Problemática

Capítulo 2

Mais um dia na minha vida, mais um dia para que eu possa chorar, mais um dia que eu não quera estar vivendo

Já na escola, na sala de aula, o professor entra e nos deseja um "bom dia", uns 20 minutos depois da aula dele começar, chega o diretor, pedindo licença e desculpas por atrapalhar a aula e fala:

-Bom, temos um novo aluno para essa sala, ele se chama Daniel(Falando isso, ele olha diretamente para a porta, e um garoto aparentando a minha idade entra) Ele vai estudar com vocês, espero que os tratem bem.

O garoto passa por todos e vai se sentar em umas das ultimas cadeiras da sala, o olho, cara, ele é muito lindo, tem olhos de um castanho claro, cabelos em um liso meio grosso, bem preto, muito lindo mesmo, bem branquinho, estranhamente ele olha na minha direção, assim que percebo que os olhos dele se fixam em mim, desvio.
O resto da aula foi tranquilo, tirando que eu não parava de voar longe em meus pensamentos, as lembranças andam me atacando do nada e com uma força incontrolável, o passado me persegui. Quando saiu da escola, descido ir sozinha para casa, me despeço de Luiz e pego o caminho mais longo para poder ir pra casa

O caminho todo vou pensando e pensando nas coisas que aconteceram

"Acabo de chegar em casa, adentro a sala e estranho, está tudo muito silencioso e ele não era disso, ele gosta mais de barulho, farra, não era a toa que era o meu irmão kkkkkk, procuro-o no quarto, não o acho, affs, Penso "se for mais umas daquelas brincadeiras dele" mais o Gus normalmente não era dessas coisas, ligo para a mamãe perguntando-lhe se ela se encontrava com ele, ela negou-me, e garantiu-me que ele também não se encontrava com o papai, pois o mesmo tinha ido a uma das reuniões de negócios, o chamo, um, duas, três vezes,mas não obtenho resposta, a casa é grande, procuro por todos os quantos, não, eu não o encontrava, procuro nos banheiros do andar de cima, sala de jantar, varanda, mais não o encontrava, liguei mil e uma vez para o celular dele, mais ele não atendia, e ele, por mais travesso que fosse, nunca saia sem deixar uma mensagem ou bilhete explicando onde estaria enquanto estivesse ausente, porém, ele simplesmente não atendia dessa vez, então lembro-me de um lugar onde ele poderia estar, o sótão. Adentro aquele lugar mau iluminado, chamo pelo Gus, mais não obtenho resposta da parte dele, resolve dar uma olhadinha melhor no sótão, e quando o adentro por inteiro, sinto o chão sumir, meu coração parar e minha pele gelar por completa, naquele dia, eu me senti totalmente sem rumo, um pedaço de mim foi-se embora, o meu irmãozinho de apenas 13 anos tinha cometido suicídio, me ajoelho e choro ali mesmo, gripo por socorro, peço por ajuda e tento acordar daquele pesadelo, mas não acordo, o pesadelo tava apenas começando" 

Sinto-me puxada para a realidade com buzinas soando ao meu ouvido, estava parada no meio da rua, com isso, atrapalhava totalmente o trânsito, murmuro pedidos de desculpas e me retiro da passagem

Depois da morte do Gus, mamãe e papai resolveram mudar de casa, por uma menor, queriam apagar as lembranças, recomeçar... Sentiam-se culpados pela morte dele, mesmo eu os garantindo que a culpa não havia sido deles, recordo-me como se fosse hoje:

" Estavam na sala, lágrimas aos olhos, olhos inchados...

-A culpa disso tudo é minha(começa mamãe, baixinho) eu não cuidei bem dele, sui uma péssima mãe, por que você teve que partir bb? Por que não nos falou que estava triste? Que se sentia deprimido? Eu queria tanto poder ter te ajudado, hoje você poderia estar aqui, comigo...

-Querida(interveio o papai) a culpa não foi sua, não tínhamos com saber...

-Eu tinha, sou mãe, deveria saber dessas coisa, eu falhei

Nisso, mamãe cai em lágrimas e papai tenta consola-la, e eu, fico ali, calada, em silêncio, sem poder falar nada, apenas experimentei aquele gosto amargo que sentia na boca, sem sabe-lo defini-lo, mais sabia que tinha um pouco de decepção, raiva, ódio e dor"

Chego em casa, deito em minha cama, e faço com que as lembranças que me vieram hoje a mente se transformem em sangue que escorriam do meu braço e encontravam seu fim nas minhas cobertas, depois d um tempo, apaguei.