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Quando o amor acontece

Marcela

Tomo uma respiração funda, antes de transpor os portões da escola. Quando já estou dentro, ajeito minha mochila no ombro, e sigo para sala do diretor. Sei exatamente o caminho, por já ter vindo com meus pais, conhecer o estabelecimento. Como me agradou, resolvemos optar por este instituto.

Estou cursando a oitava série, nos mudamos para a cidade de Garanhuns — Pernambuco há mais ou menos três dias. Antes mesmo de mudarmos, já havíamos estabelecido o local que terminaria o ano letivo.

Chegando à sala do diretor, entrego um papel à secretária. Ela lê e olha-me com um sorriso.

— Bom dia, Marcela. Seja bem-vinda. — ela diz.

— Obrigada. — sorrio um pouco tímida.

Levantando-se da mesa, pede para que a acompanhe, pois me conduzirá até minha sala. Com passos inseguros, sigo pelo corredor, que constato esta repleto de estudantes, todos devidamente ambientados e inseridos em seus grupinhos, onde aqui e ali param a conversa animada apenas para observar a aluna nova. Alguns falam com a secretária, e escuto-os a chamando de Flávia.

Ao chegarmos à sala de aula, vejo que têm poucos alunos. O ambiente é enorme em comparação a minha escola anterior, e as paredes aqui, são pintadas em duas cores, a metade inferior, parece ser uma tinta plástica, na cor azul. Penso que deve ser para evitar rabiscos dos discentes. A metade superior é branca – traz uma sensação de calma... As carteiras estão colocadas em nível, o que permite aos alunos que costumam ficar no fundo ter a visão completa do tablado com quadro branco na parede.

Flávia aperta meu ombro delicadamente, como se estivesse me desejando boa sorte, então entro na sala. Segurando as alças da mochila, procuro uma carteira, que eu não fique no fundo, nem na frente. Acabo optando sentar ao lado da janela, que é praticamente no meio da sala.

Desloco a mochila, colocando-a na mesa, e enquanto o sinal não toca retiro minha pequena Bíblia, e abro onde havia parado a leitura na noite anterior, insisto na apreciação do livro, mesmo com o barulho das conversas da sala e o do corredor, consigo ler alguns versículos.

— Bom dia turma. — o professor fala, adentrando à sala, carregando uma mochila nas costas e alguns papéis na sua mão.

Todos os saúdam com bom dia, até mesmo os que entraram após sua chegada. Guardo a minha Bíblia, e me ajeito na cadeira. Uma garota para ao meu lado, olho para cima e percebo que ela está me encarando de forma muito contrariada. Quando vou perguntar o que foi. O professor fala por mim:

— Algum problema Luciana?

— Sim, Natan. Essa garota está sentada no meu lugar.

Ajeito meus óculos que acabou escorregando um pouco para o meu nariz, e me preparo para me levantar, quando estou saindo do lugar, uma mão no meu ombro me faz parar.

— Fique aí. — uma voz masculina diz.

Fico estática, me sentindo meio idiota, minha primeira hora na escola, já estou no meio de uma confusão.

— É o que Pietro, vai bancar o defensor agora? — Luciana diz usando um tom de quem está pronta para briga.

— Não, mas todos nós sabemos que há meses que você não senta aí. — Pietro rebateu. — O que você quer é tumulto. E ninguém está a fim disso agora.

Escuto risinhos de algumas pessoas da sala, pelo canto do olho vejo as pernas da Luciana balançando ferozmente.

— Você é um idiota Pietro.

Quando O Amor AconteceOnde histórias criam vida. Descubra agora