A Arte Erótica dos Encontros

Conto 1 - Os Agentes

Escrito por: Pietra von Bretch e J.G Carvalho.

Música Tema: Without you - Breaking Benjamim.
(Outras canções serão sugeridas no decorrer do conto erótico)

***

Estava cansada, com o corpo inteiro doendo, os dedos sujos de pólvora e sangue seco espalhado no rosto, pescoço e colo. Quando sentei no banco do carona da pick up bati as costas no couro e bufei, jogando os carregadores extra no chão. Ele estava na direção e me conhecia o suficiente para entender que não era hora propícia para puxar conversa.

Há dois anos éramos parceiros. Nossos nomes reais não eram conhecidos. Éramos apenas Sky e V. Conhecemos-nos na corporação e o primeiro trabalho nas ruas, infiltrados, logo nos colocou juntos.

Não pronunciamos uma palavra durante o percurso. O rádio do carro, habituado ao rock, estava mudo. Assim que ele estacionou, saí sem olhar para trás.

- Pego essa merda toda depois! - segui para a área de vestiários. As quatro da manhã, para a minha sorte, estariam vazios.

Precisava de um banho. Tinha que tirar todo aquele sangue do meu corpo. Tudo tinha dado errado naquela operação. TUDO!

***

Quando ela ameaçou sair da pick up com a mochila na mão em direção ao vestiário, V a segurou pela mão. Tentou acalma-la e passar alguma segurança:

- Estamos bem, sujos e assustados; talvez jurados, mas ainda assim bem... e o melhor, juntos... EU CONTINUO AQUI E VOU CONTINUAR.

O sujeito não era de romance, palavras motivacionais ou qualquer tipo de caretice padrão dos parceiros convencionais, mas naquele momento, até a discípula de Bonnie - como ele gostava de chama-la - precisaria de algum apoio. Ainda que apenas fosse a mão forte de V segurando seu pulso.

Ela tentou conter a surpresa e disfarçou ao ouvir as palavras dele. Olhou para baixo, o que raramente fazia. Geralmente, ela sempre o encarava ou olhava para o lado como se não desse muita atenção para quem lhe falava. Sky era assim com todos. Indomável. Mas dessa vez não conseguiu controlar os impulsos. Sabia que de alguma forma buscava, ainda que nas palavras, um pouco de segurança.

O momento foi rápido, mas repleto de informações.

Sky se recompôs como uma fênix, embora ainda olhasse para baixo, disse um: "ok" em voz suave e seguiu.

(Recomendamos ouvir a música "Walk" – Foo Fighters a partir desse ponto. Link: https://youtu.be/fLLqDPdwT48)

Enquanto entrava no prédio, V a admirava. Vestia uma micro-saia com uma camiseta estilo t-shirt dos Ramones cortada, que permitia ver boa parte dos ombros e uma parte generosa das costas. O vestuário fazia parte do disfarce e do caso que estavam investigando há cerca de 9 meses.

Estava com os cabelos presos. A camisa servia muito mais pra esconder parte da tatuagem nas costas ou tentar impedir a leitura perfeita dessa. Era um painel oriental com uma gueixa do lado esquerdo e uma guerreira samurai à direita das costas. Isso mesmo! Uma samurai. Ao fundo, pendendo para o ombro, construções orientais. Sky calçava botas de couro, as da sorte para esse tipo de "serviço".

V não pode deixar de perceber que ela tentava ordenar os passos com a mochila pendurada em um único ombro, o que fazia a única alça da camiseta cair o tempo todo. Com intenções que só ele conhecia, concluiu que, se estivesse vendo-a de frente, veria seus seios inteiramente. Por um instante lamentou e em seguida riu da sua própria loucura. Apesar da adrenalina, da tensão, do risco real de morte pelo qual tinham acabado de passar – e ainda possivelmente corriam - ele conseguia aprecia-la e deseja-la.