Capítulo 1

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— Não, não se mexa. — Jamie diz parecendo não saber o que fazer. Ele pega a sua cueca box e some no banheiro, segundos depois ele volta – vestido com a cueca – e começa a me pegar no colo. Agarro-me ao seu pescoço e gemo com a dor provocada por sua invasão.

— Calma, amor, eu vou cuidar de você. — Ele me carrega ao banheiro e vejo que a torneira da banheira está aberta, enchendo-a.

Ele cuidadosamente me coloca na água quente e barulhos por causa da dor escapam da minha garganta.

— Isso deve ajudar. A água está muito quente?

— Não. — Ah meu Deus, está ardendo e doendo muito, e a água quente só parece piorar tudo.

Jamie se afasta da banheira e passa a mão pelos cabelos, parecendo transtornado.

— Pelo amor de Deus, Dakota, porque você não me pediu para parar? — Ele não está gritando, mas seu tom de voz é severo, me fazendo encolher na banheira.

— Eu não queria que você parasse.

— E você simplesmente ia aguentar a dor calada? Saiu sangue, Dakota, você entende isso? Eu te machuquei pra caralho, porra. — Ele dá um soco na parede me assustando.

— Sinto muito. — Digo abraçando minhas pernas, meu lábio inferior começa a tremer e tento segurar o choro.

— Fique um pouco aí para ver se a dor passa, se continuar saindo sangue ou doendo muito, me chame. — Ele diz desligando a torneira, sua voz fria como gelo. Quando ele vai se afastar eu seguro seu braço.

— Jamie. — Ele puxa o braço e não me olha nos olhos.

— Não. — É tudo o que diz e então se vira e sai, batendo a porta com
força.

Apoio à testa em meus joelhos e choro. Eu sou uma inútil mesmo, eu
deveria ter aguentado, Leila tem razão, eu não consigo ser o tipo de
mulher que Jamie quer.

Mesmo a água estando quente, sinto meu corpo tremendo, choro até soluçar.

Não sei quanto tempo fico sentada chorando na banheira, só sei que a água já está gelada e eu ainda não tenho coragem de sair daqui e enfrentar Jamie. Ele parecia tão bravo.

Quando não aguento mais o frio, levanto-me e me enrolo na toalha. Dou alguns passos e a dor volta a me incomodar. Tenho que dar passos pequenos e lentos, porque mesmo a água quente tendo me ajudado um pouco, ainda dói.

Abro a porta do banheiro e vejo Jamie de costas, só de cueca olhando através da janela. Quando ele me escuta se vira, sua expressão séria e dura. Ele pega um roupão de pano branco em cima da cama e caminha até mim.

Ele tira minha toalha e joga no chão, então começa a vestir o roupão em mim, ele dá um nó apertado e me pega no colo, me depositando na cama. Ele puxa as cobertas e me cobre.

— Aqui, um remédio para a dor. — Ele me entrega uma capsula e um copo d’água.

— Obrigada. — Digo e tomo o remédio. Ele deposita o copo na mesinha perto da cama e se senta na beirada. Ele me olha fixamente nos olhos pela primeira vez desde que brigou comigo no banheiro, fica em silêncio, parecendo me analisar.

— Como você está?

— Bem.

— Não minta para mim de novo, Dakota. — Ele diz rapidamente e eu
olho para baixo envergonhada.

— Está doendo um pouco, mas o banho ajudou. — Respondo com a voz fraca.

— Bom. Agora me diga, o que diabos você estava pensando quando insistiu para eu continuar mesmo quando você não estava mais aguentando a dor? — Seu tom ríspido de voz me dá vontade de chorar.

— Eu...Eu não sei...Eu só queria tentar isso.

— Não, tem algo mais, não é? Você estava desesperada pedindo para eu não parar, mesmo doendo. Por quê?

— Eu já disse, eu queria fazer isso com você. — Respondo abraçando minhas pernas em um modo protetor.

— Essa parte eu entendi, o que eu não entendi é o porquê você querer tanto isso ao ponto de suportar uma dor dessas?

— Eu só...Eu só... — Não consigo inventar nenhuma desculpa, minha
voz vai sumindo e eu começo a chorar ruidosamente.

— O que está acontecendo, Dakota?

— Eu só queria que você pudesse fazer comigo as coisas que você gosta.
— Digo fungando e limpando o nariz no roupão. Quando ele assimila minhas palavras, fica branco como papel.

— De onde veio isso? — Fecho os olhos e respiro fundo, então olho para ele e lhe digo.

— Ela disse que eu precisava fazer essas coisas se eu quisesse que você continuasse comigo.

— Ela quem? — Ele pergunta confuso.

— Leila. — Digo baixinho, apoiando o queixo em meu joelho. Jamie arregala os olhos e levanta da cama num pulo, como se tivesse acabado de levar um choque.

— Como assim, quando você falou com ela? — Ele pergunta furioso.

— Ela me abordou no banheiro, naquela noite no leilão. — Confesso.

— Então foi por isso que você demorou, e foi por isso que você estava estranha. — Ele coloca as mãos na cintura. — E ela te disse que se você não fizesse isso eu ia te deixar?

— Sim.

— Filha da...Urgh...Eu vou matar aquela mulher. — Jamie começa a
ficar descontrolado, ele passa as mãos pelos cabelos e anda de um lado para o outro.

— Eu juro que se ela aparecesse na minha frente agora eu a matava.
Vadia louca da porra. — Ele começa a gritar e de repente um vaso com flores se estilhaça na parede, me fazendo dar um pulo e me encolher mais embaixo das cobertas.

Jamie começa a xingar como eu nunca havia ouvido antes, nunca havia o visto tão nervoso.

— O que mais aquela coisa te disse? — Ele pergunta finalmente parando em um só lugar, em pé ao lado da cama, sua respiração irregular e seu olhar fulminante. — Me diga tudo e não omita nada, Dakota. — Ele diz com autoridade. Então eu conto, suas palavras ainda estão muito bem gravadas em minha memória, então reproduzo fielmente nosso diálogo daquela noite, as reações de Jamie são diversas. Raiva, indignação, vergonha – quando repito as palavras de Leila sobre o que eles faziam juntos – todo momento ele profere ameaças a Leila.

— Não acredito que você fez isso, não acredito que você achou que eu fosse te deixar caso você não fizesse essas coisas. Eu te amo, porra. Eu não vou te deixar nem que você queira, eu não posso mais viver sem você, não consigo, você não entende isso?

Inesperada paixão (Continuação)- DamieOnde histórias criam vida. Descubra agora