;; O n e S h o t ;;

723 55 47
                                    

Dirigindo por entre as ruas da sua cidade, a sua velocidade permanecia entre os trinta e os quarenta quilómetros por hora.

Taehyung queria simplesmente relaxar um pouco o cérebro, e deixar os pensamentos fluirem através das gotas de água que iam caindo sobre o vidro do seu carro, devido à forte tempestade noturna que decorria no lado de fora. Possuia ainda alguns fios de cabelo encharcados, demonstrando que estivera a enfrentar o mau tempo minutos atrás. Os seus dedos agarravam com força o couro do volante, deixando marcas avermelhadas na pele. Não tinha um local específico como ponto de chegada, e seguia por ruas aleatórias, pensado apenas no que acontecera anteriormente consigo. Travava uma vez ou outra sem querer, e os seus olhos encaravam tristemente as linhas brancas no centro da estrada, despropositadamente mal desenhadas. Decidira não ligar o rádio com medo de estar a passar alguma música alegre – pois se ele estava depressivo, achava que merecia ficar assim até se sentir melhor.

Ainda podia ouvir os gritos dentro do apartamento de ambos. Desanimou-se ainda mais ao reconstruir todos os momentos na sua mente. Fora tão horrível que num momento a vira colocar as mãos nos ouvidos, para não ter de ouvir a sua voz. O estalo que recebera ainda doía na sua bochecha direita, e ainda sentia o frio de quando correu porta fora, com medo de ficar ainda mais irritado e dizer alguma coisa da qual se arrependeria depois. Mas a sua namorada seguira-o.

“Tae!” – ouvira pouco antes de entrar dentro do carro estacionado no passeio, molhando-se completamente na chuva por ter parado para a ouvir. Ela ainda vestia um pijama que ambos amavam, e sujava as pantufas em forma de coelhinho ao pisar numa poça de água, caminhando até ao Kim – “E-Eu... Meu deus, eu bati-te.” – Wheein sussurrou, tocando na pele machucada com a ponta dos dedos, timidamente – “T-Tae... Eu peço desculpa.” – desculpou-se com sinceridade, abraçando a cintura do namorado, e deixando escapar algumas lágrimas relacionadas tanto a arrependimento como a raiva pela discussão anterior – “Não era para isto ter acontecido...!”

“Não faz mal, amor.” – Taehyung retribuiu o abraço, acariciando o cabelo agora igualmente molhado e comprido da rapariga – “Só preciso de um tempo para pensar sozinho. Quando eu chegar, promete-me que vamos resolver tudo. Com calma.” –pediu com um beijo na testa, recebendo um aceno positivo da Jung, que escondia a cara no seu peito.

Entrou de seguida dentro do veículo, arrancando com toda a força e deixando para trás uma Jung Wheein plantada à frente de casa, vestida informalmente, ensopada e a derramar lágrimas que escorriam da sua face para se juntarem à chuva forte que provinha do céu negro e tapado por nuvens. Desolada, a mulher de cabelos castanhos volta para dentro do apartamento que partilha com o namorado, fechando a porta atrás de si, e chorando cada vez mais, com soluços fortes e lamentações altas. Gemendo de dor esfrega a cara com força, raivosa tanto das suas atitudes infantis como do Kim. Pensa em como foi idiota por ter chegado ao ponto de lhe bater, ferindo mais os seus sentimentos do que o seu corpo. Nunca antes haviam levantado a mão um ao outro, partindo para a violência.

Não acreditava que conseguiria algum dia zangar-se tanto por uma coisa tão "fútil" com Taehyung, o amor da sua vida – aquele que nunca pensara sequer em magoá-la, naqueles últimos dois anos de namoro.

Mas Wheein estragara tudo. E mesmo ela sendo daquela maneira bruta, ele continuou carinhoso até ao fim, independentemente de ter fugido no seu carro. Ainda que a tivesse deixado sozinha no meio de tanta confusão.

Tudo começou quando Taehyung abriu a boca sem querer. Wheein descobrira que o seu namorado apoiara a traição que Namjoon – o melhor amigo do Kim – fazia com Hyejin – a melhor amiga da Jung. Revoltada e indignada com aquela descoberta, ela quis saber como é que ele conseguia sequer estar do lado do melhor amigo; traição, para os dois, era algo inadmissível. Mas o mais novo apenas dissera que se Namjoon não gostava mais da Ahn, e tinha pena de terminar a relação, não tinha mais escolhas sem ser a trair. E aquelas palavras iniciaram a tal discussão.

O Kim, agora a conduzir, refletia tudo o que fizera. Estava errado, por tantos motivos: apoiara um acto mal feito do amigo, magoara tanto a Hyejin como a sua própria namorada, e ainda gritara com esta última. Não era a Jung que estava incorreta, e sim ele. Era tudo tão claro, e ele fora cego pela amizade de anos que partilhava com Namjoon, colocando-se do seu lado sem ao menos pensar racionalmente.

“Como eu fui um filho da puta! Porra!” – irritou-se repentinamente, batendo com força no volante e consequentemente ativando a buzina, esquecendo-se que já era de noite – “Tenho de me desculpar com a Wheen... E fazer as pazes. Sim.” – murmurou para si mesmo, fazendo marcha atrás ilegalmente no meio da estrada deserta, colocando-se na faixa contrária para o realizar.

Em dez minutos estava de volta a casa, e às pressas saíra do carro, correra até à porta, não se importando mais do quão molhado e a pingar água estava. A chuva não era mais um problema, e ao ter a porta aberta, esta ficou quase inexistente, pois Wheein o atendera ainda a chorar desalmadamente.

“T-Tae...” – sussurrou ela, limpando as lágrimas com as costas da mão e a manga do pijama – “Eu não quero brigar... Não quero que fiques chateado comigo.” – ela abaixou o olhar quando ele entrou completamente dentro do local, fechando a porta atrás de si sem a deixar de encarar – “Eu amo-t-” – sem puder terminar o discurso que treinara antes de ele chegar, deixou-se ser interrompida pelas ações do Kim, sendo abraçada pelos braços largos e fortes do mesmo.

“Não digas nada, a culpa foi minha.” – ele fechou os olhos e encostou a cabeça dela contra o seu ombro – “Eu é que estava errado o tempo todo.” – ele voltou a fixar o seu olhar no dela, desta vez limpando com o polegar os olhinhos fechados e molhados pelas lágrimas da Jung – “Eu vou falar com o Nam. Fazer com que tudo fique bem. Vou também pedir desculpas à Hwasa. Ela não merecia aquilo que está a passar.”

“Eu sabia que tu não eras um insensível.” – a mais velha riu entre os soluços ainda chorosos, fazendo o outro franzir as sobrancelhas, curioso – “Tu és tão querido. Tão amável. Tão generoso.”– ela voltou a abraçá-lo, mesmo que ambos estivessem frios e húmidos de terem sido vítimas da tempestade – “Sempre confiarei em ti. Amo-te, Kim Taehyung.” – ele corou com todos aquele elogios, mesmo achando que não os merecia.

“Tu também és a pessoa mais perfeita que eu já conheci, Jung Wheein.” – o Kim fez um meio sorriso antes de depositar um beijo doce no canto da boca da namorada – “Nunca te quero perder. Peço desculpa por tudo. Também te amo.”

E ficaram assim, abraçados e a distribuirem beijos pela face um do outro, ensopados à frente da porta fechada, com o som violento da chuva lá fora. Sabiam que dali a minutos resolveriam estragar o clima, iriam tomar banho, deitarem-se juntos e fazer amor até amanhecer - então aproveitaram apenas os beijinhos inocentes ali trocados.

Por muitas brigas e momentos difíceis que ainda passariam juntos, estaria tudo no futuro.
E seriam dificuldades ultrapassadas pelos dois.

Isso é o que torna uma relação forte.

just love me again; wheetaeOnde histórias criam vida. Descubra agora