Meus olhos estavam inchados, tinha muitas pessoas ali, todas tão tristes ou fingindo estar apenas por consideração. O preto predominava naquele ambiente, nenhuma outra cor se destacava, o céu tinha perdido a cor para mim, eu estava abalada. Quanto mais eu lembrava, mais eu chorava.
Minha mãe tinha acabado de morrer, eu presenciei ela morrer, eu vi todas as tentativas que meu pai fez para salvá-la mas isso não impediu que o câncer se alastrasse pelo seu corpo.
Minha mãe tinha pequenos tumores no fígado, o tratamento estava indo bem, os tumores diminuíam de tamanho a cada dia. Isso era ótimo, minha mãe tinha chances de cura.
Mas isso mudou, depois de um tempo, os tumores cresceram, e minha mãe teve que começar a usar peruca, mas isso não é o pior. O pior é: ela não estava apenas com câncer no fígado, ela estava com câncer nos ossos também, seus ossos ficaram fracos e qualquer movimento de alguma forma brusca, podia quebrar alguma parte do corpo dela.
Com certeza era o pior dia da minha vida, eu estava acabada. Ver minha mãe ali, naquele caixão tirava uma boa parte de mim, meus olhos já estavam vermelhos e marejados, já tinha chorado tanto que as lágrimas evitavam sair.
Vi meu pai perto do caixão, sério como sempre, mas eu via o quanto ele estava triste. Antes de liberarem o corpo da minha mãe, quando meu pai soube a notícia de sua morte, ele ficou a noite toda no quarto e eu ouvia soluços quando passava para ir na cozinha.
Meu pai não demonstra tristeza em público, ele apenas estava lá, com seu óculos escuros olhando para o corpo falecido da minha mãe.
Do outro lado da igreja que estava acontecendo o velório da minha mãe, vi a Madeline Lake, uma mulher bonita e além disso melhor amiga da minha mãe. Ela direcionou seu olhar para meu pai, se levantou e andou em direção a ele.
Era estranho ver pessoas que eu nunca conheci chorando. Minhas tias não tão próximas estavam tentando saber quem morreu, minhas primas estavam ocupadas demais mastigando chiclete e mexendo no celular para perceber que estavam em um velório.
A cidade de Bellevue é uma pequena cidade em Washington, então, quando uma mulher de alguém bem popular na cidade, vulgo minha mãe, morre ou sofre outra coisa, toda a cidade fica sabendo e faz de tudo para dar os tão falsos "pêsames".
É triste ver pessoas tão mesquinhas e falsas fingido que realmente se importa. A maioria dessas pessoas daqui a uma hora estarão fazendo um churrasco com música country no volume máximo.
Olhos para o vitral da pequena igreja e vejo que o sol está quase se pondo, cada vez mais a igreja vai ficando vazia, e fica ali quem realmente se importa.
Me levanto daquele banco de madeira escura que range a cada movimento que qualquer pessoa faz, e me direciono ao caixão de uma madeira marrom que parecia uma preto. O caixão tinha apenas um das "portas" abertas, as coroas de flores que tinham mensagens de amizade ou de saudades estavam sendo ignorados.
A cada passo que eu dava para perto do caixão meu coração apertava, um pedaço de mim era deixado para trás, eu nunca senti nada assim. Quando eu chego perto do caixão, todas as lágrimas que não desceram, começaram a correr livremente por minha bochechas. Minha mãe estava pálida e com os dedos entrelaçados. O cordão de esmeralda que eu dei para ela continuava em seu pescoço, ela estava de peruca e estava com a boca entreaberta.
Senti braços me abraçarem, virei meu rosto e vi o Alex, meu namorado. Ele era uma das poucas pessoas me dando apoio naquele momento. Eu precisava dele ali comigo.
Eu queria tanto que isso não passasse de um pesadelo, que quando eu abrisse os olhos minha mãe estava indo me acordar como sempre, toda vez que eu descesse para o café ela estaria me esperado.
Só de pensar em nunca mais vê-la ou ela me levar para escola, aquilo acabava comigo. Só eu sei o quanto eu a amava.
Eu quero tanto que ela volte.
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Vida Dupla
Lãng mạnSophie Quinn, tinha dezesseis anos quando sua mãe morreu, com certeza foi a pior notícia que ela recebeu em plena sala de aula. Sophie vivia com seu pai, Arnold Quinn, dono de uma empresa de envestimentos e super protetor. Sophie era estagiária...