PRÓLOGO

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04/10/1935

Isobel se encontrava neste instante deitada na cama de seu quarto. Seu corpo estava repleto de suor e seus gritos ofuscavam o som dos pássaros que estavam do lado de fora, cantando intensamente, porém não o suficiente para serem ouvidos.

A parteira aparentava estar calma, enquanto se mantinha no centro das pernas de Isobel que estavam esticadas nas beiradas da cama. A mulher permanecia ali, dando recomendações para a mulher enquanto seu marido, Robert, estava no corredor, ouvindo pela porta.

Havia diversos vidros flutuando no ar, as vezes a curandeira os pegava e esfregava pela barriga da gravida, que respirava com dificuldade.

  - Seria muito mais fácil se me deixasse usar a varinha... -  disse a parteira.
-  Nem pense nisso, e se Robert ver? -  disse Isobel com dificuldade, retornando a seus inacabáveis gritos de dor enquanto a criança não nascia.

A parteira abriu um saco próximo e puxou um vidro circular, o abrindo. Era um óleo muito branco, o qual ela passou pela barriga da mulher, desenhando uma runa com o líquido.
- Óleos ritualísticos são raros atualmente. As pessoas acham que só a varinha faz todo o serviço, mas é decisivo para uma parteira - disse a mulher.

A parteira esfregou seu longo dedo pela barriga de Isobel, recitando algumas palavras e fazendo com que a dor se intensificasse por um curto tempo, no qual Isobel colocou suas mãos na cama e gritou intensamente, fazendo força até que então ela sentiu uma sensação de alívio esvair por seu ventre, e então, o primeiro choro do bebê foi ouvido.

A curandeira especializada puxou sua varinha, a girou no ar e então as coisas ao seu redor saltaram e pularam para sua pequena bolsa, que possuía feitiço expansivo. Os frascos, tecidos sujos e ervas voavam em círculos caindo lá dentro.
Isobel olhou de cara feia para a mulher, segurando o bebê no colo enquanto admirava o rosto da recém nascida.
-  Esconderei o quanto for possível e necessário.
A parteira retornou a cama, apontando a varinha para o bebê e fazendo com o sangue desaparecesse de sua pele.
-  É uma menina, -  disse a mulher - e não vai conseguir esconder por muito tempo.
Isobel a encarou como se ela tivesse acabado de falar um palavrão, olhando a porta com medo de seu marido entrar e se deparar com uma parteira balançando uma varinha mágica.

-  Esqueceu disso -  apontou Isobel para o amigo tronquilho da parteira, que flutuava no ar e dançava divertidamente, fazendo um barulho engraçado de desespero.
-  Não sou eu fazendo isso,   -  disse a parteira com um sorriso -   foi a sua filha.
A mãe olhou espantada para a filha, depois sorriu, passando o seu longo dedo indicador pela cabeça da bebê, que havia parado de chorar.

- Ela vai se chamar Minerva.

*.*.*.*.*.*.*.*.*.*

  Minerva havia acordado com bastante dificuldade aquele dia. Seu quarto ficava no andar mais alto da casa, que a alguns anos atrás seria considerada um imponente casarão abandonado, mas após seu pai ter sido apresentado ao mundo mágico, o local parecia mais alegre. Isobel havia removido as tapeçarias e deixado a madeira clara exposta pela casa toda. As janelas estava limpas e o local se limpava com mágica.
Sempre que trouxas visitavam a casa, tudo parava para soar normalmente como uma casa comum, e do lado de fora, aparentava ser mesmo.

De inicio foi difícil para Robert aceitar tudo, o relacionamento se tornou complicado é barulhento, mas seu amor por Isobel e Minerva era maior, tão grande que gerou mais dois filhos, Malcolm e Robert Jr., que eram os caçulas brincalhões.

A irmã mais velha então saiu da cama, caminhou até seu banheiro. O banho na banheira havia sido demorado e suficiente para ouvir sua mãe bater na porta irritada.
Minerva revirou os olhos e então saiu, se secou e vestiu um sobretudo longo e cinzento que destacava seus cabelos escuros em um coque.
- Feliz aniversário Minerva, vá buscar o correio
Foi a primeira coisa que ouviu pela manhã de seu pai, que sorriu para ela enquanto seus olhos demonstravam cansaço e seus lábios se fechavam em um beijo na testa do homem.

Caminhando até a porta, as cartas já eram visíveis por baixo, e então, por pura curiosidade, Minerva retornou a cozinha, vendo carta por carta enquanto os irmãos entravam no local, seguindo para a mesa.
Isobel entrou pela cozinha trazendo vários pratos, um deles sobrou em sua mão, então ela se dirigiu até a pia, parando para olhar o movimento pela janela.
-  Tem uma carta pra mim. -  disse Minerva ansiosa.

Sua mãe derrubou o prato no chão, com seus olhos fixos na carta, até que um sorriso enorme se formou em seu rosto, se aproximando da filha, porém os caçulas chegaram antes.

- Minerva recebeu a carta, Minerva recebeu a carta - cantavam após roubar a carta das mãos da garota, iniciando uma fuga em círculos ao redor da mesa, enquanto o marido soava preocupado, mirando a esposa.
- Creio que não posso fazer nada -  disse o homem.
- Você sabia que esse dia ia chegar,   - disse Isobel - e não pode impedi-la.
  -  Não vou, -  disse Robert -  ela faz coisas voarem desde o primeiro ano de idade, tenho medo de tentar para-la aos onze.
Isobel deu uma risada gostosa e abraçou o marido com intensidade. Minerva parou por um instante de perseguir os garotos e se virou para a mãe, com um olhar de desespero.
- Accio carta   - disse a mulher apontando a varinha para os garotos, que logo viram a carta voar de suas mãos e ir parar na da mãe, que a abriu e começou a ler.

-Prezada Sra. McGonagall, temos o prazer de informar que V.Sa tem uma vaga na escola de magia e bruxaria de Hogwarts.
Estamos anexando uma lista dos livros e equipamentos necessários.
O ano letivo começa no dia primeiro de Setembro, estamos aguardando sua coruja até 31 de julho, no mais tardar.

Atenciosamente
Armando Dippet
diretor.

Minerva dava pulos de alegria junto com os irmãos, que fizeram uma estranha dança no chão.
Isobel prosseguiu, olhando sorridente para os filhos e para o marido que segurava um riso entre a caneca de café que estava próxima de seus lábios.
Após finalizar a leitura, Isobel se dirigiu até a porta, chamando os filhos e maridos para a lareira da sala principal. Ela tocou uma extremidade da parede, que se abriu revelando um buraco com um vaso simples laranja que continha uma poeira que Minerva não identificou.

  - Isto é o pó de flu crianças, -  disse Isobel -  tenho mantido uma quantidade razoável escondida, e creio que já passou da hora de visitar o cofre da família Ross.
-  Bruxos tem um dinheiro especifico?  -  questionou o marido.
-  Sim, galeões, sicles e nuques são o nosso dinheiro. Minha mãe deixou o cofre em meu nome antes de... você sabe.
Isobel caminhou em frente, pegou um pouco do pó e o lançou nas chamas, que rapidamente se tornaram um verde esmeralda intenso. Ela entrou nelas sem se queimar, e então falou, desaparecendo entre o fogo que lambia seu corpo.
-  Beco Diagonal!
"Genial" foi a primeira palavra dos caçulas, que logo com seu pai seguiram em direção as chamas. Robert parecia com medo, porém repetiu o processo com os garotos.
-  Vem Minerva!  -  falou ele gaguejando  -  b-beco diagonal!
Os outros três desapareceram entre o fogo verde, então Minerva suspirou, caminhando até as chamas, dando uma última olhada pela sala principal que estava sendo iluminada apenas por uma janela com belas cortinas de seda.
- Beco Diagonal...
As chamas se intensificaram e então Minerva fechou seus olhos, sentindo uma tontura e em seguida aparecendo em em uma lareira mais humilde, e sua primeira visão foi de um grande local repleto de estantes de livros. Haviam cortinas vermelhas com alguns dizeres, um deles ela leu "Como lidar com visgo do diabo, por Florita Delrado", vendo também a imagem de uma bruxa que acariciava a cabeça de uma mandrágora bebê.
-  Você está bem? A rede de flu da Floreiros e Borrões ainda é um problema,  -  disse uma voz bastante aguda  -  prazer, sou Fílio, Fílio Flitwick.

Minerva McGonagall: A Força Do DeverOnde histórias criam vida. Descubra agora