Seja meu

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Xtale nem sempre rodou esse branco que era hoje. Aquele mundo antes era um lugar com alegria e paz entre monstros, mesmo que escondida sob um manto de mentiras e segredos, estes que eram guardados por XGaster e XFrisk. Mesmo com esses segredos, Cross era feliz.

Ele tinha seus amigos, sua família, seu irmão, seu melhor amigo...

Por que tudo tinha que ter sido arrancado dele? Por que tudo tinha que haver acabado assim? Por que seu mundo tinha que acabar? Por que tinha que ser ele a acabar com tudo? Por que tinha que ser ele a matar seu melhor amigo?

Ele não entendia. Ele gostaria muito de poder permanecer naquele mundo, onde era feliz com todos os seus amigos, com sua família e viver uma simples vida como o guarda real de Frisk, protegendo e permanecendo ao lado de todos os seus amigos.

Mas não foi assim que o destino quis. Gaster continuava com seus experimentos na timeline, reescrevendo-a de novo e de novo sem parar, até que chegou ao ponto onde Frisk e Chara bateram o pé e se ergueram contra ele. Eles queriam lutar para conquistar uma nova timeline. Um novo mundo. Um lugar onde eles não fossem perfeitos e suas escolhas acarretassem em novas timelines, novas oportunidades, tudo diferente de o que eles tinham naquele momento.

Muita bagunça aconteceu, acarretando em uma grande confusão, que acabou com o fim daquele mundo e na morte de Frisk.

No lugar onde Cross costumava sorrir, treinar, ver seus amigos, aproveitar os momentos com seus familiares e entes queridos, agora era nada mais que uma imensidão branca e vazia, sem nada mais que ele e Chara selados no mesmo corpo e o barulho de água pingando ao seu redor.

Eles estavam presos naquela imensidão, sem nada para ajudá-los e nem uma gota de esperança. Apenas a lembrança constante de que eram uma falha. Uma tentativa ridícula de perfeição e um lembrete de que tudo em suas vidas havia acabado em tragédia.

As coisas continuaram assim por muito tempo, apenas o esqueleto e o garoto monocromático naquela imensidão, isso até ele aparecer, e sua vida mudar completamente.

As coisas estavam silenciosas como sempre, naquele velho mundinho, Cross estava mais uma vez chorando pela perda de seu mundo, afogando suas mágoas naquele barulho constante de água pingando. Até que, de repente, ele sentiu uma segunda presença naquele lugar, e não era a de Chara.

Ele nem imaginaria o que, ou quem, encontraria quando virasse para encarar a segunda presença naquela imensidão. Atrás de si, estava aquele esqueleto de pincel avantajado nas costas e tintas alinhadas em seu peito. Seus olhos coloridos encaravam-no de cima a baixo com curiosidade, afinal, ele nunca havia visto alguém como Cross antes.

Os dois demoraram algum tempo para quebrar o gelo e conseguir realmente se comunicar e se conhecerem, mas assim que conseguiram, se apresentaram e, pouco a pouco, foram se tornando amigos.

Aquele esqueleto de pincel, chamado Ink, ia visitar Cross quase todos os dias, o que colaborou para que ambos se conhecessem mais e fossem se aproximando mais e mais. Ambos compartilhavam de tudo. Ink contava histórias para Cross, contava-o sobre outros mundos e compartilhava de suas histórias e Cross dava o máximo de atenção possível à seu novo melhor amigo.

Conforme o tempo foi passando, e eles se aproximando, Cross começou a sentir algo estranho por Ink. Toda vez que seu amigo vinha o visitar, trazendo consigo mais e mais coisas para fazerem juntos, o esqueleto monocromático se sentia perder em seus olhos, um calor percorrer seu corpo quando se aproximava e seu coração acelerar quando sorria. Ele se sentia cada vez mais atraído por aquele esqueleto de olho de estrela, como um ímã que atrai metal.

Não demorou para que notasse os sentimentos que tinha pelo pintor, além de que Chara vivia gritando isso em seu rosto, construindo um imenso medo em seu peito.

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