Poderia ser eu, humano?

35 2 3
                                    



Sabe, existe uma diferença bem enorme quando você finge que não sente algo e, que não sente nada. Pode até parecer uma besteira, mas é a mais pura realidade. Muitos não sabem a diferença entre ambos e, quando sabem, apenas confundem-se... E, cegam a si mesmos dizendo que é tudo isso.

Oh, seres humanos. O quão fútil eres?

Sinto ojeriza em me tornar um de vocês.

Todos egoístas... Focados em um só objetivo.

Sinto-me acabado, desmoronando e caindo em pedaços. Como se, em qualquer momento eu pudesse ser tolamente derrotado por um simples cerrar de cílios. Apesar de sentir isso, eu não tenho medo. Sou imune a isso, o que chega a ser superficial, de tão ridículo que é.

Em dias sim, estou vivo. De aparência renovada e humor impecável, respostas sempre em mãos e ações prontas para serem feitas e decisões dispostas a serem feitas, sem nenhum tipo de dificuldade.

Em dias não, estou inerte. Tampouco renovado e, minhas palavras são destiladas de forma amarga e ácidas. Apenas movo-me quando sinto vontade e, desejo de vingar-me. Apenas existo graças a isso.

O desejo de vingança...

Só isso me mantém vivo.

Todos esses tolos... Eles têm pena de mim. Inferiorizam-me por isso... Isso... Entretanto, ainda continuam me seguindo, independente de minhas ações e sem questionamentos. Apenas fazem o que são obrigados a fazer. Aqueles ali sentem medo de morrer. Que um dia, nunca mais possam ver sua família novamente. E, eu meramente desfruto ao vê-los amedrontados.

Todos eles, mal sabem o que lhes aguardam.

Poderia ser eu, um cara mal?

Caminho no centro, temeroso de me tornar um humano.

Deixe-me te contar uma história, se é que me permites:

Há muito tempo, existia uma pequena criança. Um jovem bondoso e de pura inocência, o qual amargamente conheceu a realidade tão cruel, de forma bruta. Descobri que, todos aqueles que eu fazia questão de mencionar como amigos deixaram-me para trás... Para morrer, nas mãos do mais indômito êmulo.

Quando recebi minha piedade - o que eu nunca conheci - fiz questão de considerar o "oponente" como um mentor. Era uma pessoa plausível e incrível, de motivos bons. No entanto, ainda reservada.

Naquele lugar, nunca me explicaram quais eram o motivo de ser oposto às pessoas que um dia eu chamei de amigos. Deixaram a interpretação livre. Senti-me satisfeito, pois eu poderia odiar todos eles sem dar-lhes uma resposta agradável, ou ter que fingir um motivo verossímil.

No entanto...

Eu sentia a culpa correr pelos meus dedos.

Limpo meus dedos.

Mas nada me acontece.

Quando você começa a se acostumar com um posto nesse lugar, passas a ter um novo cargo. Fui encarregado, por fim de ser o líder de todos esses tolos, com motivos implausíveis. Porém, mesmo seus motivos sendo terríveis, eles tinham coerência. Não seguiam o motivo estúpido, denominado "vingança". A qual eu loucamente perseguia, me desvairando e ofuscando a verdade.

Ser humano, afinal.Onde histórias criam vida. Descubra agora