Capítulo I
O primeiro dia do mês de inverno
São seis da manhã e ainda me falta coragem para começar o dia. Preciso levantar logo, ou pelo menos tentar! Ao empurrar a porta que estava encostada, ouço um trecho da discussão do meu pai e minha madrasta como da noite anterior.
(...) _Porque Melicia ainda esta abatida com a morte dos avós. Ela deveria ficar em casa até a tempestade baixar.
_Faz um mês que aconteceu a tragédia e a mesma desculpa. A situação pelo qual esta passando não a impede de estudar normalmente.
_Como você pode ser tão insensível num momento desses? Não percebe que ela se tranca naquele quarto 24h?
_Essa garota é louca e desiquilibrada.
_Essa garota a quem se refere é sua filha.
_Você já viu que horas são? Está ficando tarde, mas continua dormindo, tranquilamente como se não tivesse nenhuma obrigação. Vou acorda-la agora mesmo!
_São os efeitos dos remédios. Compreenda que ela está com problemas.
_Para piorar vive se dopando como se fosse adiantar alguma coisa, faça-me o favor né, Lúcia!
Respiro fundo e interrompo a conversa:
- Chega! Não precisa me acordar, estou aqui!
Lúcia se vira espantada. _Estava ai há quanto tempo?
Desabafo em voz alta: _Estou aqui todos os dias, querida Lúcia ouvindo discutirem sobre mim.
_Por favor, acalma-se Melicia, quero somente te ajudar.
_Eu não quero ajuda, quero que me deixem em paz! Corro até o banheiro. Aos berros, me desmancho em choro.
Enquanto isso, Joel resmunga alguma coisa feito um decrépito mal-humorado.
Perante o espelho pigmentado de verde, reparo minha aparência cansada, minha boca pálida rachada, minhas olheiras profundas das noites mal dormidas, meus olhos inchados e vermelhos como fogo. Olha a que ponto esta chegando tudo isso! Abaixo minha cabeça e me pergunto: “Será que todo meu esforço vale tanto a pena?” Antes que eu pudesse tentar me auto responder Lúcia bate a porta: Saía deste banheiro. Vamos conversar!
_Não estou a fim de conversar, me deixe sozinha!
_ Tudo bem. Não irei insistir, quero que saiba que me importo contigo, e o modo que estou agindo não é para agrada-la simplesmente, mas porque eu sou essa pessoa e não preciso fingir. Sou a mesma pessoa que tenta defender os outros e acaba piorando as coisas... Entendo o que esta sentindo, não sou sua mãe e nem devo me intrometer nos seus problemas... Mas... pelo menos venha tomar seu café, já está começando a esfriar.
_Estou sem fome.
_Como quiser! Após um breve silêncio, olho pela fresta e a vejo retornando á sala decepcionada. Eu não queria chateá-la, mas precisava ser inflexível naquele momento. Subo ao quarto e me tranco novamente, só que dessa vez para evitar os sermões de Joel. Coloco meus fones de ouvido e aumento o volume da minha música preferida no máximo.
Passo horas e horas, mudando a frequência da rádio, rabiscando as folhas de chamex, comendo chocolates, jogando amendoins para os peixes, torcendo para que dia primeiro termine depressa... Finalmente o sol se deita, bem devagar, dando início a primeira estrela no céu. Pequena, bem distante das demais que começam a apontar também. Decido da a ela o meu nome, pois assim como eu, ela encontra-se longe de tudo.
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A Linguagem Do Amor
Roman d'amourainda irei posta a Sinopse mais a Historia que minha melhor amiga criou esta incrivel ela e escritora desde pequena esse e Hobby dela.