Capítulo 24

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— Sinto muito, mas não posso dizer mais nada, em breve o doutor deve vir falar com vocês.

Em breve...Gostaria de achar essa enfermeira e lhe perguntar qual a sua noção de em breve, pois parece que já se passou uma eternidade e ninguém se dignou a vir falar conosco.

Não consigo ficar parado, ando de um lado para o outro, sempre me recompondo apenas para em seguida me sentir quebrando novamente.

A sala de espera mergulha em um silêncio perturbador e sombrio, de repente se ouve um choramingo dolorido, é Danna ou Marie, mas sempre tem alguém perto o suficiente para consola-las imediatamente, então elas se acalmam e o silêncio volta a reinar.

Às vezes escuto alguns gemidos angustiados e me viro para ver qual pobre alma atormentada que o soltou, então percebo que fui eu.

O detetive Gordon Race não apareceu, espero que ele esteja atrás de Leila nesse exato momento, uma enfermeira passa e eu a agarro e exijo saber sobre Dakota, ela me olha como se eu fosse louco e apenas me responde que ela ainda está em cirurgia. Com horror descubro que se passou apenas uma hora.

Deus, parece que faz semanas que estou aqui esperando por notícias.

— Como ela está? — Uma voz recém-chegada chama a atenção de todos, me viro e vejo aqueles cabelos ruivos malditos.

Por um momento acho que estou enganado, mas não, ele está aqui, ele realmente teve coragem de vir até aqui. Como ele ficou sabendo o que aconteceu?

— O que você está fazendo aqui? Vá embora. — Grito para que Jordan vá.

— Eu vim por que eu preciso saber como ela está. — Seus olhos vermelhos indicam que ele estava chorando. Foda-se, eu não tenho pena.

— Você não tem nada que saber dela, vá embora agora. — Dou passos longos e ansiosos para chegar logo até ele e descontar toda a minha frustração em sua cara, mas braços fortes me seguram, viro o rosto e vejo Luke.

— Hora e lugar errados. — Ele diz.

— Eu só quero saber como ela está, por favor. —Sua voz falha e uma lágrima escorre por seu rosto.

— Ela está muito mal, ela está em cirurgia e esses médicos malditos não me dizem se eu vou perde-la ou não. — Grito com raiva para ele, grito tão alto que tenho certeza que os pacientes e médicos nos outros andares também escutaram.

— Agora você já sabe, vá embora. — Como se para me provocar, ele caminha e se senta em um lugar vago.

— Filho da... — Jax dá um puxão em meu braço.

— Ele só está preocupado com ela, como todos nós. Apenas ignore-o.

Estou prestes a agarrar Jordan pela camisa e joga-lo para fora daqui, quando um homem vestido com uma roupa de cirurgião aparece, ele está sem luvas e sem a máscara e sua cara é indecifrável.

— Familiares da Dakota Johnson? — Como resposta todos nos aproximamos e o cercamos, olhando com expectativa.

— Nós fizemos tudo o que pudemos, mas a situação dela é muito complicada. Estamos tentando de tudo para salvar ela e o bebê...A paciente teve uma parada respiratória na mesa de cirurgia, eu não sei se conseguiremos salvar mãe e filho, nem mesmo se conseguiremos salvar a mãe. Sinto muito.

Eu caio. A dor da queda é amortecida pelo meu próprio estado de torpor. Minha visão fica nublada, os sons ao meu redor vão diminuindo, ficando abafados.

— Jamie? Jamie? — Escuto alguém chamando meu nome, não faço a mínima ideia de quem seja.

Vejo um vulto se ajoelhando na minha frente, mas não consigo distinguir quem é.

— Jamie? Você está me escutando? — A voz que chega aos meus ouvidos é lenta, distorcida.

— Acho que ele está em choque. — Uma voz feminina diz, acho que foi mamãe.

Vejo tudo ao meu redor em câmera lenta e como se fosse um borrão, a única coisa que está clara em minha mente são as palavras do médico.

“A paciente teve uma parada respiratória na mesa de cirurgia, eu não sei se conseguiremos salvar mãe e filho, nem mesmo se conseguiremos salvar a mãe”.

Se conseguiremos salvar mãe e filho...Mãe e filho...Mãe e filho...

“Eu vou perde-las, eu vou perder as duas pessoas mais importantes da minha vida. Elas vão morrer e eu não posso fazer nada para impedir”.

Sinto algo estranho, uma escuridão tomando conta do que sobrou do meu coração.

Sinto que minha vida está lentamente escapando de mim, como a areia que escorre por entre os dedos, como a poeira que é tão facilmente carregada pelo vento, como o tempo que nos escapa sem que possamos fazer nada. Sinto toda a minha força e vontade de viver fluindo para longe de mim, sinto como se nunca mais fosse ser feliz de novo.

Então eu desmaio, mas eu preferia que estivesse morrendo, porque eu me recuso a viver em um mundo sem Dakota e a nossa bebezinha.

❤️

Sinto minha cabeça girando e a boca seca, abro os olhos lentamente. Estou em um quarto que eu nunca vi antes, iluminado apenas pela luz do abajur ao lado da cama.

Escuto um bipe e vejo uns aparelhos estranhos ao meu lado. Esfrego os olhos e reparo que tem alguém deitado no pequeno sofá do outro lado do quarto.

Mamãe.

Sento-me e à medida que a tontura vai passando, a dor excruciante da realidade destroça meu coração.

— Dakota... — Choramingo seu nome.

Deus, eu desmaiei. Por quanto tempo fiquei desacordado? A cirurgia já acabou? Será que eu estou respirando enquanto Dakota está em algum lugar dura, fria e sem vida? Ou os médicos conseguiram salvala?

— Dakota...Dakota... — Chamo seu nome como se fosse uma oração. Mamãe desperta ao ouvir meus lamentos. Pulo para fora da cama. Onde estão minhas roupas? O que é isso em meu braço?

Tiro a agulha que estava transportando algo diretamente para minha corrente sanguínea e vou procurar minhas coisas.

— Filho? — Mamãe pergunta com a voz sonolenta.

— Onde estão minhas roupas, mãe? Preciso sair daqui, preciso vê-la, mesmo que ela esteja...Morta. — Começo a chorar e passo a mão freneticamente pelo pescoço, tentando me livrar dessa coisa invisível que me sufoca.

— Calma, filho, por favor, sente-se.

— Não, não posso. Quanto tempo eu fiquei aqui? A cirurgia já acabou?

— Já, filho, a cirurgia acabou. — Eles salvaram Dakota? — Pergunto me aproximando dela.

Inesperada paixão (Continuação)- DamieOnde histórias criam vida. Descubra agora