The Knife

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Johnny estava se vestindo com as roupas macias e cheirosas de Kevin, estava se sentindo como um boneco com aquelas roupas mas ele não ligava, aparecer como um boneco não era tão ruim assim. Talvez fosse até bom, já que Melanie era como uma boneca e, agora, parecia tão perfeita quanto uma.

Sorria como um bobo desde que seus lábios tocaram os dela, era uma sensação nova rodeando o seu corpo, o causando calafrios e outras coisas diversas que mexiam com o seu emocional e físico.

Melanie estava em seu quarto também se vestindo, ela queria conversar com ele depois, antes de ele ir embora. Ela deixou bem claro que não deveria sair do quarto de Kevin pois os seus país tinham acabado de chegar e eles provavelmente iriam querer mima-lo com os seus ótimos modos. E já que finalmente estavam se dando bem, Johnny prometeu que não iria deixar um único membro de seu corpo sair do cômodo.

Se sentou na beira da cama, olhando para o papel de parede que parecia brilhar, sentiu uma sensação estranha percorrer o seu corpo, era uma sensação de medo, um medo que ele nunca sentiu antes. E com essa sensação veio os gritos.

Gritos afobados e raivosos, que podiam ser ouvidos através de várias paredes, com tanto ódio que parecia que podiam matar alguém com as suas palavras, a cada letra pronunciada podia criar um corte em sua alma do tamanho ódio.

Se levantou e caminhou até a porta, aproximando o seu ouvido da superfície gelida de madeira, assim conseguindo ouvir melhor o que era pronunciado pelas tais pessoas raivosas. Eram os pais de Melanie que discutiam sobre alguma coisa nada boa, logo uma terceira voz pode ser ouvida, fina, enjoativa e azeda, como uma limonada malfeita em um dia de calor.

Mas algo o assustou, quanto o vocabulário sujo acabou e começou apenas uma seção de gritos apavorados e aterrorizantes, como se a tal pessoa estivesse sentindo muita dor, tão insuportável que a única coisa que restou a tal pessoa era lamentar e implorar por misericórdia e piedade.

Se afastou da porta olhando para a mesma amedrontado, as suas mãos tremiam e suavam, o seu coração estava com os batimentos quase a mil fazendo a sua caixa torácica doer, seus olhos agora estavam ardendo e sua garganta secando. Ele deveria fazer algo ou apenas esperar e perguntar a menor o que estava acontecendo? ele estava tão confuso.

Se aproximou da porta novamente, enchendo os seus pulmões com oxigênio e depois soltando, fez isso algumas vezes até conseguir coragem para abrir a mesma. Quando conseguir, levou a sua mão até a maçaneta e quando a tocou os gritos secaram, fechou os seus olhos e abriu a porta, assim os abriu vendo o corredor vazio e um silêncio aterrorizante.

Andou pelo corredor, ouvindo o rangido do chão de madeira a cada passo que dava, era como se o mundo estivesse morto e apenas ele continuasse vivo, fazendo os ruídos mais assustadores do universo.

Ao chegar no primeiro andar olhou envolta, vendo tudo em seu devido lugar, do jeito que estava antes, mas a única mudança que tinha acontecido eram as três bolsas que estavam jogadas ao chão, junto a um vestido vermelho. Ouviu o som de algo se arrastando no chão liso, um som que tinha pequenas pausas entre si, como o que estava sendo arrastado fosse muito pesado.

Sem ao menos pensar em seus atos, já estava andando de encontro ao criador daquele som que estava o dando calafrios, seguiu até a cozinha onde o barulho era mais forte, olhou através da pequena cortina que tinha no balcão que separava a cozinha da sala de jantar, vendo a senhora Martinez curvada ao chão, esticando um pano branco por cima de algo, ela estava de roupas íntimas e coberta de sangue, uma faca descansava ao seu lado, também com sangue.

Ela fazia aquilo com tanta calma que não parecia estar assustada ou apavorada, como se tudo aquilo fosse normal para ela. Sussurrando algumas palavras que não eram compreendidas por Johnny.

Os dois olharam para o lado quando ouviam uma doce voz chamar pela mais velha, uma voz assustada e trêmula, um pouco chorosa.

"mamãe?"

"Melanie." os dois falaram juntos, mas o moreno falou em um sussurro que não foi ouvido por ninguém.

Melanie estava vestindo um shorts azul bebê bem curto e uma camiseta branca com um grande desenho de um simpático pato amarelo na frente, o seu cabelo estava solto e jogado para frente, a cor rosa estava desbotado, o seu rosto limpo sem nenhum tipo de maquiagem, que deixavam o grande destaque em seus olhos que estavam vermelhos e transbordando.

"querida, venha" a mais velha falou com a voz embolada "não tenha medo, eu vou te explicar tudo"

"mamãe, cade o papai? e por quê você está assim, coberta de sangue?" Melanie falou se ajoelhando na frente de sua mãe, que começou acariciar o seu rosto angelical.

"o seu pai trouxe outra mulher aqui para dentro de casa, outra dessas vagabundas que estão tentando arrancar dinheiro dele, mamãe teve que acabar com eles pois se alguém saber que isso aconteceu dentro da nossa casa, por Deus, iríamos ter a nossa reputação arruinada por uma bobagem dessas." a mais velha falou quanto olhava nos olhos da menor, que assentia com a cabeça, parecendo entender tudo. "então, ninguém deve saber saber disso, okay?"

"okay, mamãe" Melanie sorriu pequeno e olhou para algum lugar desconhecido "e o papai está embaixo desse pano?"

"sim, ele e a loira falsa" falou com desgosto em seu tom de voz, junto a uma careta.

Johnny fechou a cortina, olhando para o nada pensativo, como elas podia dizer tudo aquilo com tanta naturalidade, como se aquilo já tivesse acontecido antes, e do jeito que elas falavam provavelmente já aconteceu.

Então Johnny estava certo o tempo todo, eles não eram perfeitos, o mais velho dos Martinez eram um canalha que traía a sua esposa com frequência, a mais velha uma mulher infeliz que, no estado que ela se encontrava, parecia estar totalmente embriagada então estava sempre afogando as suas mágoas e amarguras nas bebidas caras, o filho nunca estava em casa e com o símbolo estranho em sua parede, as geringonças que tinha em seu quarto e aqueles pacotes com aquelas folhas desidratadas, ele era claramente um viciado em cannabis.

E a filha, a agora nem tão doce, era a única que não tinha algo de errado, apenas tinha virado uma pessoa mentirosa que ajudava em tudo o que acontecia naquela casa, mantendo o segredo de todos trancado a sete chaves.

Ele precisava alerta as pessoas de seu bairro que a família Martinez era uma fraude, e do jeito que a mais velha matou friamente o homem que dizia amar no fundo do coração.

Com cuidado caminho pela sala de jantar, tentando não fazer nenhum barulho pois se elas soubesse que ele ouviu tudo, provavelmente ele seria o próximo.

"Melanie" ouviu a mulher falar, com a voz áspera e sem nem um pingo de emoção "não deixe o seu amigo espalhar isso, o que acontece aqui na casa, fica na casa."

Johnny olhou para trás vendo Melanie o olhando com os seus olhos vermelhos, não tinha ouvido ela se aproximar ou qualquer outra coisa que o alertasse da menor, era com um pequeno fantasma, ela segurava a faca ensanguentada em suas mãos que pareciam trêmulas.

"Melanie, o que você está fazendo?" Johnny falou assustado, não era todo o dia que a garota que ele beijou aparecia com uma faca na intenção de mata-lo.

"Eu te disse para não sair do quarto do meu irmão" ela falou com a voz trêmula, levantando a faca na altura de seu ombro, ela se aproximava em passos curtos e lentos, parecia pensar no que estava fazendo "por quê você não me obedeceu, Johnny?"

"Melanie..."

"Por quê? assim isso podia ser evitado e por deus, com isso dói, dói muito!" ela gritou de modo estridente, fazendo o maior tampar o seu ouvido com a palma de suas mãos, ela parecia estar fora de si. "eu achei que podia ser diferente, deveria ser diferente" sussurrou.

"Me escuta, por favor" implorou quanto sentia a sua costa bater na parede da sala, estava encurralado, não tinha saída.

"desculpa" lamentou, a sua mão foi para cima a segurando fortemente e a jogando para frente, assim dando o primeiro golpe.

CUTENESS ❙ melanie martinezOnde histórias criam vida. Descubra agora