Apenas o Começo...

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A notícia do incidente no banheiro se espalhou na mesma hora. Aonde quer que fossemos,  os campistas apontavam para Percy e murmuravam algo sobre água de vaso sanitário. Ou talvez apenas olhassem para mim, que ainda estava bastante encharcada.
Eu mostrei a ele mais alguns lugares: a forja (onde as crianças, principalmente os filhos de Hefesto Deus da forja trabalhavam fazendo suas próprias espadas), a sala de artes e ofícios (onde os sátiros cobriam com areia a gigante estátua feita homenagealmente ao deus Pã) e a parede para escalada, que não era como uma parede de escalada comum esta, consisti em duas paredes que se sacudem violentamente, e deixam cair rochas, elas espalham lava e colidem uma com a outra se o Campista não alcançar seu topo rapidamente.
Finalmente nos levei de volta ao lago de canoagem, de onde a trilha levava de volta aos chalés.
– Tenho treinamento – disse secamente a Percy. – O jantar é às sete e meia. Você só tem de seguir Luke e o pessoal do chalé até o refeitório.
– Annabeth, desculpe pelos sanitários.
– Não importa.- eu respondi quase que indiferentemente.
– Não foi minha culpa.
Eu senti que acabei por o olhar com ar cético e acho que ele se deu conta de que sim, havia sido sua culpa. Ele, havia de algum jeito feito a água jorrar no banheiro. Não que parecesse entender como tinha conseguido tal feito, porem, eu tinha uma possível ideia de como, mas não a expressei.
– Você precisa falar com o Oráculo – Disse a Percy, em um momento de meus desvaneios, e depois acabei por moder a língua, eu sempre me intrometo onde não devo, sei disso, mas como já havia começado não via motivos para não continuar.
– Quem?- perguntou ele confuso.
– Não quem. O quê. O Oráculo. Vou pedir a Quíron.
Percy olhou instintivamente para o lago, como se espera-se que algo emergisse em sua superfície.
Nada emergiu, mas Percy pareceu por notar as naiades,  duas meninas adolescentes sentadas de pernas cruzadas na base do píer, cerca de seis metros abaixo da superfície do lago, elas vestiam- se como de costume,jeans e camisetas verdes cintilantes, e os cabelos castanhos a flutuar soltos em volta dos ombros enquanto os peixinhos nadavam por entre eles. Elas sorriram e acenaram como se conhecessem ele de longa data, quase como se fosse um amigo há muito perdido.
E ele ainda meio pálido com o susto que teve ao notar as garotas, e com ar de quem não sabia exatamente o que fazer, acenou a elas em retribuição ao gesto.

– Não as encoraje – eu adverti. – As náiades são flertadoras incontroláveis.
– Náiades – ele repetiu com aquele de idiota que não sabe nem o que comeu hoje mais cedo. – Já chega. Quero ir para casa agora.
Eu franzi as sobrancelhas.
– Você não percebe, Percy? Você está em casa. Este é o único lugar na terra seguro para crianças como nós.
– Você quer dizer crianças mentalmente perturbadas?
– Eu quero dizer não humanas. Não totalmente humanas, de qualquer modo. Meio humanas.
– Meio humanas e meio o quê?
– Acho que você sabe.
Ele não queria admitir no inicio quando encomtrei o acampamento eu tambem não quis.
– Deusas. – Ele soltou, como se a ficha finalmente tivesse caido. – Meio deusas.
Eu assenti.
– Seu pai não está morto, Percy. Ele é um dos Olimpianos.
– Isso é... loucura.
– Será? Qual é a coisa mais comum que os deuses faziam nas velhas histórias? Eles andavam por aí se apaixonando por seres humanos e tendo filhos com eles. Você pensa que eles mudaram os hábitos nos últimos milênios?
– Mas isso são apenas... –  Se ele disser "mitos ou lendas" eu afogo ele no lago. – Mas se todos aqui são meio deuses...
– Semideuses – Corrigi – esse é o termo oficial. Ou meio-sangues.
– Então quem é seu pai?
Eu estava segurando a balaustra e minhas mãos a apertaram automaticamente. Eu não creio que ele tocou no assunto do meu pai, vou afogar esse muleque pensei comigo mas respondi mesmo assim.
– Meu pai é um professor em West Point. Não o vejo desde que era muito pequena. Ele ensina História Americana.
– Ele é humano.
– O quê? Está pensando que tem de ser um deus homem encontrando uma mulher humana atraente, e não o contrário? Sabe que isso é machismo? - afogar o cabeça de alga esta se tornando prioridade como pode tantos vacilos virem de uma pessoa sô?
– Então quem é sua mãe?
– Chalé 6.
– O que significa?
Eu endireitei o corpo sempre tive orgulho de ser filha de quem eu sou.
– Atena. Deusa da sabedoria e da guerra.
Percy assentiu.
– E meu pai?
– Indeterminado – Respondi – como eu lhe disse antes. Ninguém sabe.
– A não ser a minha mãe. Ela sabia.
– Talvez não, Percy. Os deuses nem sempre revelam sua identidade.- Eu não queria lhe dar falsas esperanças, não seria bom pra ninguem.
– Meu pai teria revelado. Ele a amava.
– Talvez você esteja certo. Talvez ele vá enviar um sinal. Esse é o único modo de saber com certeza: seu pai tem de mandar a você um sinal reclamando você como filho. Às vezes isso acontece.
– Quer dizer que às vezes não acontece?
Corri a mão pela balaustrada incessantemente.
– Os deuses são atarefados. Eles têm uma porção de filhos, e nem sempre... Bem, às vezes eles não se importam conosco, Percy. Eles nos ignoram.
Pensei nas crianças de Hermes, e confesso que me incomodou a maioria são da minha idade, adolescentes mal-humorados e deprimidos, ali jogados para um Deus qualquer esperando um chamado dos seus progenitores, chamado que provavelmente nunca viria.
– Então eu estou encalhado aqui. É isso? Pelo resto da minha vida?
– Depende – Eu disse.– Alguns campistas só ficam no verão. Se você é filho de Afrodite ou Deméter, provavelmente não é uma força realmente poderosa. Os monstros podem ignorá-lo, e então você pode se arranjar com alguns meses de treinamento de verão e viver no mundo mortal pelo resto do ano. Mas, para alguns de nós, sair é perigoso demais. Temos de ficar o ano inteiro. No mundo mortal, atraímos monstros. Eles percebem nossa presença. Vêm nos desafiar. Na maioria das vezes eles nos ignoram até termos idade suficiente para causar problemas – cerca de dez ou onze anos, mas depois disso muitos dos semideuses vem para cá ou são mortos (Pensei em Thalia e seu Pinheiro). Alguns conseguem sobreviver no mundo exterior e se tornam famosos. Acredite, se eu lhe contasse os nomes, você os reconheceria. Alguns nem sequer se dão conta de que são semideuses. Mas poucos, muito poucos são assim.
– Então os monstros não podem entrar aqui?
Sacudi a cabeça em negativa.
– Não, a não ser que sejam intencionalmente mantidos nos bosques ou convocados por alguém de dentro.
– Por que alguém ia querer convocar um monstro?
– Para prática de lutas. Para pregar peças.
– Pregar peças?
– A questão é que as fronteiras são fechadas para manter os mortais e os monstros de fora (pensei em Thalia e seu sacrifício). Do lado de fora, os mortais olham para o vale e não veem nada de inusitado, apenas plantações de morangos.
– Então... você é uma campista de ano inteiro?
Assenti. E mostrar meu colar de Contas, cinco ao total uma pra cada ano em que estive no acampamento. Ele é exatamente como o de Luke e o de outros campistas, exceto pelo anel de ouro de faculdade pertencente a meu pai.
– Estou aqui desde que tinha sete anos – eu o expliquei mesmo que não fosse necessário senti vontade de contar um pouco mais de mim a ele. - Todo mês de agosto, no último dia da sessão de verão, a gente ganha uma conta por sobreviver mais um ano. Estou aqui há mais tempo que a maioria dos conselheiros, e eles estão todos na faculdade.
– Por que veio tão jovem?
Ela girei o anel em meio às contas, não gostava deste assunto.
– Não é da sua conta.
– Ah. – Ele respondeu e se calou. – Então... Eu poderia simplesmente sair andando daqui agora mesmo, se quisesse?
– Seria suicídio, mas você poderia, com a permissão do Sr. D ou de Quíron. Mas eles não dariam permissão até o final do verão, a não ser...
– A não ser?
– Que lhe seja concedida uma missão. Mas isso dificilmente acontece. Na última vez...
E a minha voz sumiu não consegui terminar, não podia. Na última vez de uma missão foi quando perdi Thalia e aquilo era demais pra mim mesmo 5 anos depois, eu ainda não conseguia tocar no assunto.
– Antes, quando estava doente no quarto – Percy puxou outro assunto acho que percebendo meu leve desconforto. – quando você me dava de comer aquela coisa...
– Ambrósia.
– É. Você me perguntou algo sobre o solstício de verão.
Contrai os ombros, isso significa que ele recorda do que lhe falei.
– Então você sabe alguma coisa?
– Bem... não. Na minha antiga escola, ouvi por acaso Grover e Quíron conversando sobre isso. Grover mencionou o solstício de verão. Ele disse algo sobre não termos muito tempo, por causa do prazo final. O que isso queria dizer?
Apertei os punhos, era um impulso de batalha.
– Eu gostaria de saber. Quíron e os sátiros sabem, mas não contaram para mim. Algo está errado no Olimpo, algo muito importante. Na última vez em que estive lá, parecia tudo tão normal.
– Você esteve no Olimpo?
– Alguns de nós, campistas de ano inteiro... Luke, Clarisse, eu e poucos outros... fizemos uma excursão durante o solstício de inverno. É quando os deuses fazem sua grande assembleia anual.
– Mas... como chegou lá?
– Pela ferrovia de Long Island, é claro. Você desce na Estação Penn. Empire State, seiscentésimo andar – eu o olhei como se achasse estranho ele não saber e eu realmente achava. – Você é nova-iorquino, certo?
– Ah, com certeza.
– Logo depois da visita – continuei – o tempo ficou esquisito, como se os deuses tivessem começado a brigar. Uma ou duas vezes desde então, ouvi sátiros conversando. O máximo que pude deduzir é que algo importante foi roubado. E, se não for devolvido até o solstício de verão, vai haver problemas. Quando você veio, eu estava esperando... quer dizer... Atena pode se entender com qualquer um, a não ser Ares. E, é claro, ela tem uma rivalidade com Poseidon. Mas, quer dizer, fora isso, pensei que poderíamos trabalhar juntos. Pensei que você pudesse saber alguma coisa.
Ele sacudiu a cabeça. Pareceu tão triste quanto eu por não saber de nada, e até meio culpado por não conseguir me ajudar.
– Preciso conseguir uma missão – murmurei mais pra mim mesma que pra ele ouvir. – Eu não sou jovem demais. Se eles ao menos me contassem qual é o problema.
O cheiro da comida começou a inundar o ar próximo ao píer, acabei deduzindo que Percy deveria estar com fome, por isso o mandei ir na frente e disse que o alcançaria depois. E ele foi me deixando sozinha com meus pensamentos, estava correndo o dedo pela balaustrada desenhando meu plano de batalha, e eu o colocaria em pratica, na caça bandeira daquela sexta.
É apenas questão de tempo, mas vou conseguir a missão que mereço tanto quanto anseio por ela.

Herdado de Athena ♡Onde histórias criam vida. Descubra agora