POV - ANTÔNIO
Olá, eu me chamo Antônio. Fui diagnosticado com Leucemia Mielóide Aguda, causada pela multiplicação exagerada de uma mesma célula, levando ao surgimento do câncer. O tratamento é a quimioterapia e base de oito tipos de remédios diferentes, quatro vezes ao dia. Meus pais, Stevan e Marjorie Dafoe, estão sempre querendo fazer as minhas vontades e lutando para que eu melhore, (São até mais fortes que eu). A verdade é que, pior que perder alguém por câncer, é perder um filho por causa de câncer.
-Antônio ta na hora do café - minha mãe grita la de baixo e eu apenas asinto olhando pra tela do meu celular assistindo a um stand up qualquer
Levanto e calço meus chinelos e coloco uma camisa qualquer, antes de descer entro no meu pequeno banheiro e tomo meus remédios. Desci as escadas e um cheiro penetrante de waffes invadiram as minhas narinas, entrei na cozinha e minha mãe colocou um prato a minha frente e meu pai abaixou o jornal que estava lendo
- E ai filhão, como se sente ? - Tomou um gole do seu café
- Ah, acho que tô bem - dei uma dentada num pedaço de wafes
- Que bom por que hoje tem consulta em mocinho. - minha mãe disse não tirando os olhos da revista de moda dela
- Ah, sério ? - fiz uma careta e revirei os olhos
- Sim, você sabe que é importante...
- ...Para a saúde e sempre vai para saber do quadro de exames e se o tratamento está funcionando.. - falei junto com ela e ela fez uma careta - Eu sei décor isso mãe, troca o disco
- Antônio - Fez uma careta
- Mas mãe eu sou jovem, você deveria me deixar ir em uma boate, sair pra beber, pegar umas garotas ou simplesmente me deixar ficar em casa pra ver aquela maratona de série sobre expedições ao redor do mundo com Cristen Lorak aquela gata do Discovery Chanel - Ela começou a rir e meu pai também e eu fiquei sério
- Pro carro. Agora - Gargalhou e eu revirei os olhos indo pro meu quarto trocar de roupa.
Subi pro meu quarto e coloquei uma camiseta preta, jeans escuro, tenis, uma jaqueta jeans, arrumei o cabelo ( eu era muito vaidoso ) peguei meu celular e desci.
E la estava eu vendo as paredes brancas do hospital e observando cansadamente Jim e minha mae conversarem sobre mim como se eu nao estivesse ali
- Antonio, sair pra beber ou assistir a Cristen ? - Jim disse entre risadas e eu sorri de canto olhando pra minha mãe
Jim é minha medica pessoal, é como se fosse da familia, e eu achl ela uma gata! Ela e minha mae sao como aquelas adolescentes de colegial super amigas
- Muito bem senhora Marjorie, reparei que ja atualizou a Jim - gargalharam
Elas continuaram a conversa e eu olhei pra janela do hospital, fixei o olhar la fora atento nas pessoas da rua. Duas criancas brincavam na grama e eu senti uma inveja, uma saudade da infância, em seguida um casal de namorados cruzaram a rua e o garoto tirou a mao que estava no ombro da menina e apertou sua bunda, ela sorriu e lhe deu um leve tapa, a mesma depositou um beijo em seus labios e continuaram a andar.
Eu queria ter tido uma infância normal, queria uma namorada, queria poder sair e beber com os amigos, e ir pro hospital por overdose e não por estar morrendo, transar com garotas e fazer loucuras, queria poder ter ido ao baile e ter convidado a gata do colégio, sair nesse mundao e viajar pra conhecer vários lugares. Mas nao, a realidade nao é bem assim não.
- Terra chamando Antônio - minha mae passou a mao em frente ao meu rosto e eu fixei o olhar com o dela
- Terminaram alunas da 6 série ? - elas fizeram careta e gargalharam
- Vamos pra casa - bagunçou meu cabelo e eu sorri
Depois de 1 hora escutando a rádio da minha mãe, ouvindo ela cantar desafinadamente, e ter pego um trânsito pesado nós chegamos em casa. Havia um caminhão de mudanças na casa da frente, e vários homens carregando caixas e moveis.
- Vizinhos novos - minha mae gritou histérica e eu sorri revirando os olhos.
Uma garota me chamou a atenção no gramado da casa, ela estava lendo algo, estava de fones de ouvido e parecia nao se importar com aquela barulheira e monte de pessoas. Ela vestia um jeans claro que realçava seu corpo, um moletom preto, tênis, sua pele era extremamente branca, e seus cabelos loiros caiam em seus ombros. Ela levanta os olhos e nossos olhares se encontram, os olhos dela eram cinzas e eram encantadores! Depois de alguns segundos assim ela sorri e eu retribuo.
- Muita areia pro seu caminhãozinho - minha mae fala e eu saio do transe.
- Engraçadinha - reviro os olhos e giro nos calcanhares entrando em casa a deixando pra trás
Tirei a camisa e me joguei na cama. Fechei os olhos e lembrei daquela garota. Ela é linda! Aqueles olhos, Ah.. E o cabelo maravilhoso.. O corpo dela, nossa! O sorriso, meu Deus!
- "muita areia pro seu caminhaozinho" - sorri lembrando do que minha mae disse e dormi sem perceber.
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Querida, Vênus
FanfictionAntônio Dafoe é um jovem de 20 anos que descobriu que tinha uma doença rara, desde os 16 anos. Ele conhece Vênus Lancaster uma garota de 18 anos que se muda para a sua rua, os dois passam a se conhecer e criam laços de afeto fortes, a partir daí a v...