Where it all began h.s

Capítulo 1

''Por que você nunca vai dizer o que eu quero dizer?"

Quinta-Feira, 17 de maio de 2017
Runcorn, Cheshire - 10h28min PM

Voltar para Inglaterra foi a melhor coisa que eu já fiz em toda a minha vida, sentir a sensação de estar em casa é gratificante demais, mamãe não ficou muito feliz com a minha decisão dela voltar para Cheshire, ela ficou receosa a maior parte da viagem, por um lado eu entendo o receio dela de voltar pra Homes Chapel, depois do infeliz acontecimento que abalou a nossa família.

Meu pai trabalhou a vida toda numa pequena empresa em Homes Chapel onde ele teve a brilhante idéia de roubar, a vergonha foi tão grande que a minha mãe não saia de casa para nada, meu pai por sua vez não fez nada, tínhamos que sair de casa e escutar as pessoas sussurrando e ter que lidar com todos aqueles olhares maldosos, até que foi insuportável até para meu pai ele juntou todas as nossas coisas, e nós fugimos, de tudo e de todos, mas não só por isso, tive motivo pra ir junto, não pedi pra ficar...

"Emma, pelo amor de Deus, você viu meu casaco de lã azul?", Eve perguntou.

Resmungo e balanço a cabeça, sem querer ser chata, Eve nunca deixa as coisas dela organizadas, sempre ando tropeçando em botas de chuva que ela deixa espalhada pelo chão do apartamento.

"Emma, já são quase oito e meia da noite, eu precisa achar o meu casaco". Ela se vira pra mim, roendo as unhas ou o que sobrou delas. "Por favor, me ajude".

"Olhe no armário atrás da porta" Olho para minha caneca de café, e me arrependo por ter feito pouco.

Eve surge na sala no momento em que me levanto pra colocar a caneca na pia. Ela sorri pra mim enquanto calça um par de botas camurças.

"Como você sabe onde ficam as coisas?". Eve da uma risada e passa o braço pelo meu pescoço. "Você é igual a minha mãe"

"Se você guardasse tudo no lugar, você não precisaria de mim." Respondo, indo em direção a cozinha.

"Literalmente a minha mãe"

Abro o armário da pequena cozinha americana, meu estomago já da sinal de que precisa ser alimentando, vasculho entre os potes de biscoitos e os sacos de salgadinho, qualquer coisa pra me livrar desse incômodo.

"Tem certeza que você não quer ir jantar com a gente?" Eve diz interrompendo o meu caça tesouro.

"Sim, eu preciso acordar cedo amanha, desculpa." Respondo, me sentando na bancada da cozinha.

"Ed ficará chateado, ele pensa que você não gosta dele" Ela diz.

"Isso não é verdade, eu adoro o Ed, é que...".

"Você precisa acordar cedo amanhã, já entendi."

Olho pra Eve, torcendo que ela não esteja com raiva de mim. "Então, eu já vou indo, não me espere acordada, e não faça nenhuma besteira."

"Eve porque por que você sempre fala isso quando vai sair?" Me levanto e vou em direção à porta.

Dou uma olhada para Eve,que esta de pé perto da porta de entrada, abotoando o ultimo botão da sua calça.

"Não sei, eu me preocupo com você baby".

"Jesus Cristo, agora além de mãe sou suicida também", responde torcendo meu pescoço pro lado.

"Certo. Vou indo, a gente se fala amanha no almoço" Eve abre a porta e joga beijos pra mim.

Assim que a porta se fecha, fecho meus olhos e encosto a cabeça no batente da porta. Meus pensamentos martelando na minha cabeça parte de mim esta cansada por ter dado um ponto final em tudo. Mas outra parte, a que mais dói esta sentindo falta, de tudo o quê poderia ter sido se eu tivesse ficado e resolvido encarar tudo de cara limpa.