•First•

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— Kyungsoo! — exclamei ao ver o meu irmão mais velho passar cambaleando pela porta da minha casa e se jogar ao meu lado no sofá. Seu rosto estava coberto por cortes e sangues, denunciando que havia brigado novamente. — Onde você esteve?! Eu pensei que você estava morto!

— Pare de fazer drama, eu fiquei fora por apenas um mês. — fechou os olhos e deixou a cabeça pender para trás. — Preciso que você cuide de algo para mim.

Meu coração se apertou e senti o sangue do meu rosto se esvair, o deixando gelado e provavelmente pálido.

— Não, eu não vou cuidar de mais um dos seus reféns! — me afastei do mais velho, me esforçando para prender as lágrimas dentro de meus olhos.

As lembranças da última vez que ajudei a encobrir um dos crimes do meu irmão bombardearam a minha mente: eu havia ajudado e levar um homem quase morto para uma área longe da cidade e, enquanto meu irmão cavava um buraco para escondê-lo, fui atacada pelo homem e quase assassinada.

Kyungsoo riu, mas seus olhos demonstravam irritação.

— Você não tem escolha, irmãzinha. — levantou do sofá e caminhou em minha direção; recuei o máximo possível até pressionar as minhas costas contra a parede. Kyungsoo apoiou os braços ao lado do meu corpo, me cercando e encarando com um olhar mortal. — Se não me falha a memória, morrer cedo e dolorosamente é um dos seus maiores medos. Você com certeza não quer que algo terrível aconteça com o seu corpinho, não é mesmo?

Meu rosto já estava completamente coberto por lágrimas e meu coração batia rápido. Assenti imediatamente e fechei os olhos quando senti a respiração do mais velho se chocar contra o mesmo rosto quando o mesmo soltou uma risada.

— Não seja medrosa, S/N. — se afastou, jogou-se sobre o sofá novamente e ligou a TV. — Eu só preciso que você vigie alguém por tempo indeterminado. O cretino está no trailer estacionado atrás da casa.

Engoli em seco para me recuperar e fui até a janela da cozinha que dava para o quintal e a garagem da casa, onde o trailer de Kyungsoo estava estacionado, assim como ele havia dito. Alguém se movia lá dentro, até que os olhos do sujeito se fixaram nos meus e um calafrio percorreu o meu corpo. Fechei as cortinas e voltei para a sala, onde encontrei meu irmão dormindo profundamente.

Eu deveria matá-lo enquando ele dormia; eu já tentei diversas vezes, na verdade, mas me faltava coragem e sangue frio. Considerei entregá-lo, mas ele escaparia da prisão e me caçaria até no inferno se fosse preciso para se vingar da pior forma. Sendo assim, a minhas únicas opções eram obedecer as ordens de Kyungsoo ou me recusar e ser morta.

Soltei um longo suspiro e desliguei a televisão, logo subindo as escadas rumo ao meu quarto, onde tentei dormir um pouco, o que não durou muito, pois pouco tempo depois gemidos altos ecoaram pela casa, tornando cada segundo um inferno.

Desci até a metade das escadas e espiei o andar de baixo, deparando a cena mais nojenta que se poderia presenciar no meio da noite. Não é a primeira vez, mas eu nunca me acostumaria a ver o meu irmão transando com uma vadia qualquer na sala de estar da minha própria casa.

Voltei para o meu quarto e abri a janela ao lado da minha cama, deixando a brisa gelada da madrugada invadir o cômodo; passei por ela, ficando em pé sobre as telhas do telhado do primeiro andar e caminhando até os fundos da casa, descendo silenciosamente até o gramado do quintal. Ainda era possível ouvir os gemidos.

— Aish! — cobri os ouvidos com as mãos e corri até o trailer, hesitando antes de abrir a porta. — Com licença-

No momento em que pisei dentro do veículo, meu corpo foi empurrado para o lado, eu perdi o equilíbrio e caí no chão, sentindo alguém sentar sobre o meu corpo. Abri os meus olhos e deparei com um rapaz muito pálido e de cabelos platinados com uma faca de cozinha entre os lábios rosados. Nossos rostos estavam muito próximos, tanto que a respiração pesada e quente dele batia violentamente contra a minha pele, fazendo os cabelos da minha nuca se arrepiarem.

Ficamos um bom tempo com os olhos grudados um no outro, até que o rapaz foi puxado para trás por Kyungsoo.

— O que você está fazendo aqui, sua imbecil?! — fui puxada pelos cabelos até ficar de pé; foi quando percebi a presença da dona dos gemidos, que apontava uma arma para o rapaz. — Se quer ser morta é só me avisar, eu vou fazer isso com o maior prazer! Agora dê o fora daqui!

Kyungsoo me jogou para fora sem um pingo de dificuldade e trancou a porta do trailer; me levantei e corri o mais rápido possível para o meu quarto, onde me tranquei, deitei sobre a cama e cobri os meus ouvidos com o travesseiro, resmungando para não ouvir os sons terríveis de violência que vinham de dentro da veículo.

Gangsta || mygOnde histórias criam vida. Descubra agora