Jonathan Morningstar. (Dominic Sherwood)
Marylin Lightwood (Barbara Palvin)Talvez alguém nesse imenso paradoxo que é o mundo se pergunte... Por onde anda o rei do inferno? Talvez não seja ele, Lúcifer, mas sim qualquer um dos seres que vagam por aqui. O nosso diabo tem um nome bem específico por aqui, Jonathan Morningstar. Um tanto charmoso para alguém que repudia sentimentos. Ele caminha neste momento pelas ruas de Londres, buscando vítimas de seus truques baratos.
Com aquele modo de andar, as mãos no bolso e o sorriso de lado. Imune a qualquer demonstração de afeto ou carinho, ele só quer curtir a vida. Mal sabe você que o mal em pessoa deve estar caminhando ao seu lado. Não direi que ele é de todo o mal, é claro. Ama sua família acima de tudo, ou quem sobrou dela, sua mãe. Se recusa a dizer a qualquer um o que aconteceu, ou derramar uma lágrima sequer por isso. No caso dele, a dor nunca precisou ser sentida.
Qualquer contato físico, a não ser pelo sexo ou uma briga, lhe causa raiva de uma maneira que ninguém poderia explicar. Esconde-se atrás de uma cortina de ferro contra humanos? Saberemos ao decorrer de tudo isso, ou não... Alguns mistérios precisam ser mantidos. Me pergunto o que aconteceria se Jonathan se apaixonasse, algo improvável até demais, mas quem sabe uma moça de coração puro o fisgue? Não, não e não... Não funciona assim por aqui, pessoas boas acabam esganadas.
Acendeu um cigarro com a calma de que qualquer um duvida, e levou o pequeno pedaço de "papel" a boca, logo soltando a fumaça e voltando a caminhar pelas calçadas vazias de Bayswater. Onde será que alguém como Jon moraria? Isolado de todos em uma mansão? Talvez você tenha se enganado profundamente ao pensar que sim. O alto e altivo loiro, mora em um pequeno apartamento antigo, prefere ser discreto, porém suas festas acabam chamando atenção da vizinhança inteira.
Por lá todos sabem, uma mulher a cada dia, todas elas saem machucadas, o charme de Jonathan parece dispertar as mais profundas paixões. Não se engane em achar que você não vai se abalar, ou acreditar que ele é apenas mais um homem bonito... Porque ele é mais do que isso.
Bateu os pés três vezes antes de entrar no local e ignorou o porteiro apenas subindo para o lugar de cinco cômodos, passa bem despercebido para a morada de alguém que nunca teve de ouvir algo da tia nos jantares em família do tipo "e as namoradinhas?"
O local é dotado de uma porta grande de vidro e ao entrar podemos visualizar a enorme sala de estar que dispõe de uma TV que ocupa a parede toda e um piano centralizado ao lado do antigo sofá de veludo que herdou se sua família.
O piso é estranhamente negro e brilhante, normalmente está sempre lotado de roupas intimas, e é claro que não são as dele. Se sentou no banco do piano observando todas aquelas teclas, sem saber nem mesmo o nome de cada uma delas. Ele gostava apenas de observar aquela grande geringonça de madeira.
Revirou os olhos quando o tédio comunal o arrebatou e nocauteou de maneira rápida e certeira, talvez o único sentimento que o fazia se sentir sem rumo, decidiu ali que queria brincar com alguém, como uma bola ou um carrinho de controle remoto.
Andou em passos largos, um após o outro até o banheiro de seu quarto e em frente ao enorme espelho, ajeitou sua gravata azul escuro, passou a mão pelos cabelos negros e logo se despiu para adentrar um banho quente e demorado, até a água parecia querer estar fora de seu caminho. É como uma maldição, qualquer coisa tocada por ele, se destrói em pouco tempo.
O cair da noite denunciou os olhos mais do que abertos de nosso querido Jon, a dias não consegue dormir, sente um vazio no peito, como se algo faltasse, mas ele se nega a admitir que lhe falta amor e carinho... Pra ele, a única coisa que irá o preencher é sexo e bebida.
Se formou na faculdade de administração a três anos atrás, uma perda de tempo, já que odiava e superava qualquer um da academia, sejam eles quem forem. Vinte e três anos e o coração mais frio da terra, poderia se dizer assim, e não há exageros em minha fala, em todo esse tempo, Jonathan nunca nutriu sentimentos por ninguém além de si mesmo.
Jogou a pequena parte restante do cigarro no cinzeiro ao lado da cama e se levantou majestosamente nú, caminhando até o enorme closet cheio de ternos e qualquer outra roupa que se pudesse imaginar. Colocou suas roupas comuns, uma camisa branca e seu blazer da cor preto. Amarrou sua gravata azul em torno do pescoço com a enorme pratica de quem passou muito tempo fazendo isso.
Saiu da casa com as mãos no bolso e balançou a cabeça dando um sorriso falso ao ver a sindica do prédio, uma simpática necessária já que ali era o único lugar onde o aceitavam sem pestanejar. Parou no café mais sutil da rua e se sentou na mesa ao fundo do estabelecimento, observando apenas a entrada e saída de todas aquelas pessoas tolas e insignificantes em sua visão egocêntrica.
Uma pessoa especial chamou sua atenção, conseguiu reconhecer o mesmo sorriso de sua mãe na garota de cabelos castanhos que adentrou o café e se debruçou no balcão sorrindo abertamente e conversando com a atendente. Ela se virou rapidamente para se sentar e seus olhos pairaram sobre ele, ela deu um sorriso ladino, como o mesmo costumava andar e ao invés de fazer o que planejava, a garota apenas saiu da lanchonete em passos rápidos.
Jonathan conseguiu reconhecer o desafio em seus olhos, e ele gostou disso, na verdade ela seria uma ótima peça para o jogo que ele queria jogar. Um enigma. Tão doce quanto o mel... Tão amarga quanto o féu. Arqueou a sobrancelha e deu um gole no café que a atendente acabara de lhe trazer, doce enigma conhecido por dois sorrisos, ele decidiu te desvendar, e o diabo sempre consegue o que quer.
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O mal que o habita
RomanceNão há melhor maneira de conhecer o demônio, se não pela convivência... Ela tentou de tudo para se afastar dele, e ele tentou não machucá-la, mas não houve jeito, seus conflitos internos e seu passado sempre voltam para o assombrar.