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O meu nome é Samantha Harvey Foster, e tenho 20 anos.Tenho cabelo preto e olhos verdes, e moro com o meu tio Lucas Harvey.

Ele ganhou a minha tutela um pouco depois de eu ter nascido.

O meu pai morreu há cerca de 21 anos, em combate pelo nosso país, abandonando a minha mãe, grávida. Ela ficou bastante triste, e ficou mais fraca. Quando deu à luz, não sobreviveu.

Não me lembro da cara de nenhum dos meus pais, nem preciso. Apesar de me terem trazido ao mundo, nunca cheguei a conhecê-los, e pensar neles é uma memória dolorosa para mim.

Como estava a dizer, moro com o meu tio, num sítio que ninguém iria querer, por certo.

Cresci num ambiente de guerras, diferente do qual crianças da minha idade (na altura poucos meses tinha) deveriam crescer. Depois dos oito anos, tudo aconteceu muito depressa.

Empunhava armas, treinava tiro ao alvo, aprendia a mexer-me rápido no terreno e a não ser vista. Aos 16 tornei-me quase indispensável à espécie de "gangue" que o meu tio tinha.

Era composta por homens, totalmente. Eram pessoas que eu confiava, mas só os 4 mais importantes, do gangue principal. Os outros nem me importava em saber os nomes.

O gangue principal, também conhecido por Bloody Knife, era constituido por mim, Klaus Dixon, Henry Alexander e Michael, que era seu irmão e por fim John Woods.

Nunca convivi com pessoas da minha idade, exceto um do gangue secundário chamado Thomas, que morreu há duas semanas, esfaqueado num beco qualquer.

Nesse dia tinha acordado cedo, porque pelos vistos iria aparecer cá um novo investidor. Ele e o seu filho, que era novo no negócio, e precisava de aprender. Eu não queria saber desses detalhes, sinceramente. Só queria que o homem deixasse o dinheiro para eu poder ir comprar mais comida.

Eu não faço nada de trabalhos árduos ou sujos, tais como limpar a casa. O meu tio costuma obrigar alguém do gangue secundário fazê-lo, e quem não o faz é torturado. Que posso eu fazer? Nada. Ainda me tortura a mim.

Vou com eles raras vezes em missões, porque o meu tio é super-protector, e não me deixa sair regularmente do armazém abandonado em que vivemos, ao qual gosto de chamar "casa".

O meu quarto era um antigo sótão, todo cheio de pó, bichos e teias de aranha, mas o meu tio, depois de alguém limpar aquilo, convenceu-me a ficar lá.

Tem uma janela enorme, e o resto da mobília  é tudo improvisado.

Eu sempre sonhei em morar numa mansão, rodeada por criados e os meus companheiros, porque era assim que eu lia nos livros sobre gangues, e tudo o mais.

Mas a realidade é surpreendemente diferente, os factos mais palpáveis.

"Samantha." Ouvi Lucas chamar-me.

Quando ele usa aquele tom de voz, sei que é para me despachar. Faço sempre o que ele me manda, não sou desobediente.

Vesti umas calças justas que eu tinha com uma camisola a condizer dos Guns'n'Roses e uns ténis, tudo da minha cor favorita; preto. É a cor que mais se usa por cá.

Devia ser por volta do fim da tarde.

Desci as escadas que davam ao primeiro piso, e depois até ao rés-do-chão.

"Deixa-me ver se estás apresentável." Ele disse, olhando-me. Não pude evitar olhá-lo também. O meu tio está sempre muito bem vestido, mas quando é para fazer negócios parece extremamente melhor. "Aprovada." Ele disse, com um pequeno sorriso. "Adam Brown e seu filho estão a chegar. Vai chamar o Klaus e o Henry, por favor."

Assenti, caminhando até às traseiras, onde eles se reunem. As gargalhadas já se podiam ouvir ao longe. Entrei, olhando em volta, como era meu hábito.

"Hey..." Saudei.

Eles cumprimentaram-me com um olá e um grande sorriso.

"Hm... Klaus e Henry, podem acompanhar-me, por favor?" Pedi.

"Claro." Disseram ambos ao mesmo tempo, pondo-se a pé e seguindo-me. Quando cheguei já lá estavam os senhores, supus, falando com o meu tio. Fiz sinal aos dois para ficarem atrás de nós e fui até à beira do meu tio.

"Samantha, este é o sr. Brown." Disse ele, muito formal. Quase que ia revirar os olhos.

"Samantha, é um prazer conhecê-la. Pode me tratar por Adam." Ele disse, estendendo a mão. Eu apertei-a. "Este é o meu filho, Liam."

Olhei para o rapaz alto ao seu lado, e ele piscou-me o olho. Rapazes.

"Sr. Brown." Disse para o tal Liam.

"Menina Foster." Disse ele também. Pude notar um pouco de humor nos seus olhos, entendendo que ele estava a achar este tipo de fala tão estúpida quanto eu.

"Samantha, eu e o sr. Brown... Sénior." Disse ele, rindo de leve. "Vamos para o meu escritório, por favor não me incomode se não for nada de importante, e mostre as instalações a Adam. Klaus, Henry, acompanhem-me."

E dito isto desapareceram pela porta que levava ao escritório.

"É para continuar com a boa educação?" Perguntou ele, algum tempo depois.

"Boa educação é muito bom." Eu disse.

"Sempre quis aprender a mexer em armas." Ele disse, ignorando-me totalmente, enquanto se aproximava do armário onde as guardamos.

"Afasta-te daí."

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⏰ Última atualização: Apr 24, 2014 ⏰

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