505

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Um mês.

Um mês que Harry e Louis já não eram Harry&Louis. Um mês que havia um grande espaço no nome de ambos. Um mês que Harry quase vivia naquele quarto de motel, onde quase todas as noites ele fodia um desconhecido. Um desconhecido baixinho, moreno ou de olhos azuis, vale ressaltar. Era absolutamente incrível fazer parte da sociedade deprimida e carente.

Um mês.

"O dinheiro está na cômoda, se troque e saia", Harry disse para o moço sem nome, saindo de seu já quase apartamento para espairecer.

Styles notou o quanto a palavra quase fazia parte da sua vida, desde agora. Antes, ele considerava quase, as coisas que ele mais tinha, como Louis. Agora ele o considera o tudo que um dia já teve. Em pensar que ele já chamou aquela pessoa tão preciosa de quase, era deprimente.

Ele ultimamente era quase feliz, quase se sentia bem transando e quase... conseguia fingir esquecimento.

Harry estava sem rumo, coisa óbvia; Ele sabia o quão galinha e o quão alto o nível de promiscuidade estava alcançando, transando sem freios e sem nem saber o nome do indivíduo fodido, mas na lógica de qualquer homem machucado, antes ser promíscuo do que ser depressivo.

O dia estava nublado, e por incrível que pareça fazia-se exato um mês que o Sol não dava as caras e tornava toda a sua telenovela algo mais gracioso, como quem diz "oh, ele observou a janela e viu que estava um dia maravilhoso demais para se embrulhar nos seus próprios erros e resolveu levantar e seguir em frente", mas na verdade, aquele tempo chuvoso e cinza era como se os céus adicionassem um bônus negativo em toda aquela situação. E, se o mundo queria fazer daquilo uma graça, Harry queria gritar a plenos pulmões que era uma graça sem graça.

Styles não acreditava em mapas astrais, destinos e toda essa bagagem de outro mundo, ele só acreditava que toda ação tem sua reação e que, se você segue pra aquilo, felizmente ou infelizmente você vai obter.

Sem nem pensar por onde vagava, Harry notou que estava caminhando em direção à seu antigo apartamento, e bom, já que ele estava aqui, quem seria corajoso o suficiente para voltar atrás?

Em meio a tantos pensamentos, parou diante da porta tão surrada e fraca de número 505 e por pouco, pouquíssimo mesmo, ele não tocou a porta. Mas qual seria sua bela desculpa? "Hm, oi, só queria saber se você está gostando do meu antigo apartamento. Aquele onde era o mundo de Harry&Louis, mas graças a mim, não é mais. Aliás, posso entrar e cheirar toda a nostalgia presente?"

Não.

Harry não faria isso. É como se todo o seu esforço em transar com qualquer um e não gemer Louis, fosse em vão. Ou talvez, todas as ligações incompletas de telefones públicos apenas para ouvir aquela doce voz, fosse por água abaixo. Ele sabia o quão difícil foi descarregar tudo sozinho do apartamento deles para seu quase apartamento, e ele nem dizia em esforço físico, mas esforço emocional. Styles naquele dia quis engolir todo o choro e realmente seguir em frente, como fazer uma mudança de casa e automaticamente mudar seu próprio eu. E mudou, mas mudou pra algo muito mais miserável que era, e não sabe se isso foi devido ao fato de ter se arrependido profundamente por ter vendido a única linha que ainda o unia ao Louis, ou ter desistido tão fácil daquele mundo. Tão pequeno, e tão deles

Harry vivia num inferno pessoal, e o mais cômico disso tudo é que não era uma lembrança, um amigo ou um lugar... Seu inferno pessoal tinha se tornado ele mesmo, se remoendo e revivendo todas as cenas em sua mente, como se no minuto seguinte ele fosse acordar em meio de um pesadelo, rolar na cama e dar de frente com aquela cara tão serena e tão maravilhosa, beijar sua testa docemente e sussurrar com certo alívio "você está aqui".

how to lose lou • larryOnde histórias criam vida. Descubra agora