Cary, Carolina do Norte , EUA -
Dezembro, dia 12, sábado– A festa já acabou?– pergunto enquanto nos enxugamos.
– Provavelmente.
– Ótimo, preciso descer para beber água– digo antes de colocar minha roupa novamente.
– Também preciso– ele diz amarrando o cadarço da sua calça– Vamos lá.
Entrelaçamos os dedos e saímos da suíte dando de cara com a pilha de corpos dormindo pelo chão do quarto, atravessamos devagar até a porta e descemos as escadas.
– Ainda está escuro– digo olhando pela grande janela da sala.
– É, deve ser umas quatro da manhã– Lucas diz caminhando até a cozinha e o acompanho.
– Eu chuto umas três e meia– digo enquanto ele pega uma garrafa de água na geladeira.
– Precisa sempre discordar de mim?– ele pergunta rindo e gargalho antes de puxar a garrafa para dar um gole.
– Quase sempre– digo brincando.
– Tem alguém ali fora– Lucas diz colocando o rosto na janela para ver a varanda.
– Está brincando– digo nervosa e coloco minha cabeça também na janela.
Vejo a ruiva que mais cedo falava com Lucas ao lado de Kevin, os dois estão com as mãos no rosto e é difícil ouvir a conversa que estão tendo mas não parecem felizes.
– O que será que estão falando?– pergunto.
– Tenho um palpite– Lucas diz tirando a cabeça da janela e o encaro– Ela está grávida esqueceu?
– É mesmo– digo respirando fundo– Mas ela estava tão feliz conversando com você.
– Sim, ela estava feliz mas é uma nova vida não é? Imagina a responsabilidade, o tanto de coisas que eles vão precisar deixar de fazer– Lucas diz passando as mãos pelo cabelo e me sento na bancada.
– Acha que bebês são um fardo?– pergunto.
– Não é exatamente isso– ele diz se aproximando até encostar a testa na minha– Só ter um filho agora é loucura, nem na faculdade estamos ainda. Kevin está no segundo período de arquitetura e saiu da casa dos pais esse ano por uma briga, estava difícil para ele se bancar sozinho em uma kitnet, imagina agora com um filho.
– Que droga– digo cabisbaixa– Acha que vamos conseguir dar conta dos nossos filhos?– pergunto e ele ri.
– Claro que vamos, eles vão ser planejados– concordo com a cabeça.
– Dois, um casal.
– Isso– ele concorda sorrindo e da um beijo na minha cabeça antes de se afastar– Vou lá falar com eles.
– Lucas é uma conversa pessoal– digo.
– São meus amigos, eles estão mal, quero tentar fazer alguma coisa– ele diz saindo da cozinha para ir até a varanda.