aquele com o capítulo único | gray confusion

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Sherlock estava atrasado.

Sherlock tinha um assassinato lhe esperando.

Sherlock estava correndo nas calçadas cheias.

O moreno andava de maneira apressada pelas ruas de pedra da sua vizinhança, leu na Internet que tinha acontecido um homicídio perto de sua casa, estava ansioso para vê-lo, as testemunhas haviam relatado que a cena era assustadora. Holmes adorava isso, precisava de um grande crime para acabar com o tédio.

Perdido em seu Palácio Mental, ele não percebeu que não estava mais na calçada com os pedestres, e sim em uma faixa de segurança, as pessoas lhe empurravam e gritavam, assim era a Londres no horário de trabalho.

Por um segundo, o moreno elevou os olhos e se deparou com cabelos dourados. O homem era bem mais baixo que ele, mas precisou de mais atenção para perceber a figura a sua frente, o loiro também andava rápido, mas era educado, pedindo desculpas para todos.

Em algum momento do trajeto, ele olhou para Sherlock, fixando em seus olhos, e naquele momento o moreno soube, não iria dar certo. Em poucos segundos deduziu o máximo que conseguiu, casado, médico, infeliz, pai dedicado e tem o mesmo destino que o dele.

O contato visual não demorou muito, ele virou o rosto e andou mais rápido, chegando a correr, até o prédio cinza da esquina.

Ele era diferente, Sherlock pensou.

O que era diferente? Essa era a diversão, o moreno teria que descobrir.

John odiava ligações durante o trabalho. 

John havia recebido uma.

John falava com Mary.

John odiava ligações e odiava a Mary.

"Sim, Mary, amanhã irei buscar Rosamund na casa da sua tia. Não, não. Vou estar em casa às nove. Sim. Sim, desculpa. Tudo bem." 

John suspirou fundo e passou as mãos molhadas em seus olhos, a tensão se espalhava por o seu corpo inteiro.

"Sua mulher é controladora, não é?" 

Mike, seu colega de trabalho, perguntou. Havia um sorriso de compreensão em seu rosto. 

Watson apenas acenou com a cabeça, rindo pelo nariz. Estava cansado da sensação que Mary lhe causava, a mulher não fazia bem a ele, não verdade, não fazia bem a ninguém, mas John não pensava nisso quando levou ela para a sua casa e a engravidou. 

Todos no trabalho o alertaram,  porém ele estava cego. 

O único ponto bom desse relacionamento fracassado era a sua doce Rosie. Seu ponto de luz.

"Doutor Watson, o doutor Strange já está na sala de operação. Deseja iniciar o procedimento?" 

A cirurgia havia demorado mais do que o planejado, já passava das dez horas, o único desejo de John era sumir, tinha perdido um paciente importe e quando retornasse pra casa,  Mary iria estar sentada no sofá, acompanhada de uma taça de vinho, e começaria mais uma discussão. 

Chegando no apartamento, a loira estava lá, como previsto. Olhando-o como um animal olha para a sua presa, John não queria sentir nojo daquele olhar, nojo dela.

"Hoje não, Mary. Preciso dormir." 

"Hoje sim." 

"Estou cansado, por favor. Prometo que amanhã iremos conversar." 

"Eu não queria conversar! Rosie não está aqui. Seria um momento apenas nosso. Mas você sempre estraga tudo." 

O sangue borbulhava em suas veias, o loiro respirava fundo, se controlando, não queria discussão. 

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