1- O relato

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Querido Diário,
Permita-me me apresentar, sou Katterine Lanford, tenho 15 anos e fui o motivo da morte de minha mãe.
Moro em uma pequena cidadezinha em Belo Horizonte (BH), e espero que em você, possa ter uma lembrança de minha mãe!
Vou começar contando o porque de minha culpa na morte de minha mãe, espero que não me julgue como todos a minha volta!
Era um dia frio de inverno, mais especificadamente a 9 dias atrás, estavamos na calçada da minha casa, estavamos mechendo no celular e esperando meu pai chegar do trabalho.
Estava tudo correndo bem até que um cara aparece por trás de uma árvore e pede para que entregassemos nossos celulares.   Minha mãe não entregou então ele me agarrou pelo pescoço e poe a arma na minha cabeça, e nesse momento minha mãe pensou em se render, mas eu rapidamente dei um chute em sua canela, fazendo-o atirar sem rumo e sem intenção. No crânio. A bala se alojou bem no crânio fazendo-a perder o consiente na hora e foi ai que eu me desesperei. Eu me joguei no chão ao lado dela enquando o sangue escorria em minhas mãos, eu gritava o nome dela sem ter resposta e minha alma suplicava por um suspiro dela que me fizesse ter certeza de que ela não havia me deixado.
Foi tudo em vão...
E foi por esse motivo que eu decidi escrever em você, acho que seria bom ter um amigo para desabafar, e que eu não tenho um fisicamente, optei por você, que foi um presente de minha mãe a três anos atrás!
Espero poder contar tudo para você...
Agora eu tenho aula, preciso ir e você ficará embaixo do colchão da minha cama.
Bye.

Repugnante. Usar um uniforme desses deveria ser crime.
Isso é um retalho de tecido, cadê a velha e boa legging? A camiseta de gola 'V'?
O uniforme dessa escola é uma saia super curta cinza, uma blusa coladinha vermelha, uma fita cinza no cabelo e tênis vermelhos. Horripilante!
Eu não vou com isso nem ali na esquina. Peguei uma saia preta mais compridinha e um suéter vermelho, calcei um par de botinas nos pés e deixei o cabelo solto natural.
Depois de ter tirado essa roupa ridícula e me arrumado de verdade desci e dei um "oi" para meu pai e sai em direção a escola.
Depois de uns 15 minutos caminhando cheguei naquela maldita escola, que por sinal era um pouco sombria por fora. Eu entrei e uma garota me olhou como se eu fosse uma barata, eu fui até ela.

- Algum problema comigo? - Perguntei.
- Você não está usando uniforme. - Ela diz.
- Aquilo deveria ser proibido, é um retalho de pano!
- Eu acho que você não leu as regras, não é?
- Não li mesmo e nem vou ler! Agora to indo, tchau!

Garota estranha.
O sinal tocou então fui a procura de minha sala, eu tinha os horários e o número da sala, mas aquela porcaria de escola é gigantesca e eles não entregaram um mapa!
Eu estava totalmente perdida ali dentro, até que esbarrei em algo ou em alguém.

- Ah, am, desculpa. - Falei um pouco embaraçada com as palavras.
- Foi nada, ta procurando a sua sala? - O garoto maravilhoso com quem eu havia trombado em um corredor me perguntou.
- Sim, essa escola é gigante!
- Qual é a tua sala?
- 7C60.
- É do lado da minha, vem, eu te acompanho até lá.

Assim que cheguei em frente a porta fechada daquela sala, eu senti um arrepio, eu senti a tristeza voltando, a culpa de ser responsável por a perda de uma vida!
Eu bati na porta. Sim, eu bati! Eu estava com uma esperança de entrar lá e me sentir acolhida, eu precisava de carinho, mas do carinho que eu jamais teria novamente.

- Entre. - Uma moça jovem disse sorrindo amigavelmente.

Assim que eu entrei ela saiu me abraçando até o meio da sala e se apresentou para mim.

- Me chamo Annie, pode contar comigo! - ela cochichou. - qual é seu nome?
- Me chamo Katterine Lanford.
- PESSOAL, ESSA É KATH, ESPERO QUE ELA TENHA UMA BOA IMPRESSÃO DE VOCÊS! - Ela disse em tom bem alto. - Sente-se Kath.

Me sentei e fiquei pensando em tudo que estava acontecendo ali, até que lembrei de uma coisinha. Eu não tinha perguntado o nome do garoto gentil que me mostrou a sala.
A primeira aula se passou voando e a segunda também. Física e Ciências. Quando bateu o sinal a professora Clarissa nos dispensou, e quando eu sai pela porta senti um par de mãos agarrarem minha cintura...

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