Cadeiras e mesas: a conspiração

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No Egito Antigo a muito, muito, muito tempo atrás, havia um carpinteiro, ou melhor, o maior carpinteiro da história de todo o Egito. E agora ele estava se preparando para a sua maior invenção, um objeto revolucionário feito para que a pessoa possa descansar em uma posição de costas eretas, e glúteos repousados numa superfície confortável, garantindo um relaxamento eficaz e prolongado, objeto chamado de: cadeira. O carpinteiro dedicou anos de sua vida nisso, e finalmente ele estava pronto para realizá-lo. 

A cadeira estava pronta, faltava apenas entregá-la para ninguém mais, ninguém menos que o poderoso Faraó Rá Ozires Amon Horus III. Porém na noite anterior da entrega, o ajudante, aprendiz desajeitado do carpinteiro, querendo melhorar a nova invenção fez algo proibido, com consequências de proporções catastróficas. Por causa de seu porte pequeno, teve que subir na cadeira e ficar sobre as pontas dos pés para alcançar um recipiente, um frasco de magia negra, pois pretendia usar para melhorar a nova invenção de seu chefe. Mas ele não sabia que o frasco estava aberto, então quando o pegou, a cadeira balançou e toda a arte das trevas caiu na cadeira e em seu corpo. Com medo do que aconteceria caso alguém descobrisse o ocorrido, disparou em fuga louca e desvairada, saiu da oficina e correu para um beco ali perto, escuro e fedorento, só não isolado por causa da presença dos gatos que ali vagabundeavam, admirando o brilho da lua, cuja luz era refletida nos olhos dos felinos, revelando o porquê de serem considerados divindades. E ali o pobre aprendiz ficou, sentado no canto, desolado, tendo sua sanidade devorada pela magia proibida.

Com o passar da noite, a cadeira começou a sentir seus braços, e suas costas, podia mover suas patas, ela havia tomado consciência, ELA ESTÁ VIVA ! HAHAHAHAHAHAHA

Desculpa, me empolguei, mas enfim, continuando.

Amanheceu, e o carpinteiro... Cansei de chamar ele de carpinteiro, o nome dele vai ser Jetrúncio. Então, Jetrúncio foi entregar a cadeira para o Faraó Rá, que a recebeu satisfeito, pois era um magnífico trabalho. Rá levou a cadeira para seu palácio, e o móvel gostou da ideia pois pensou que aproveitaria o luxo e passaria a sua vida apenas desfrutando de tratamentos reais em meio a riqueza. Entretanto, a única coisa que ela fazia era aguentar o peso de todos que sentavam nela, principalmente quando era o sacerdote que sentava, com seus cento e vinte e cinco quilos que faziam sua madeira refinada ranger.

Nossa nobre cadeira estava revoltada, e começou a arquitetar sua vingança. Começou com ações pequenas e irritantes, como colocar a pata na frente do pé de alguém, mais especificamente no dedinho que pra mim, é uma das piores coisas que existem. Ontem mesmo aqui na garagem bati o dedinho na pata do sofá, depois de ficar pulando num pé só, dei um soco nele e o mesmo ainda machucou minha mão, pois de baixo do tecido era madeira, dura e bruta. Xinguei-o, e muito. 

Enfim, muitas pessoas começaram a "esbarrar" na cadeira, mas ela queria algo mais. Certa noite, ao se sentir sozinha, fugiu para a casa de seu inventor, roubou a magia negra e voltando ao palácio, deu vida à todas as outras cadeiras que o Faraó foi encomendando depois de comprá-la, e também para todas as mesas. Um exército estava pronto. 

No anoitecer seguinte, o Faraó estava na sacada, ou varanda, ou o que você quiser que seja, debruçado na pequena cerca que o separava de uma queda de vinte metros, ele estava admirando a vista e pensando em como era bom ser Faraó.

  —  É muito bom ser Faraó – disse.

A cadeira, sorrateiramente foi chegando mais perto, mais perto, mais perto, até que BAAAM. Ela deu  bote empurrando nosso amigo real à morte. Com um baque surdo, seu corpo pousa no chão, seus ossos são quebrados, sangue sai de seu corpo, pintando de vermelho o piso real. Morreu jovem. Não são lágrimas escorrendo do meu rosto, estou suando pelos olhos. Me alcança esse lenço aí do seu lado. Obrigado. Estou melhor agora.

Guardas reais subiram até o quarto de Rá, e foram à sacada. Onde também são empurrados. Mas dessa vez a mesa ajudou, com seu tamanho e força superior, já que os guardas eram imensos brutamontes. Os nobres lá embaixo não entendiam. Será que havia algum genocida matando todos no palácio ? Ou era um golpe para tomar o poder do faraó ?

Estavam todos perplexos, as mulheres gritavam horrorizadas, enquanto os homens estavam congelados, medo subia na espinha de todos. Silêncio cobriu o pátio real como uma cortina grossa e pesada. Ouviu-se gritos dos soldados no salão real. Porém a porta fechada impedia que os servos e nobre vislumbrasse o horror que acontecia no interior da morada onde havia morado uma grande linhagem de líderes egípcios, mas hoje essa linhagem foi corrompida. 

Com um grande estrondo, as portas do salão principal abriram. Um exército de mesas e cadeiras saíram enfileiradas como um batalhão, estavam prontas para causar destruição e fazer o caos reinar na terra.

Continua no próximo capítulo.


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Oi genteee !

Espero que tenham gostado do início do primeiro conto, que na verdade é uma das lendas, e no final do livro você entenderá o porquê. Espero vocês no próximo capítulo ! 

Flw :D 





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⏰ Last updated: Nov 28, 2017 ⏰

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