II

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Um clima denso pairou sobre o escritório assim que Miranda terminou de proferir suas palavras. Era a primeira vez que qualquer menção a respeito da tensão sexual que havia entre as duas era feita após o episódio de Paris.

Fazia frio na capital francesa. Após uma longa jornada de trabalho, a equipe da Runway brindava o sucesso dos negócios em prol da revista no restaurante mais caro da cidade. Miranda estava impecável naquela noite; seus olhos expressavam, em um imenso brilho, o orgulho que sentia de seu próprio trabalho. Este era o único motivo que fazia a dama de ferro mostrar-se um pouco menos dura que o usual.

Ao retornarem para o hotel, Miranda dirigiu-se diretamente ao seu quarto, assim como o restante dos membros da equipe. Todos dormiram: exceto a editora chefe. Seu corpo ardia enquanto revirava-se sobre os lençóis, e sua boca ansiava por um gosto que perambulava por sua imaginação há muito tempo. Em um impulso selvagem e completamente descontrolado, Miranda levantou-se, vestiu seu hobby e foi ao quarto de Andrea. Deu três batidas à porta e, assim que a assistente, recém despertando de seu sono, a abriu, a editora chefe beijou-a calidamente sobre os lábios. Ao afastar seu rosto do de Andrea, um sentimento de descontrole predominou rapidamente sobre sua face, logo dando lugar à soberba de sempre. Sem dizer mais nenhuma palavra, retornou ao seu quarto e trancou a porta. Andrea observou sua silhueta desaparecer ao longo do corredor do hotel, em um estado de completo choque. No dia seguinte, e em todos os outros após, nenhuma palavra fora dita sobre o ocorrido.

- Miranda, eu... eu não sei do que você está falando – Andrea respondeu inocentemente, enquanto recordava-se do beijo que Miranda havia lhe dado. "Ela só pode estar me testando", pensou.

- Andrea, não seja estúpida. Você odeia o seu trabalho e tudo que o envolva. Roupas, editoriais, moda... – continuou Miranda ao dirigir-se novamente para trás de sua mesa – nada disso te interessa... E, se não, justamente, o trabalho... O que te interessa aqui? E não diga que é uma recomendação minha. Ninguém aguenta este inferno por meia dúzia de palavras.

A assistente estava perdendo-se no jogo de palavras de Miranda, esta que estava a traçar um discurso extremamente convincente para conseguir o que queria sem o expressar diretamente.

- Por favor, vamos... podemos... – Andrea desconsertava-se à possibilidade de responder qualquer coisa naquele instante. Seu corpo tremia de cima a baixo; suas pernas mal conseguiam sustentar o calor que lhe percorria o tronco. Mordiscou seu lábio inferior ao voltar seu olhar para o chão, a fim de evitar a visão de Miranda e acabar por fugir completamente de sua ética profissional.

A editora sentou-se sobre sua cadeira, apoiou seus cotovelos nos encostos e juntou seus dedos em um gesto de atenção, deliciando-se com a postura que Andrea estava tomando naquela situação. A olhou, mais uma vez, dos pés à cabeça e arqueou uma de suas sobrancelhas, em uma feição completamente séria.

- Eu quero te ver nua, Andrea. – Disse Miranda, sem mais delongas. No mesmo instante, Andrea a olhou e deixou escapar um riso de seus lábios. Ao perceber que a editora não havia desarmado sua feição autoritária, a assistente a olhou com os olhos de quem estava completamente atônita. Os instantes de silêncio prolongaram-se, e Miranda não cogitava dizer mais nenhuma palavra até que sua ordem fosse acatada.

Andrea estava ciente de que aquele momento, mais cedo ou mais tarde, iria chegar. Após a noite em Paris, a assistente divertia-se ao ver que sua chefe ardia em desejo toda vez em que ela adentrava sua sala, e, em seu jeito inocente, provocava-a em gestos friamente calculados, como encarar-lhe os lábios enquanto mordiscava os seus próprios até fazer a chefe perder-se no que estava falando. Aquele jogo, após estender-se por longos meses, havia finalmente chegado em sua partida final: e quem ditava as regras, como de costume, seria Miranda.

Enfim acatando a ordem de sua chefe, Andrea, timidamente, tirou o blazer preto que estava vestindo. Miranda aproximou a cadeira em que estava sentada de sua mesa, onde apoiou os cotovelos e continuou a assistir os gestos de Andrea. A assistente, sentindo-se desconsertada com o silêncio de Miranda, continuou a desatar suas vestes, em seu passo lento, a fim de encerrar aquela tensão. Ao vestir somente uma lingerie escura, cujo sutiã não combinava com a calcinha, Miranda deixou escapar um riso breve enquanto desviava seu olhar do corpo da assistente. Bruscamente, a chefe pôs para o lado todos os objetos que estavam sobre sua mesa, e deu duas batidas sobre a superfície da mesma indicando que queria ver Andrea sentar-se sobre ela. A assistente pontualmente obedeceu, enquanto desfazia-se de seu sutiã.

- Já basta. – Disse Miranda, finalmente quebrando o silêncio da sala enquanto levantava-se; seus olhos claros percorriam sobre toda a extensão da pele clara de Andrea, fixando-se enfim sobre o ponto em que os seios da assistente mostravam-se completamente descobertos – muito bem, Andrea... – sentira em suas pernas um percorrer atroz de ansiedade ao ouvir seu nome ser pronunciado em notas de tanta lascívia, a Andrea. A autoridade da editora era absoluta.

Miranda levou suas mãos dos joelhos de Andrea até a parte interna de suas coxas, e ameaçou tocá-la nas virilhas. Andrea elevou seus quadris, entregando-se completamente à Miranda, esta que reprendeu sua ansiedade com um olhar extremamente rude.

– Não se afobe, Andrea, isso não é sobre acabar logo... – a voz de Miranda soava como um violoncelo a executar lenta e sensual sonata.

Andrea sentia-se transbordar. Seu sexo vibrava pelo toque de Miranda, este que parecia tardar a cada instante que passava. Lentamente, a editora levou suas mãos até as laterais da calcinha de Andrea e a retirou, deixando a peça cair ao chão. A assistente abriu-se diante dos olhos de Miranda, esta que engolia cada detalhe do corpo em sua frente na delícia de vê-lo despido pela primeira vez.

- Você está me matando – disse em um impulso, a Andrea, e, quando deu-se conta, deixou escapar de seus lábios um riso constrangido e ansioso. Miranda sequer havia expressado qualquer reação às palavras da assistente: ela dedicava, naquele momento, toda sua atenção a brincar com a ponta de seus dedos pelo corpo de Andrea, tocando-o sutilmente. Deslizou pela extensão da virilha até alcançar sua nádega, e subiu pela parte interna da coxa enquanto observou a expressão de extrema angústia de Andrea.

- Não seja estúpida, Andrea, eu não vou te matar... – disse de forma pontual e atroz, enquanto finalmente tocou de forma sutil os pequenos lábios da mulher sobre sua mesa. Em seguida, comprimiu entre seu polegar e dedo indicador os grandes lábios da assistente, abrangendo toda a região da vulva entre eles; movia seus dedos para cima e para baixo, sentindo o clitóris enrijecido mover-se internamente. Andrea contorcia-se a cada movimento: era torturantemente delicioso. – Eu só quero... – continuou Miranda, sem, de fato, continuar. Arqueou uma de suas sobrancelhas enquanto olhava fixamente aos olhos de Andrea, que estavam imersos em agonia e prazer. – Mas não neste momento – a fala da editora repercutiu como um raio em sua forma súbita, enquanto suspendia os toques no corpo de sua assistente com uma pontualidade quase agressiva – vista-se, Andrea. Por hoje, isso é tudo – o som austero da voz de Miranda ecoava enquanto deixava a sala sem sequer voltar a olhar para Andrea, esta que ficou completamente nua e sem reação sobre a mesa da editora chefe da Runway.

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⏰ Última atualização: Jan 04, 2020 ⏰

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