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Praia. As ondas alcançando as margens aos poucos mas fortes. Allsburg, além de ser uma cidade calma, possui uma praia.

Sábado, sol de janeiro, verão. Nada melhor do que olhar para a paisagem e ler um bom livro lá depois daquele episódio ontem.

Ao sair de carona com mamãe do bairro em que vivo, na mesma estrada que leva até a Clínica Rancho Feliz, a placa verde indica que, à esquerda, o caminho levará até a Praia Cardumes. É onde vamos, contemplando as montanhas e a vegetação local.

Ao chegar em meu destino, agradeço mamãe pela carona e, despedindo-se, deixo que ela vá até o supermercado.

O sol, com seus raios ofuscantes incendeiam os meus olhos. A metáfora que sempre uso é a de que sempre que houver sol, as trevas serão vencidas.

Logo tiro a canga que cobre meu biquíni branco. Apenas uso a parte superior e um short que vai até um palmo a cima de meus joelhos.

Alcanço a bolsa de pano que contém meus acessórios, o protetor solar, um sanduíche de frango, meu celuar, um vestido com um tecido fino lilás e é claro, o livro que estou lendo.

Passo o protetor em meus braços e pernas. A consequência de não usá-lo? Bolhas e mais bolhas e, de bônus, muita dor.

Pego o livro.
Estou na parte em que Marley e seu dono estão na praia. E justamente estou aqui, agora.

Leio e observo as ondas a minha frente. O barulho e a espuma.

Como são nove horas, vejo poucas pessoas. A maioria são corredores e pessoas que gostam de caminhar.

Enquanto leio, devoro o sanduíche de frango.

Depois de um tempo, resolvo deitar um pouco e receber um banho de sol. Estou precisando. Risos.

Gosto muito de vir à praia pois o tempo aqui parece quase que parar. O vento impetuoso me agrada, bagunça meus cabelos e o cheiro de amêndoas rouba a cena.

-Ah. Pega essa bola. -Ouço uma voz familiar.

-Ganhamos mais um set! -Dessa vez é uma voz feminina que consigo ouvir.

Levanto protegendo meus olhos do sol e vejo um amigo de trabalho jogando vôlei de praia com mais cinco pessoas. Gean está sorrindo para mim.

Ele acena e eu retruco. Vejo que está feliz com seus amigos e isso me deixa igualmente alegre.

Vou até eles e, como não pretendo jogar, só observo.

-Joga, Emma. -Gean insiste.

-Não, obrigada. Estou bem. -Falo cruzando os braços e sorrindo.

Observo Gean e seus cabelos castanhos claro. A sua pele é bem clara como a minha, o que faz eu pensar o quanto de protetor solar ele teve que usar também.

-Esses são meus amigos de infância. Cecília, Pablo, Pilar, Jonas e Mayra. -Ele aponta para eles à medida que fala.

Pablo e Pilar são negros. Amo a cor deles. Fico revoltada quando presencio cenas de preconceito. O cabelo de Pilar é longo e cheio de cachos. Pablo possui o cabelo curto e olhos castanhos escuros. Pilar tem impressionantes olhos verdes que destacam seu rosto juntamente com o batom vermelho que usa.

Mayra é descendente de indígenas. O seu cabelo negro intenso e liso é o que chama atenção. Ela usa um brinco com penas verde e azul.

Cecília e Jonas são loiros.

Cecília possui grandes olhos azuis que com os raios do sol, recebem um brilho e que potencializa a tonalidade.

Jonas, olhos pretos e estatura alta assim como os demais.

Emma e o Quarto Secreto Onde histórias criam vida. Descubra agora