Addiction

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Meu corpo se movimentava conforme a batida da música, sentia os olhares sobre mim e Lucy que dançávamos em cima daquela picape, com vestidos extremamente curtos, todos os fins de semanas eram assim, saiamos para nos divertir e também para que eu pudesse ter o prazer de usar uma das melhores coisas que já experimentei, aquele pozinho branco que me fazia esquecer tudo a minha volta e deixava meu corpo completamente extasiado.

Desci da picape deixando Lucy pra trás, ela não usava drogas e odiava me ver usando, ela já tentou me tirar desse vício, mas o problema é que eu não quero ser tirada desse mundo. É nesse momento que você se pergunta "Porque uma garota com uma vida perfeita estaria nesse mundo?", no começo eu dizia que iria fazer apenas por pirraça, quando minha mãe me deixou eu tinha apenas 16 anos, por pura rebeldia comecei a desobedecer meu pai, indo para festas sem sua permissão no meio da noite, mas depois de um tempo fui apresentada ao mundo das drogas, me lembro como se fosse ontem, um cara estranho me oferecendo uma droga que naquele tempo era desconhecida por mim, e eu aceitei, dali em diante minha vida virou de ponta cabeça, hoje eu sou uma viciada de merda que arranja dinheiro a qualquer custo, apenas pra sentir o prazer que a droga lhe causa.

Fui até o homem alto moreno que estava fornecendo a mercadoria, eu já sabia seu nome pois frequentava muito essas festas, e em todas que eu ia ele estava lá:

- Jake, não preciso falar né?! Já sabe o que eu quero - dei risada quando o vi dando um pequeno sorriso em resposta, assim que iria pegar o saquinho ele puxou o afastando de mim -

- Quando vai pagar a quantia que está devendo Grace? - ele me olhou sério -

- Relaxa Jake, eu vou pagar prometo!

Ele me olhou negando com a cabeça, logo me entregou o saquinho e um pequeno canudo para que eu pudesse usar, fui até o balcão de bebidas afastando alguns copos começando a fazer carreirinhas, assim que terminei usei o canudo para conseguir cheirar tudo, quando terminei levantei minha cabeça rindo logo sentindo meu corpo relaxar.

Me virei pra voltar pra perto de Lucy, quando ia começar a andar dei de cara com ela que me olhava com um olhar de tristeza e decepção:

- Não me olha assim não Lucy - disse bufando alto -

- Já disse que você vai acabar com a sua vida desse jeito? - ela segurou meus braços -

- Já disse sim, e não precisa ficar repetindo eu não sou surda! - quando eu usava a droga ou eu ficava rindo atoa ou ficava insuportável, e dessa vez o modo insuportável estava ligado -

- Cansei Forbes, eu não vou aguentar você drogada mais uma vez - ela disse ficando nervosa - se vire pra voltar pra casa! - ela soltou meus braços e saiu andando, de primeira não me importei, mas assim que a vi entrando no carro e dando partida saindo de lá, eu percebi o quão fudida eu estava -

Seria perigoso voltar pra casa a pé, mas seria mais perigoso ainda se eu resolvesse pedir carona, e um cara estranho tivesse a chance de me estuprar então resolvi ir andando. Já estava longe, não escutava mais a música alta, não havia ninguém nas ruas e o único barulho que eu escutava era a minha respiração calma e o barulho dos meus saltos batendo contra a calçada, minhas pernas já estavam doloridas, parei por um segundo e tirei meus saltos os levando na mão.

Sabe quando você tem a sensação de estar sendo seguida? Eu estava com essa sensação, e já começava a me arrepender de ter descartado a ideia de pegar carona com um estranho, comecei a andar mais rápido, foi quando escutei passos fortes atrás de mim, não ousei olhar pra trás, então sem pensar duas vezes comecei a correr como se minha vida dependesse disso, e no momento realmente dependia, a pessoa que me seguia começou a correr, e ela era bem mais rápida que eu, pois em segundos ela me alcançou puxando meu braço:

- Quietinha, está na hora de acertar as contas com o chefe! - a voz masculina sussurrou em meu ouvido, eu não fazia ideia do que ele estava falando, quando ia questionar uma van preta parou ao nosso lado e ele colocou um pano em meu nariz, fazendo com que eu apagasse em segundos.

Abri meus olhos devagar, vendo que ainda estava na van havia um homem sentado ao meu lado e outro estava dirigindo, logo paramos em frente a uma boate, e pelo que eu sabia aquela era uma das melhores boates de Atlanta, saímos da van e um homem alto começou a me puxar pra dentro da boate, eu não falava nada, estava assustada demais pra dizer qualquer coisa, assim que entramos a boate estava cheia, o que nos fazia passar com dificuldade entre as pessoas, subimos uma escada que provavelmente dava na área vip da boate, passamos pela porta que algumas pessoas entravam e seguimos um corredor, paramos em frente a uma porta e o homem bateu duas vezes esperando permissão para entrar.

A porta foi aberta por um homem loiro dos olhos azuis, ele nos deu espaço para que pudéssemos entrar, o homem que me segurava apenas me empurrou pra dentro da sala e saiu junto com o loiro dos olhos claros, olhei ao redor observando aquele escritório e olhei pra cadeira que estava virada de costas pra mim, minha respiração começou a acelerar, eu sentia meu nervosismo aumentar cada vez mais, a cadeira começou a se virar lentamente me dando a visão de um homem loiro dos olhos castanhos claros, sua expressão era séria e assim que seus olhos se direcionaram a mim ele abriu um sorrisinho malicioso:

- Finalmente vou ter a honra de conhecer a garota que está me dando prejuízo de uns tempos pra cá - escutei sua voz debochada o que me fez o olhar confusa -

Ele se levantou e andou até a parte da frente de sua mesa, me fazendo dar um passo pra trás, ele riu baixo e me olhou cruzando seus braços.

- Você está achando que pode usufruir da minha mercadoria e não pagar nada Forbes? - então era a ele que eu estava devendo, e como ele sabia meu nome? Estou sentindo que eu estou muito ferrada -

- Já disse que eu vou pagar, eu só não tenho o dinheiro agora - disse em uma tentativa falha de me explicar -

- Você não tem o dinheiro a um bom tempo garota, acha que eu sou idiota? - ele disse se alterando -

- Eu não posso tirar uma quantia tão grande do meu pai, ele vai estranhar! - sim, meu pai não sabia que a filha dele usava drogas, e eu pretendia fazer com que isso continuasse assim -

- Não me interessa o que seu pai acha vadia, eu só quero saber do meu dinheiro, você já demorou um bom tempo pra me pagar. - ele disse dando a volta na mesa voltando a se sentar em sua cadeira - vai ter que me pagar de outro jeito - ele disse me analisando, o que me fez pensar com o que, em que lugar e de que forma ele iria me matar - você irá trabalhar pra mim até pagar toda sua dívida, e quando pagar eu te deixo ir - ele disse sorrindo fraco enquanto me olhava -

Eu não tinha outra saída, era melhor eu pagar trabalhando pra ele do que pagar com a minha vida.

- Tudo bem, isso vai ser um contrato, só não vamos ter folhas pra assinar e comprovar nada, me da a sua palavra que vai me deixar ir quando eu pagar toda a dívida? - o olhei esperando pela resposta -

- Claro, sou um homem de palavra Forbes! - ele sorriu me olhando -

Claro que eu iria ficar e pagar minha dívida, mas acho que ele não se importaria de receber só metade do dinheiro, eu daria um jeito de sair daqui o mais rápido possível.

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