"Zero e Nove"

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[...] Meu clã fez uma parada do lado de fora de uma cidade de novo. Não é perto o suficiente para vê-la devidamente, não da nossa posição, porém eu ainda sinto uma estranha sensação de entusiasmo.

Desde que eu nasci, meu povo sempre viveu como nômade. Nós vagamos de local para local, movendo-nos sempre que o clima fica particularmente insuportável. Nós, os errantes, fomos formados quando alguns lugares se tornaram quentes demais para se viver, devido aos efeitos da mudança climática.

Somos um grupo jovem, ainda aprendendo e desenvolvendo nossa própria cultura. Desde que nos tornamos um povo, temos aceitado qualquer um de qualquer país e qualquer nacionalidade. Viver nossas vidas vagando por terras devastadas nos ensinou a tentar e ser gentil e aberto a qualquer um, mas... [...]

*eu escuto uma gritaria e zombaria rude atrás de mim. Com a minha curiosidade provocada, eu olho para trás sem pensar.*

Um pequeno grupo de homens está de pé bem na linha dos limites da cidade.

Eles estão vestidos com roupas precisamente cortadas, com seus cabelos perfeitamente arrumados, e tudo sobre eles grita"-morador da cidade-".

Porém, seguindo em meio à multidão há alguns homens com aparência ameaçadora. Provavelmente não têm nada melhor para fazer e só estão procurando por uma briga. Eles gritam algo que mal dá para escutar, e quando eu me movo para mais perto, imediatamente me arrependo.

Homem/1:-Vagabundos sujos não são bem-vindos!-

*eu sinto um nó se formar na minha garganta.*

Homem/2:-É, vão embora antes que vocês sujem o muro da nossa cidade!-

Homem/3:-Ha! Boa! Eles podem mesmo deixar as paredes imundas apenas olhando para elas.-

Homem/1:-Esses imundos provavelmente nunca tomaram um banho na vida. Duvido até que eles saibam o significado da palavra.-

Homem/2:-Aposto que eles aó rolam na terra e chamam isso de banho..- ambos riem e continuam a gritar na direção do nosso acampamento.-

"-Eu me sinto enojada..-"

Os adultos do acampamento conseguem lidar com isso, mas as crianças... elas têm que sentar lá e escutar esse absurdo. Elas vão se acostumar, mas queria que elas não precisassem passar por isso. Pelo menos ainda não.
O mundo já é desagradável o bastante sem alguns idiotas gritando para nós..

"-O que eu deveria fazer...? Hum..se eu prestar qualquer atenção eles ficarão mais arrogantes.. Então é melhor ignorá-los. E eu acho que é bem divertido ver esse tipo de gente ficar sem reação ao serem ignorados.-"

*eu finjo um sorriso radiante e passo direto por eles.*

Eu consigo ouvi-los tentando me aborrecer e me chamar de vagabunda de novo, mas eles soam mais irritados e eu não posso deixar de sorrir.

"-Estão vendo o quão insignificantes vocês são?-"

*eu seguro uma risada e olho em volta, observando para onde deveríamos rumar. Antes que eu consiga fazer muito mais coisa, um homem enorme grosseiramente agarra minha camiseta, puxando-me em sua direção.
Eu fuzilo o homem com o olhar, porém, quando ele olha para trás de mim eu percebo que o escárnio e os berros encontraram um fim repentino.*

"-Huh? O que está acontecendo?-"

*eu torço meu corpo para escapar do aperto do homem e vejo que todos olham para algo atrás dele..*

Eu vejo um homem que surgiu aparentemente do nada, encarando todos sem emitir um som. Apesar de silencioso, sua presença parece ser mais marcante do que a do grupo todo.
Um momento depois, um homem todo de preto aparece e se posiciona ao seu lado, uma presença com ares de realeza. Tem algo sobre eles que imediatamente os faz parecer...mais.

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