Prólogo

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 6 DE NOVEMBRO, 
HAWKINS, INDIANA.

Sob o céu estrelado que localizava a pacata e perdida cidadezinha de Hawkins, o grilar se fazia ouvir às portas de um prédio de concreto e espelhos, fortemente protegido por portões que delimitavam a propriedade. No alto do prédio, uma antena circular gigantesca fora pousada acima da fachada sóbria, assim como duas outras de metal, emparelhadas, que piscavam no topo de cada uma, como dois olhos vermelhos que cortavam o céu. 

Era o Laboratório Nacional de Hawkins, Departamento de Energia dos Estados Unidos. 

Muito pouco se sabia sobre aquele lugar. Os habitantes, na verdade, pouco se importavam. Ficava localizado na autoestrada que levava do centro da cidade até as casas mais afastadas. 

- Onde os caipiras moram - eles diriam. 

Se posicionava no meio do caminho, como um castelo tecnológico esquecido há muito. 

Em uma ala esquecida do subterrâneo, fora da visão de qualquer um, do alcance das fofocas da cidade minúscula, alguma coisa estava para acontecer. Não era apenas o zumbindo das lâmpadas do corredor, nem mesmo a cor verde-musgo que remetia à sensação de decomposição... Mas devido ao silêncio daqueles minutos, depois de uma grande comoção em uma das salas de experimentos, onde vários cientistas e o diretor daquele laboratório, o Dr. Breener estiveram. 

BAM! Foi a câmera de segurança do canto esquerdo corredor que registou quando uma das portas de ferro foi escancarada por um homem desesperado, atravessando a passagem aos tropeços, seguido pelo alarme estridente da antessala de onde tinha vindo. Dali, uma luz amarelada banhou o corredor com a sombra do cientista em fuga; porém, por pouco tempo. 

A ponto de cair a qualquer momento, o homem calvo, de meia-idade, provavelmente fumante há quinze anos, sacolejava com o crachá de identificação e pela bata branca, extremamente suada. Mal parava para respirar, arquejando como se em colapso, virando de um corredor para o outro, pois devia saber onde estava indo. 

E do que estava fugindo. 

Apostou ao lado de um elevador de carga e pressionou o botão da parede tantas vezes, olhando por cima do ombro e rezando para que aquela merda abrisse de uma vez. que achou, por um milésimo de segundo, que não conseguiria. 

Olhou uma, duas vezes para a outra ponto do corredor, onde uma sombra indiscernível engolia as paredes tomadas pela coloração doentia. Afundou o dedão no botão verde, em pânico, até levar um choque de realidade... quando o elevador de portas duplas finalmente chegou, deslizando para cima e para os lados. 

Ele mal esperou que o veículo terminasse de abrir passagem. 

Não tem ninguém comigo, sua merda!, gritou em pensamento, deslizando por baixo da porta. Rangeu os dentes com força, trêmulo, ordenando que ele voltasse a se fechar. Você está a salvo... Aquela coisa não vai aparecer agora...

O elevador continuava com as portas abertas, as luzes do corredor piscando, descontroladas, ao passo que a respiração dele se acalmava... A careca brilhava com a queda de energia. 

Ele encarou o lado de fora, esperando. 

As lâmpadas lembrava besouros irritados... 

Foi então que ele ouviu um gorgolejar gutural. Acima de sua cabeça. Moveu-se para encará-lo lentamente... 

Quando as portas finalmente se fecharam e o alarme se perdeu para a ferocidade de seu grito de horror, o cientista já havia sido erguido pela nuca. Como uma presa. 

STRANGER THINGS - PRIMEIRA TEMPORADAOnde histórias criam vida. Descubra agora