2 - Anabella

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Leio a carta dez vezes para ter certeza de que isso é real e não um sonho,vamos ser despejadas em 30 dias,olho para Karol que está sem palavras,com a cabeça baixa,não sei o que fazer,não temos dinheiro pra pagar o aluguel,a multa e continuar comprando os remédios da minha avó.

Me levanto e caminho até a janela minúscula na sala,até meu subconsciente está em silêncio com a cabeça baixa.

-O que vamos fazer agora?. Pergunta vovó.-É tudo culpa minha.

Me aproximo dela e me ajoelho a sua frente,seguro suas mãos e tento não chorar enquanto falo.

-Não vovó,nada disso é culpa sua,não pense isso por favor,vamos dar um jeito.

Me levanto novamente e começo a andar pela casa,a noite começa a esfriar,fecho a janela e a cubro com a cortina.

-Como Anabella?.Karol se levanta.

-Vamos dar um jeito, primeiro vamos comer e depois pensamos nisso,ainda temos 30 dias.Digo e vou até a cozinha,se é que posso ter a liberdade de chamar assim.

Preparo uma sopa de legumes, rápida,coloco alguns pedaços de pães que sobraram no café da manhã na mesa junto com o suco de manga brasileira.

Vovó e Karol se sentam ansiosas para comer,assim que a sopa está no ponto,coloco na mesa e nos servimos,pelo menos consegui arrancar um sorriso delas pela comida saborosa.

♀♂♀♂

Termino o dever de casa assim que o ponteiro do relógio bate o número 10,já são 10 da noite,vovó e Karol foram dormir mais calmas,o que me deixa aliviada.

Sozinha,agora eu tenho tempo para pensar,o que vamos fazer?

Não posso pedir aumento a IM,iriam me demitir na hora,nem posso pedir adiantamento do salário para tentar pagar uma parte.

Também não vou conseguir arranjar um segundo emprego,mal tenho tempo para a faculdade e o trabalho na IM.

Suspiro tentando não me irritar,meu inconsciente olha pra cima tentando ter uma ideia e nada.

Preciso falar com a pessoa que me mandou a carta,pego ela e olho o remetente.

Carlos Golveya.
Rua Street road, número 145,3 avenida.

Preciso falar com esse homem,preciso pedir mais tempo,explicar minha situação pra ele,talvez ele entenda.

Com um pensamento melhor,troco de roupa,visto meu pijama surrado e deito na cama, mas só consigo dormir às 2 da manhã.

O despertador tocar e minha vontade é de me esconder entre os lençóis,mas me lembro da faculdade e me levanto rapidamente,hoje eu irei falar com o senhor Golveya, espero que ele entenda meu lado.

Pedi pra Melissa me esperar meia hora depois do meu horário,e poder cobrir depois.

Visto minha calça jeans,uma camisa azul escura,prendo meu rebelde cabelo avermelhado em um rabo de cavalo,hoje ele não está tão comportado,mas não posso perder tempo.

Karol e vovó estão tomando café,beijo as duas e pego uma maçã para meu café,saiu e foi de cara com Jake,meu vizinho.

-Ah,minha melhor e mais bela vizinha.Sorri malicioso.

Dou um passo pra trás,agarro minha mochila e tento me acalmar.
Nunca gostei de Jake,desde que vim morar aqui ele tenta alguma coisa comigo.

Não o quero,sei que Jake trabalha pra mafiosos.

-Oi Jake,preciso ir.Digo e passo por ele,mas sinto sua mão agarrar meu braço.

-Ei,não vai me dar um beijinho?.Pergunta debochado.
Sorrio insegura e beijo sua bochecha e me afasto mais que depressa.-Um dia você ainda vai ser minha Anabella.

Com uma careta corro pelas escadas e só me acalmo quando chego a avenida.

♂♀♂♀

Assim que o sinal toda na faculdade,corro para pegar o ônibus que me leva a Street Road,me sento no meio e observo a paisagem mudar aos poucos.

Dentro de mim rezo para que o Sr.Golveya entenda a minha situação,não consigo imaginar eu e Karol e vovó na rua,sem ter onde morar.

Afasto esse pensamento quando chego a um prédio altíssimo,todo coberto por vidro tão escuro que não dá para ver quem está dentro,na fachada há um pequeno e discreto letreiro Advocacia Golveya.

Respiro fundo e caminho até a porta,entro e vou até a recepção,uma morena alta,de pele bronzeada sorri pra mim.

-Sim?

-Gostaria de falar com o senhor Golveya por favor.

-Marcou hora?

-Não.Respiro fundo.-Mas é um assunto urgente.

-Entendo.-Ela diz e tenho certeza que ela não entende.-Vou ver o que posso fazer por você, senhorita?

-Anabella Siena.Digo rapidamente.

Ela pega o telefone e parece ficar minutos ali quando na verdade são segundos.

-Parece que você teve sorte,o senhor Golveya está com tempo livre,venha comigo.

A sigo até os elevadores,entramos em um de número 3 e subimos até o último andar,ela me acompanha até uma porta metálica e a abre pra mim,sorrio nervosa e entro.

A sala é divina,suas paredes são toda em vidro e posso ter uma visão cheia de São Francisco,os móveis são de tons branco e marrons,me aproximo tímida e observo aquela beleza de sala.

Esta frio,dois ar condicionado estão ligados,ouço passos e respiro fundo.

Logo vejo o Sr.Golveya se aproximar e puta merda,ele não é nada do que eu imaginei, é muito melhor,está vestindo um terno preto com uma gravata cinza,seu cabelo castanho está bem arrumado,sua pele é bronzeada e seus olhos são de um verde intenso,me tremo inteira,o senhor Golveya que imaginei era bem mais velho e de cabelos brancos,não um jovem quase da mesma idade que eu.

-Senhorita Siena.Ele estende a mão e e me olha intensamente,rezo para não desmaiar na frente dele.

-Senhor Golveya.Digo num sussurro,se controle Anabella,digo para mim mesma.

-Sente-se.Diz e aponta para o sofá branco atrás de nós,me sento e tento me acalmar.

Ele é muito bonito,tem boa forma física,posso ver seus músculos lutando contra o terno,poderia olhar para ele o dia inteiro e não me cansaria.

-Senhorita?.Me chama com um sorriso no rosto.

-Ham,sim, desculpe.Digo abaixando a cabeça.

-Qual o motivo de vir me procurar?.Ele diz e relaxa na poltrona ao lado do sofá.

-Preciso falar com o senhor sobre isso.Lhe entrego a ordem de despejo e respiro fundo para sua reação.

Atração Feroz - Livro 1 da trilogia Feroz (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora