Capítulo 1.1 UMA NOITE DE VERÃO

12 1 0
                                    


Estava escuro, Karen caminhava sob o asfalto e não tinha ninguém na rua, o brilho da lua iluminava o céu escuro da madrugada e não se ouvia nada, quando alguém gritou pelo seu nome e então Karen acordou. Ao abrir os olhos percebeu que estava na cama ao lado do seu namorado Eduardo, que a abraçava evolvendo-lhe nos seus braços, ela estava meio assustada e não conseguia lembrar como fora parar ali.

A cabeça doía e Karen recordou que havia bebido algumas doses de cachaça na noite anterior, era uma noite de verão entediante e ela e seu namorado resolveram beber com os amigos, mas não sabia o que havia acontecido depois. Ela tentou soltar-se dos braços do namorado sem que ele percebesse e de fininho foi vestindo a roupa, nem se quer lembrava como tinha se despido, calçou sua sandália, abriu a porta do quarto, desceu as escadas, não tinha ninguém na sala e ela então foi embora.

Caminhando pela calçada na volta pra casa ela pensava em como sua vida tinha sido até aquele momento e até aquela noite de verão não sabia se tudo o que tinha era o que ela realmente queria. Karen era uma jovem que acabara de completar vinte anos, ela adorava cantar, sabia tocar violão e iria começar a cursar a faculdade de história, a sua paixão no ensino médio, a garota era de família tradicional e como tal morava em um bairro de classe média alta, um local onde muitos se conheciam e foi dessa forma que ela conheceu o seu namorado, ele é filho de uma viúva rica cujo marido era muito amigo do seu pai, era o casal perfeito, ele o filho do general e ela a garota mais bonita e cobiçada do bairro.

Por muitas vezes Karen gostava de se questionar se era feliz, ela sempre quis acreditar que sim, mas não sentia intensidade na sua vida e sentia que precisava ter experiências além do que aquele lugar lhe propunha. A faculdade que iria fazer talvez pudesse lhe dar mais ânimo e lhe trazer coisas novas, ela sentia também necessidade de ter muitos amigos e aproveitar o máximo da vida com eles.

Renata Catarina Gonsalves de Bastos, apelidada carinhosamente pela tia de Karen era uma garota com traços franceses, pele macia e clara, lábios carnudos que herdara da mãe, olhos esverdeados e cabelos castanho claro. Com essa aparência ela era o sonho de qualquer garoto que morava naquele bairro ou outros pertos dali, muitos a conhecia por sua beleza e simpatia que trazia desde a infância e até ganhara duas vezes concursos de beleza da escola e sempre estava presente em eventos sociais como apresentadora de eventos, ela tinha outro atributo invejável, uma voz que qualquer locutora de rádio queria e que qualquer cantora de MPB gostaria de fazer parceria para duetos.

Depois de uma pequena caminhada a pé ela chegou em casa, estava tudo tranquilo e em silencio, quando mal acabara de agradecer por sua mãe estar dormindo eis que uma voz saiu da cozinha e ecoou na sala:

– Muito bonito hein Karen! Onde você estava?

– Eu?

– Eu tenho outra filha?

– Eu estava na casa do meu namorado.

– A mãe dele sabe disso?

– Claro! - Mentiu a garota.

– Você não deveria ficar assim tão apegada com ele.

– Mas o Eduardo não é meu namorado?

– Mas não é seu marido, você sabe que as pessoas podem maldar, faz quase um ano de namoro e vocês nem pensam em noivado, o que vai ser de vocês? Vão ficar só nessa? Outro dia a Senhora Caldas me parou na rua e perguntou se...

– Mãe eu já disse que não me importa que falem.

– Mas eu me importo, as pessoas cobram.

– Então acho que vou começar a cobrar delas também.

– Filha eu também acho que vocês devem pensar em noivar cedo.

– Não quero me casar agora mãe, eu prefiro esperar terminar a faculdade.

– No meu tempo não tinha isso...

– Mãe, você disse bem, no seu tempo não tinha, mas no meu tem.

– Então pensa direito Karen ou pelo contrário deixe de dormir na casa do seu namorado, isso não é coisa de moça de família.

– Certo, não vai acontecer de novo, eu prometo!

Karen então subiu para o seu quarto, estava com sono e foi tentar dormir, mas por algumas horas ainda se revirava na cama e então foi quando recebeu uma mensagem no seu celular, era de seu namorado Eduardo que dizia para ela o encontrar as sete para saírem à noite. Cansada ela só largou o celular na cama após ler a mensagem e caiu no sono.

Ela andava na rua, não tinha ninguém e um nevoeiro não a deixava distinguir o dia da noite, estava assustada e tudo parecia ser muito real, ouviu uma voz dizer:

– Você tem que casar, você tem que casar.

– Eu não quero casar. Dizia ela assustada.

– Você vai ser uma perdida!

– Eu não vou não.

– Então vai ter que casar.

– EU NÃO QUERO! Gritou ela num impulso muito forte a trazendo de volta ao seu quarto.

Mais uma vez ela tivera um pesadelo e então decidiu que não iria mais dormir, levantou-se da cama e pediu a mãe para preparar o almoço, queria distrair-se e não pensar mais em casamento, essa ideia a assustara e preferia ficar como estava.


KAREN - Editora Multifoco [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora