Capítulo 1.2 UMA NOITE DE VERÃO

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A noite chegou e as sete Karen estava impecável, vestido curto vermelho com valorização do busto, sapatos pretos, cabelos delicadamente amarados e com um batom bem forte e chamativo, como sempre todos a admiravam ao passar pelas calçadas do seu bairro, chegando à casa de Eduardo a irmã dele atendeu a porta.

– Entra Karen, o Edu vem daqui a pouco.

– O que você está fazendo Eloísa?

– Estudando para o vestibular.

– Você estuda tanto...

– Eu quero enfermagem e é muito difícil.

– O que a Senhorita certinha estar babatando? Disse Eduardo ao descer da escada.

Eloísa calou-se e sentou-se no sofá, Karen responde:

– Ela só estava me falando do curso que queria fazer.

– Ela deveria era parar de ser tão idiota e aprender a curtir a noite.

– Edu você fala assim com sua irmã?

– Vai ficar defendendo agora é? Vamos que nós temos hora marcada, cuidado com os fantasmas Eloísa eles geralmente aparecem quando alguém fica sozinho em casa. Disse Eduardo num tom de deboche.

Eles dois entraram no carro, seguiram até um restaurante à beira da praia, Karen não disse nada o caminho todo e ele também não puxou assunto, desceram do carro e foram ao encontro de dois casais que esperavam numa mesa próxima da entrada.

– E aí cara como você está? Cumprimentou Edu com um amigo seu.

– Boa noite! Disse Karen timidamente na frente daqueles estranhos.

– Não é linda minha namorada? Um espetáculo desse não poderia ficar por aí sozinha sem um homem como eu para protegê-la.

Karen não falou nada, não era a primeira vez que o seu namorado tirava vantagem da sua elegância e beleza, ela sentia-se um troféu nas mãos de um jogador que ganhara o prêmio maior, os amigos dele ajudava mais a aumentar seu ego com suas caras de invejas, como se quisesse dizer: "eu queria essa mulher", mesmo tendo a sua ao seu lado.

– Você vive falando da Karen. Disse seu amigo.

– É porque ela é tão linda que eu penso nela vinte e quatro horas.

– Com uma namorada dessa eu pensava até vinte e cinco. Disse outro amigo dele.

– Que é isso Marcos? Agora vai ficar agourando a mulher dos outros? Falou uma garota perto dele.

– Foi só um comentário.

– Não vamos brigar pessoal a noite só começou. Disse o outro amigo de Edu.

– E começou mal – disse Edu ao sentar-se – olha aquelas duas lá fora.

– O quê? Perguntou Bruna, a namorada de Marcos.

– Que é aquilo? As duas mulheres estão abraçadas. Disse Edu.

– Que problema tem um abraço? Perguntou Marcos.

– Elas estão quase se beijando! Vocês não estão vendo? Que lesbicagem, tanto homem por ai e essas duas se agarrando, deveriam criar vergonha, criaturas asquerosas. Disse Edu.

– Você exagera Eduardo. Falou Bruna.

– Exagero? Isso é o fim dos tempos, essas pessoas deveriam ser cremadas e jogadas no mar.

Karen estava espantada com tal absurdo saindo da boca de seu namorado, nunca tinha visto ele tão nervoso ao falar de alguém, ela e os outros estavam espantados e ele não tinha nenhum receio em mostrar sua atitude preconceituosa, a situação agravou-se quando viu que as duas entravam no restaurante.

– Se essas criaturas entrarem aqui eu vou embora.

– Edu se acalma. Pediu Karen.

– Você ainda não me viu nervoso de verdade.

As duas mulheres entraram no restaurante então Eduardo levantou-se e por um impulso ele disse:

– Se vocês querem fazer suas imoralidades procurem um lugar menos decente, aqui só tem pessoas normais.

– O que esse louco está dizendo Amanda?

– Não sei, acho que ele pensa que é o dono do restaurante.

– Vocês são ridículas suas anormais.

– Você estar nos insultando cara, nosso pai é delegado e a gente pode te processar.

– Agora a conversa é essa não é?

– Que conversa seu louco?

– Aqueles agarramentos o que era?

– Seu louco ela é minha irmã que chegou de viajem hoje e eu repito se você continuar nós iremos mandar lhe prender por danos morais.

– Chega Edu, você quer ser preso? Disse Karen.

– Vocês são irmãs? Perguntou ele com vergonha.

– Não tá vendo que ela é a minha cara?

– Agora estou.

– Vamos embora daqui irmã!

– Não – disse Edu num ato de tentar reparar o engano – fiquem, por favor, eu pago a conta.

– O que houve aqui? - Perguntou o garçom se aproximando deles.

– Nada! – respondeu uma das irmãs – já está tudo resolvido não é senhor?

– É sim! - Respondeu Edu.

O caso deu-se por encerrado, Edu havia exagerado e se enganado, ele não poderia estar com mais vergonha, na volta para casa no carro Karen não conseguiu deixar de se expressar e comentou:

– Você foi ridículo.

– Ridículo? - Disse ele quase gritando.

– Não bastou aquilo que você disse? Ainda tinha que armar aquele barraco?

– Eu não quero discutir isso.

– É claro, você nunca quer discutir sobre o que você faz.

– Vamos parar por aqui? Eu não estou muito bem.

Karen calou-se, mas por dentro ela queria gritar o quanto achava ele prepotente, preconceituoso, machista e adorava alimentar seu ego com a sua vaidade excessiva, sempre se achando o melhor em tudo e o dono da verdade.

Edu e Karen seguiram todo o caminho calados sem olhar para cara um do outro, pouco tempo depois chegaram em casa, se despediram apenas com um "até amanhã" e Karen entrou para dentro. Ela subiu direto para o seu quarto, tirou aqueles sapatos apertado e jogou-se na cama, ligou a radio do seu pequeno som que ficava no criado mudo perto da cama, o locutor dizia "você que está comprometido e mesmo assim parece que está sozinho você que está com alguém, mas preferia está sozinho porque tudo já te levou a exaustão, esta música do Kid Abelha é pra você, escute esta saudade":

"Você me tem fácil demais

Mas não parece capaz

De cuidar do que possui

Você sorriu e me propôs

Que eu te deixasse em paz

Me disse vai, e eu não fui

Não faça assim

Não faça nada por mim

Não vá pensando que eu sou seu [...]"

Karen ao ouvir aquela música baixinha em seu quarto lembrou-se de tudo o que vivera até ali com seu namorado, num colapso nervoso ela como quem acordara de um sonho disse pra si mesma:

– Será que eu gosto do Edu?

KAREN - Editora Multifoco [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora