Ela não sabe o que quer

Capítulo 01

Antes de tudo e o real motivo que Melinda não era mais a mesma.

O dia em que ela se foi.

16 de Outubro..

Estava em casa, e saí de casa. Não queria ficar em um apartamento pequeno sem fazer nada. Mesmo morando em condomínio, não tem nada pra fazer. Minha mãe está muito estranha, ouvi ela dizendo que estava com algum pressentimento, fiquei com um aperto no peito. Fui atrás dos meus amigos. Os encontrei.

De repente, o meu irmão chega com cara de choro (eu sei muito bem quando aconteceu algo).

Eu: Fábio, o que aconteceu? Porque está chorando?

Ele: Melinda, mamãe está te chamando. Não aconteceu nada.

Insisti, mais ele continuou dizendo que nada tinha acontecido, então o segui e fui pra casa. Entrei na mesma e o ar estava diferente. Então fui ao encontro da minha mãe e a perguntei:

Eu: Mãe, o que aconteceu?

Mãe: Vamos viajar, seu pai vem nos buscar. Vamos pra Borborema.

Eu: Porque? O que houve? O que vamos fazer lá?

Ela simplesmente abaixou a cabeça e apenas chorou. Eu sabia que tinha acontecido algo. De algum jeito, por algum motivo, ela não conseguia me  dizer. Eu sabia que o assunto era sério.

Eu: Mãe, por favor. Me responde, estou ficando apreensiva.

Mãe: Seu pai acabou de ligar pra mim, chorando. Dona Alzira faleceu.

Meu mundo caiu e de repente minha visão escureceu. Quando acordei achava que tinha sonhado, mais aquilo era real, infelizmente. Minha mãe queria que eu comesse, mais eu me recusava, então ela chamou meus amigos para tentar me fazer comer. Porém, não adiantou absolutamente de nada.

Viajei, e cheguei na casa da minha avó. A casa estava cheia demais, o caixão no meio da sala. Não consegui entrar, fui pelo beco que dá no quintal e na segunda cozinha. Ver todas aquelas pessoas da minha família, amigos e pessoas que eram da família e que eu nem conhecia. Não conseguia falar nada, e depois que soube que ela faleceu nos braços do meu avô, a situação piorou.

Levei meu diário, só lá que eu conseguia desabafar..

"Dia 16 de Outubro de 2016...

Minha bisa faleceu, bem pertinho do meu aniversário que seria dia 21 de Outubro. Até hoje ainda não aceitei, a ficha ainda não caiu. Porque Deus fez isso? Porque levou a pessoa que me criou? Que sempre esteve comigo, que em todos os meus aniversários ligava pra mim, dizendo: 'Feliz aniversário minha menina, que Deus sempre esteja com você, eu amo muito você, minha menina'. Eu me lembro até hoje que é até impossível de se esquecer ou até mesmo acreditar no maior sonho dela. Ela queria me ver vestida de noiva. Ela me dizia direto. Ela teve umas das piores doenças, um anjo daqueles, ter leucemia? Eu não sou capaz de aceitar a morte dela, eu a amo tanto, e provavelmente eu esteja sendo egoísta. Eu faria ou daria qualquer coisa pra tê-la aqui ao meu lado. Ver ela sorrindo pra mim, com aqueles olhos azuis, dizendo que me ama. Tantos momentos bons. Lembro que, alguns dias antes de falecer, ela ligou pra o meu pai e disse que queria falar comigo, eu atendi, ela disse: 'Melinda, aconteça o que acontecer, você sempre será a minha menina, eu amo você'. Ás vezes em meu quarto eu desabafo, choro litros, mas mesmo assim minha dor não passa. Eu amo tanto e sinto tanto a sua falta."

No dia seguinte, dia 17 de outubro...

Foi o seu enterro, mais não consegui vê-la, tive que ser dopada. Não consegui me despedir. E essa dor cada vez mais aumenta... Ela não sai, ela não diminui. Ela permanece e vai ficando mais forte.

Eu não sei como agir, eu mudei.