Capítulo VII

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Eu desliguei o celular e ignorei a ligação dele, sem tempo para pensar, eu já avistava o aeroporto e minha respiração estava profunda e rápida, meu coração estava acelerado e doendo, pulsando de um jeito como se gritasse para eu parar , "vamos menina, pare com essas bobagens " meu corpo todo pedia para dar ré , parar por um instante e virar , voltar por onde veio , e correr para ELE , o garoto que me pegou de jeito, o único garoto que soube como me tratar, eu era assim que eu pensava, é, eu estava enganada. ELE era um babaca , como eu pensava desde o começo, droga, porque que eu fui conhece-lo? por que diabos eu resolvi aparecer naquele jogo idiota com pessoas mais idiotas ainda ?"chegamos' foi o sussurro que minha mãe deu e nem olhou na minha cara era doloroso para ela eu sabia disso mas parecia mais doloroso ainda, desta vez parecia uma despedida de verdade,definitiva , como se eu não fosse voltar semestre que vem, "mãe?" eu falei com uma voz infantil , ela me olhou mas parecia olhar através de mim, como e não me enxergasse, se eu fosse apenas um vidro, transparente que ela queria ver o que havia dentro mas eu estava vazia, eu sabia disso. Eu estava morta , mesmo que por hora, mesmo que por apenas o tempo de eu entrar no avião. Eu me mexi finalmente, abri a porta do carro e fui pegar minha mala no porta-malas, minha mão estava tremendo, minha mãe não havia descido, achei estranho mas não questionei, fechei a porta  e segurei minha mala firme, eu já ouvia os conhecidos barulhos dos aviões, eu fechei meus olhos e respirei fundo, senti o carro se mexer e então vi, minha mãe estava indo embora, sem olhar para trás, por um momento tudo parou, era como nos filmes, nas cenas dramáticas, das quais botavam câmera lenta, porém era real, eu sentia o que era a frieza, como ela pôde me tratar assim? como pôde nem ao menos me dar adeus, a última chamada para meu vôo, eu estava ouvindo, então eu me mexi, caminhei rápido e sem olhar para trás, eu não tinha ninguém tentando impedir, ninguém ao menos queria que eu ficasse, talvez a Kah, mas de resto, todos simplesmente me deram tchau e benção, outros ainda nem tchau, como minha própria mãe fez, eu cheguei na sala de embarque e entrei, sem volta, eu estou indo, estou realmente indo, talvez eu nem voltasse, eu me conheço, eu nunca deveria ter vindo morar com minha mãe, mas com quem eu viveria? o mentiroso e manipulador mas conhecido como meu pai? em meio a isso tudo lágrimas se acumularam em meus olhos, eu olhei um última vez para trás e então eu vi. Aqueles cabelos lindos e totalmente dele, Math, ele me olhava com os olhos assustados, eu o olhei uma última vez nos olhos, cara a cara , olho por olho, sem emoções escondidas, parecia que eu olhava para um boneco quebrado, eu o quebrei? eu sinceramente não sabia, porém minhas mãos se coçavam para consertá-lo, correr para fora da li, sem medo algum, mas eu sempre soube que era medrosa, eu sempre soube. Eu acenei com a cabeça e voltei a andar para frente, sem dó, sem limites, meu limite já fora ultrapassado e agora eu estava aqui entrando em um avião cheio de desconhecidos e indo para uma cidade com novas aventuras. Essa era eu, eu fugia dos problemas.

Matheus narrando...

Um aceno. Foi o que eu recebi em troca, era assim que ela se despedia? Depois de tudo? Tudo o que passamos? Como eu não pude enxergar antes o quanto egoísta e sem coração ela era? Como ela pode simplesmente ir embora? Sem nem ao menos pensarduas vezes, lembrar de todas as coisas boas que tivemos que levaram a essa duração excessiva de tempo? todas as coisas que me fizeram pedir sua mão? Como eu pude ser tão idiota de pensar que ela fosse madura o suficiente para isso? Como eu pude acreditar que ela queria isso de verdade? Que alguém seria realmente capaz de me amar? Eu nunca fui bom o suficiente para isso, nem meus pais e amam, por que achei que ela o fizesse? Eu fui empurrado por gente querendo passar, e então vi os cabelos dela sumirem na multidão, meu coração foi esmagado igual aos meu pés, então eu recuei devagar e corri até meu carro, entrei, olhei para o estacionamento e fiquei lá por minutos , talvez horas, o desespero ia chegando, eu sabia que o avião dela já longe, mas minha mente tentava me confortar dizendo que aquela não era ela, que seu vôo não era hoje, não era agora, ela não estava indo para longe de mim, não poderia, eu me abracei e chorei, gritei, tudo estava acabado, ela havia acabado com tudo, ela não havia se importado comigo a ponto de me explicar o que estava acontecendo, o real porque daquilo, por que fugir? fugir de mim. Eu estava certo. Aquela não era Sophia. Não a Sophia que eu conhecia e amava. Talvez eu nunca a tivesse conhecido de verdade. 



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