Capítulo único

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Sabe aquela matéria que você odeia, com a pior professora da escola? Conhece a sensação de estar preso nessa aula em plena sexta-feira? Eu estava enfrentando uma aula dessas.

Manter os olhos abertos às vezes pode ser a missão mais difícil do mundo. Principalmente quando a hora não passa e você tem coisas mais importantes para se preocupar, como um lobisomem desconhecido que está causando mortes por toda a cidade.

A voz da professora de química era enjoada, irritante. Eu deixava minha cabeça desabar sobre a mesa e grunhia de insatisfação a cada instante, desesperado para sair daquela aula insuportável.

Será que um humano que passa vinte e quatro horas preocupado com seus amigos sobrenaturais não tem direito a um descanso? Minha vida nos últimos meses tinha se resumido a aulas chatas e perigos sobrenaturais, sem nada para me distrair!

Minha sorte só começou a mudar quando o meu celular vibrou no bolso.

Não tentei esconder da professora quando peguei o aparelho e coloquei na mesa. Ergui um pouco a cabeça, apoiando por cima dos braços e sorri automaticamente ao ver o nome "Lydia Martin", brilhando na tela de bloqueio.

"Qual aula? ", era o que dizia a mensagem de Lydia.

" Por causa da detenção fui obrigado a assistir química", respondi logo em seguida.

Comecei a bater os dedos de forma distraída na mesa. Olhava descaradamente para o celular, esperando uma resposta de Lydia. A cada dia que passava essa garota me enlouquecia mais.

Eu já não estava com Malia há meses e de alguma forma, isso me dava esperanças de um dia Lydia me dá uma chance. Mas a culpa dessa minha ilusão era da própria Martin!

Semanas atrás, um ser sobrenatural desconhecido ficou descontrolado na lua cheia. Com meu típico azar, acabei me tornando refém do homem maluco com todo o corpo coberto por algo que parecia escamas de peixe.

Lydia entrou em desespero quando eu levei uma bela surra do homem. Ela me defendeu como se fosse um super-herói e depois me beijou. Sim! Ela me beijou. Dá para acreditar?! Deu um beijo em mim na frente de toda a alcateia e até mesmo do meu pai.

O mais inacreditável disso tudo? Foi um beijo de língua. Molhado, gostoso. Eu desfaleci diversas vezes naquele beijo. Mal consegui corresponder por causa do nervosismo e nem sei como consegui sobreviver depois de sentir a língua de Lydia Martin dentro da minha boca.

Como eu esperava, Malia não se importou nenhum pouco com aquele beijo. Ela apenas me perguntou se nós íamos começar a namorar ou se Lydia agora gostava de mim. Não tive respostas para essas perguntas.

Foi apenas um beijo, eu sei, porém não consigo acreditar que não significou nada. Afinal, foi na frente de todos e ela não teve nenhuma vergonha, não se importou de que todos vissem.

No fundo, apesar de todas as mudanças de Lydia, eu sempre achei que ela ainda tivesse vergonha de mim. Sim, nós nos tornamos melhores amigos, mas ainda assim, a ideia dela não se importar de demonstrar afeto por mim parecia surreal.

Depois daquele dia, não aconteceu mais nada entre nós. Não teve selinho, roçar de mãos ou qualquer atitude por parte dela que me enchesse de esperança de seus sentimentos terem mudado.

No entanto, alguma coisa mudou. As atitudes continuavam as mesmas, mas tinha algo em seus olhos ao me olhar. Algo que antes não existia na íris verde.

"Que saco! ", Lydia finalmente respondeu a mensagem.

" Eu sei", respondi rápido demais, tendo a certeza de que ela demoraria para visualizar minha mensagem. Ao ver que ela visualizou logo em seguida, não resisti e falei novamente: "E você? Qual aula? "

Como distrair Lydia MartinOnde histórias criam vida. Descubra agora