Prólogo

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Olhava atentamente para a fachada do prédio e repetia para mim mesma que eu não era louca.
Sentia as gotículas de suor se formando em minha testa enquanto passava minhas mãos na borda do casaco.

Fechava os olhos e lembrava de cada momento.
De cada toque e carícia.

Depois de tudo o que houve me pergunto se ainda existe amor.
Minhas experiências de vida me mostrou que a atração existe, ou o destino só quis brincar comigo, ou mais uma vez meus pensamentos criaram grandes ilusões.
Não sei ao certo o que aconteceu.
Mas dessa vez foi uma brincadeira um pouco mais além, eu gostei das ilusões e das brincadeiras pregadas pela vida.

A minha gaiola foi aberta e hoje olhando para a fachada daquele prédio sinto que já posso voar sozinha.
Seria mesmo maluca?

Vejo Brian sair de la de dentro e meu corpo logo se arrepia. Meu ombro queima e eu sorrio com a sensação.

Seus olhos varrem a rua e não encontram nada que os agradem, creio eu.
Logo o seu carro chega e seu corpo se direciona para dentro do mesmo.
Quando o veículo da partida sinto que já está na hora de ir.

Ando pela calçada prometendo a mim mesma que não iria fazer essa loucura novamente.
Só voltaria naquele prédio em dia de estágio e não iria observar mais aquele homem.

Olhava para as vitrines das lojas vendo o meu reflexo nas mesmas. A cada passo que dava era uma lembrança que ia caminhando para longe da minha mente.
Fazia questão de manter aquelas que me encorajam e me fez sentir a mulher mais linda do mundo.
Não que antes eu não tinha esse conceito de mim. Mas eu não queria que os outros tivessem.
Bonita o suficiente para si mesma e feia o suficiente para os outros. Era exatamente assim que me sentia.
Olha o que um homem pode fazer, mas para isso, precisa ser o homem certo.

Ed foi embora dos meus pensamentos em tão pouco tempo, que eu passei a venerar o motivo do afastamento.

Os traumas e as dores foram cessando e a coragem só aumentando.
A alegria era tanta que sentia que iria explodir.

Parei em frente a minha casa sabendo o que teria que enfrentar quando entrasse.

Abro a porta de casa e sinto o cheiro de comida.
E pelo os meus 24 anos vivido nessa casa posso jurar que era o ensopado de carne que papai tanto adora.

Olho no relógio na parede e ele marcava 17:48. Meu pai iria chegar em breve.

Vou até a cozinha o vejo minha mãe tampando as panelas e levando o pouco de louça na pia.

- Oi, mãe!

Seu corpo vira rapidamente e logo a torneira é desligada.

- Emma!- Sua voz sai em tom de alegria.- Aonde esteve querida?

Ela já sabia a resposta, mas insistia em perguntar.

Abaixo a cabeça e ouço o seu suspiro.

- Querida, você precisa parar, ou vai acabar se machucando.

Ela seca às mãos e vem até mim.

- Mãe, hoje foi a última vez! Eu garanto que só voltarei lá para cumprir o estágio.- Digo quando ela solta o meu corpo do abraço que me deu.

- O que me garante isso?

- A felicidade que estou sentindo!

Ela estreitou os olhos e depois sorriu.
Minha mãe sabia a felicidade que eu carregava comigo, mesmo que as coisas não tinham ocorrido normalmente.

Quando à convenci que estava tudo bem, fui para o meu quarto, já pensando que mais tarde teria que encarar o meu pai e fazer a mesma jura que fiz a minutos atrás.

Mas no fim de tudo as juras eram verdadeiras. Eu estou liberta.

Marcy Onde histórias criam vida. Descubra agora