta. Fiquei tão assustada que nem me mexi, apenas tirei o cinto e agachei atrás do banco da frente, pegando uma garrafa vazia e batendo com força contra o banco de trás. A garrafa quebrou e eu poderia usar aquilo como arma. Eu acho.

                      — Ellie! Ellie! — Escutei Camilly gritar meu nome repetidas vezes, fechei os olhos, murmurando todas as orações que eu conhecia.

                      Na mesma hora escutei alguém correndo, cada vez mais perto. Lágrimas escorriam pelo meu rosto, pingando na minha blusa, misturando-se com o meu suor de nervosismo que pingava no mesmo lugar. Minhas mãos tremiam e a porta atrás de mim foi aberta bruscamente. Virei na hora, vendo Camilly ensanguentada e com a perna machucada, poucos segundos depois a mesma desmaiou. Coloquei a garrafa na minha frente ¬e puxei a mesma pelo braço, tentando colocar a jovem no carro.

                      Mais uma vez escutei passos cada vez mais perto. Puxei de forma brusca Camilly para dentro do carro, que gritava de dor. Fechei a porta com força e coloquei um pano em sua boca para morder. Eu estava coberta com o sangue de Camilly. A porta do porta-malas foi aberta, fiquei com medo demais para ver quem era. A pessoa entrou no carro e puxou Camilly como se fosse apenas uma boneca. Escutei a porta atrás de mim ser aberta pela segunda vez, uma dor insuportável nas minhas costas. Virei e vi minha blusa pingar sangue. Na mesma hora senti alguém colocar algo contra o meu rosto. Debati-me, mas poucos segundos depois desmaiei.

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