Por mais que houvessem muitas nuvens no céu, era notório os raios solares indicando que mais um dia começara, a chuva fina caía sobre as ruas de São Paulo deixando a capital em um tom monótono de cinza, onde apenas os faróis dos carros eram diferentes do resto da paisagem.

  Do pequeno mas confortável quarto de seu apartamento, Laura, uma jovem garota levantou-se para começar mais uma vez o que sempre fazia durante os dias da semana.

Trabalhar.

  A garota recém-formada em economia e que estava a graduar-se em gestão de empresas auxiliava seu pai na administração de sua indústria farmacêutica, mas este era o ramo da família e não o que Laura tomou por caminho.

  A jovem não foi criada em um berço de ouro, pelo contrário, apenas nos últimos anos de sua puberdade ela pôde ser chamada de filha de um grande patrão. Seu pai não foi um homem estudioso e cheio de recursos, mas sim alguém de sorte, por acompanhar a rotina do trabalho farmacêutico e anos de experiência, o antigo dono passou a administração da empresa para ele.

  Laura não conheceu sua mãe, sua progenitora faleceu antes que tivesse ao menos a chance de segurar a bebê em seu colo, algo que influenciou muito em seu crescimento e desenvolvimento.

  A garota de vinte e três anos de idade deixava sobre o criado-mudo que havia ao lado de sua cama uma fotografia de sua falecida mãe, Helena. Todos os dias Laura olhava para o pequeno retrato, por mais que fosse alguém que nunca conhecera, era a sua mãe.

  Laura tomou seu banho matinal, como de costume, sempre reservava roupas no dia anterior para não precisar se preocupar com o que vestir. Em seu guarda-roupa se encontravam muitos tipos diferentes de peças, mas as prediletas da jovem sempre foram as mais simples.

⚊ Acho que não preciso focar muito nestas coisas de moda, afinal, o frio nos permite vestir nossas bizarrices. ⚊ Disse enquanto segurava uma camisa social de cor branca. ⚊ Agora vou pegar um casaco antes que congele aqui.

  Logo a garota terminou de se vestir e foi procurar algo que iria preencher seu estômago naquela manhã fria de outono.

  Andou por sua simples cozinha até encontrar a cafeteira que ganhou de um amigo de trabalho, não havia nada que fizesse Laura feliz quanto o seu café de cada dia.

  Da janela de sua cozinha, pode observar que mais uma vez o seu dia seria banal e cinzento por conta do outono.

⚊ Espero que o pão não esteja duro... por favor, Deus. ⚊ falou consigo, enquanto pegava o saco de pães que comprou no dia anterior. ⚊ Muito obrigado!

  Rapidamente pegou uma faca e cortou o pão em vertical, abriu as metades e passou sobre elas um pouco de margarina. Levou as metades até uma frigideira e a colocou sobre uma das 5 bocas do fogão.

⚊ Esse com toda certeza é o melhor café da manhã de todo o mundo! Disse em um tom alto.

  Para uma garota que fora criada passando por algumas dificuldades, nada era melhor do que aquele café da manhã, nada neste mundo teria feito Laura pensar em suas raízes senão aqueles alimentos no seu início de dia.

  Logo saiu para ir ao trabalho, por mais que tivesse seu próprio automóvel, Laura costumava ir trabalhar à pé ou utilizando as linhas de metrô, seus costumes eram bem diferenciados de algumas pessoas.

  Na estação Tucuruvi, a garota foi em direção a bilheteria, a fila estava relativamente pequena. Laura não estava atrasada e nem se preocupava em atrasar-se no emprego, desde que ajudasse seu pai com as tarefas difíceis e burocráticas estava tudo bem.

  A garota pagou o seu bilhete e saiu andando com o mesmo em mãos, estava ouvindo músicas com seus fones de ouvido, cantava baixo algumas das canções enquanto caminhava lentamente até o embarque e desembarque do trem. Laura olhou a observar para o lado direito, onde duas pessoas conversavam e riam, era um homem e uma mulher, ambos estavam bem trajados, pareciam estar saindo juntos.

  Observando-os, tentava ler o que seus lábios diziam um para o outro, pareciam estar felizes, e provavelmente iriam ver algum filme no cinema do shopping acima do metrô.

  Os corpos do casal foram sumindo com o tempo, logo o casaco xadrez de cor vermelha do garoto e o sobretudo marrom da garota ruiva não estavam mais à vista.

  Laura acordou de seu devaneio quando o trem passou rapidamente à sua frente, percebeu que estava encostada sobre um dos pilares da estrutura da estação de metrô.
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⏰ Última atualização: Aug 11, 2017 ⏰

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