Emilly despertou com a luz do sol entrando pelos vidros da janela do seu quarto.
Percebeu que acabou dormindo no chão gelado e o maldito espelho estava na palma da sua mão.Ela jogou o espelho novamente contra parede, mas nenhum caco veio ao chão.
A moça se levantou lentamente. Estava completamente dolorida pela noite mal dormida no piso duro do seu quarto. Ela se dirigiu até a porta deixando o cômodo, o quanto mais longe daquele espelho, melhor.Emilly não encontrou a sua amiga na sala e de acordo com o relógio da parede, era hora de das duas estarem saindo para seus respectivos empregos. Preocupada correu até o quarto de Olívia e a encontrou dormindo com os fones nos ouvidos e o volume no máximo. Não é a toa que não ouviu os seus gritos na madrugada.
Emily entrou no quarto indo na direção da amiga para desperta-la. Ao atravessar o cômodo ela passou pelo espelho do armário e através do seu reflexo viu a criatura que a aterrorizou ontem a noite. Uma sombra de olhos vermelhos a observando.
Aterrorizada ela recuou dando passos longos para trás, acabou esbarrando na escrivania de Olívia derrubando algumas canetas. Emilly olhou para trás assustada e encontrou um peso de papel, ela se virou para o espelho e a criatura ainda estava lá. Como se fosse seu reflexo.
— ME DEIXA EM PAZ! — Gritou Emilly arremessando o peso de papel e deixando o espelho em cacos.
Olívia pulou da cama assustada, olhou para a amiga que estava aparentemente aterrorizada. Emilly estava sentada no chão, encolhida se escorando no criado mudo com o rosto molhado olhando para os estilhaços do espelho do seu armário.
Olívia olhou para o armário sem o espelho e para seu peso de papel junto com os cacos no chão.— Emy? — chamou Olívia preocupada. Ela se abaixou em frente a amiga. — O que houve?
Emily levantou a cabeça e Olívia pode ver com clareza o horror estampado na face da melhor amiga. Ela estava com olheiras e os olhos vermelhos.
Sua cabeça girou em direção do armário, onde o espelho estava e agora era apenas uma superfície lisa de madeira.Emilly secou o rosto rapidamente e ficou de pé, Olívia a imitou ficando de pé e a encarou esperando resposta.
— Emilly?
— Tá tudo bem.
Olívia olhou para os cacos no chão junto com o peso de papel — Você destruiu o meu espelho com o peso de papel e depois ficou encolhida no canto chorando! Não tá tudo bem! O que houve?
— Eu vi uma coisa... — Emilly se interrompeu refletindo sobre contar a verdade para Olívia. Não queria ser taxada de louca e ela precisava de provas. — Acho que foi um bicho. Sabe que eu tenho fobia. — ela respirou fundo — Desculpa pelo espelho. Eu vou tomar banho. — ela saiu apresada querendo evitar mais perguntas.
Olívia observou amiga correr para o banheiro com a testa franzida. Sem entender o que estava acontecendo.
Ela respirou fundo também saindo do quarto para pegar uma vassoura e pá para catar os vidros e começar a preparar o café da manhã. Ia chegar arrasada ao trabalho pelo horário.Após catar todos os cacos e jogar no lixo, Olívia estava preparando o café da manhã para ela e Emilly. Sanduíches de frango e suco de manga.
Faltava apenas bater o suco no liquidificador quando ela ouviu Emilly gritar.— Sai! Vai embora!
O som do espelho sendo quebrado, um pouco abafado pelo chuveiro ligado. Olívia bateu na porta.
— Emilly? Emilly? Você se machucou?— chamou Olívia batendo na porta e recebendo apenas o som do chuveiro como resposta — Emilly, abre a porta.

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Anima Flectere
Short StoryNão era a vaidade que a atraia para o espelho, mas o espanto de descobrir-se. Milan Kundera.