Meta Guerra

1.0 - RENEGADØS

Base militar Alfa-14

Nevada, Estados Unidos da América.

21 de novembro, 22h16min horário local.

– O mundo como todos conheciam já não era mais o mesmo muito antes dos Metas surgirem como formigas num pedaço de doce jogado no chão. O fato é que o mundo nunca é o mesmo, tudo está em constante mudança. Algo que é totalmente normal de ser feito hoje, amanhã pode ser considerado abominável, e vice-versa. A vida antes dos Metas foi considerada tranquila e normal, assim que começaram as ocorrências como "meu vizinho congelou meu marido com as próprias mãos". Sim, essa foi a primeira ligação para o 911 referente aos Metas. – O Coronel Carter Roberts parecia desabafar. Coronel Roberts gostava muito de palestras, principalmente quando era ele que as apresentava, porque sempre dominou a arte da conversa, desde elogios para garotas durante sua adolescência, para puxar o saco de algum superior para garantir regalias ou até mesmo pelo simples prazer de manter um diálogo firme e interessante. Roberts usava de certas estratégias para que isso funcionasse, como a artimanha de jogar uma isca, uma última frase que cria um transtorno de curiosidade que força os ouvintes a perguntar sobre mais detalhes. – Mas o que sempre nos intrigou foi a hipocrisia. – a isca.

– Hipocrisia, senhor? – e um cadete a mordeu.

– Exatamente. O mundo no seu período anterior ao "mundo dos Metas" também foi chamado de tranquilo e normal. Mas o gatilho foram os ataques terroristas e as guerras incessantes que vivíamos dia após dia. O que quero dizer, é que por mais que eu ame meu país e meus iguais, –um suspiro sincero fora expelido – é difícil aceitar que toda mudança que nos é apresentada, tratamos com hostilidade em primeiro momento. Não quero que pensem que estou defendendo esses lunáticos sobrenaturais, não. Mas pode ser que se tivéssemos optado por uma aproximação diferente, poderíamos estar num mundo tranquilo e normal.

– Até a próxima merda acontecer, certo? – questionou uma moça de cabelos longos e olhos escuros. – Ou o senhor crê que tendo os Metas do nosso lado teríamos paz instantânea eternamente?

– Defina "nosso lado", senhorita...

– West. Kate West.

– Senhorita West.

– O lado correto. Lutamos pelas pessoas e pela paz. Sempre fomos a razão de qualquer escolha.

– Isso na sua concepção. E eu concordo. Mas algum de vocês cogitou a ideia de que os Metas pensem do mesmo modo?

Ninguém mais disse nada.

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Cabo Ruivo

Lisboa, Portugal

22 de novembro, 09h41min horário local

Miguel sondava os destroços da construção que um dia foi a Sede da Rádio e Televisão de Portugal. Os rumores que rolavam pela região é que o grupo de "pessoas esquisitas" conhecido como Os Renegados estava usando o local como centro de operações ou esconderijo. Nos dias atuais, ambos podiam ser a mesma coisa e seja lá o que fosse, o rapaz estava mais do que motivado a investigar.

– Só mais alguns metros e já poderei entrar por uma janela quebrada. – disse baixo para seu inseparável gravador.

Miguel estava indo da maneira mais sorrateira possível, ao chegar na janela olhou para os lados, não para ver se tinha alguém lhe observando ou seguindo, apenas a força do hábito atacando. Viu que estava sozinho e levantou um pouco seu corpo, ainda evitando ficar totalmente ereto. Espiando pela entrada improvisada, notou que poderia ser mais fácil do que esperava entrar no local sem ser notado.