Ele é Saturno. E eu gosto disso.
Ele é Saturno, apesar de ser terroso.
Ele é Saturno porque na escuridão limpa da noite ele é confundido com uma simples estrela.
Ele é Saturno pois na primeira vez que o vi me encantei com seus anéis naturais.
Ele é Saturno porque quanto mais tento compreendê-lo, menos entendo.
Ele é Saturno porque não é sempre que consigo vê-lo. E eu gosto disso, gosto dessa maturidade, gosto desse jeito, gosto dessa distância, gosto e gosto. Do verbo transitivo indireto gostar: achar agradável, sentir prazer em; amar, apreciar. Simples assim. Eu gosto de Saturno.
E enquanto ele é Saturno, eu sou Lua.
Aquele satélite natural que as pessoas dizem admirar. Que é tão branco quanto leite. Que ilumina a noite das pessoas e observa todas as juras de amor feitas.
Contudo, o que ninguém sabe é que por trás dessa branquidão, desse tamanho perfeito, dessa iluminação, a Lua não é lá tudo isso. Quando a fitam por um telescópio ela se mostra esburacada, sem graça, entediante. Eu não gosto de ser Lua
E ao passo que ele é Saturno e eu sou Lua, ela é Júpiter.
Eu sei que eu não posso lidar com um planeta, afinal, sou apenas mais um satélite natural que nunca conseguirá se aproximar de Saturno. Por mais que eu tente, por mais que eu queria.
E eu quero, quero muito, demasiado. Quero tanto que tenho medo de explodir. Quão divertido seria ver a Lua explodir? Ah, mas ela já é cheia de buracos causados por pequenas explosões, não será nada novo. Será apenas mais uma criancice da Lua que não é madura como Júpiter. Porque Júpiter é diferente, porque Júpiter é legal, é encantadora, é um planeta. E a Lua não.
Ele é Saturno porque, apesar de estar no mesmo sistema solar, é inacessível a Lua.
É inacessível a mim.
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Saturno
PoetryEle é Saturno porque, apesar de estar no mesmo sistema solar, é inacessível a Lua.