sorry, mom ❁ yoonseok

● Coffee ●

Acordo cedo, como de costume, me levanto vagarosamente da cama, logo dando de cara com minha face amassada e cabelos bagunçados, no espelho do armário aberto.
Abro as cortinas alaranjadas, e em seguida, portas de vidro e ferro que dão na sacada do meu quarto.
Observo o céu. É um dia frio e bontito.
Me espreguiço, observando a vista da cidade e das montanhas atrás da mesma. Era um costume acordar cedo e vir olhar a paisagem, respirar ar fresco...

Depois de disperdiçar alguns segundos, fazendo vários nadas naquela pequena varanda, volto para o interior do quarto, pra tentar me deixar um pouco mais "apresentável", já que tomaria café fora, como sempre fazia.
Vesti uma camiseta azul marinho, minhas confortáveis calças jeans claras e uma blusa de frio amarela, juntamente com um tênis e touca vermelha.
Ajeitei meus cabelos ruivos rapidamente, em frente ao espelho. Nada mal, Hoseok.

Logo, pego minha carteira e celular, saindo do quarto e indo até o andar de baixo.
Já vou saindo pela porta da frente...
-Onde vai, tão cedo, Hoseok?
Pergunta Yoongi, que estava escorado na parede próxima da porta, comendo uma torrada. Ele trajava apenas uma calça cinza de moleton, e... puta merda... que corpo!
Afasto os pensamentos impuros rapidamente.
-Vou comer numa cafeteria aqui perto...
-Ah, sim...
Ele sorri, logo andando calmamente pra outro lado, enquanto eu abro a porta e vou saindo de casa.

É uma manhã bem fria, algo que acho extremamente agradável.
Vou andando calmamente até a minha cafeteria favorita, que fica a poucos quarteirões de casa. Mesmo não tendo nada a fazer fora de casa e com um café da manhã prontinho na mesa, sempre gostei de sair cedo pra tomar café ali, pra depois ficar fazendo vários nadas pela rua, até decidir que é hora de voltar pra casa. Talvez, fosse porque me sentia preso ficando em casa o dia todo, talvez, porque eu não tinha boa companhia em casa, ou talvez, eu só fosse um desocupado tentando preencher dias monótonos com capuccino e bolo. Talvez, fossem todas essas opções.

Assim, chego na porta da cafeteria, onde ficava aquela enorme placa com o símbolo do Star Bucks. Era um ambiente aconchegante e ilumidado com luzes amareladas.
Me sento numa mesa, ao lado da vidraça que dava vista a rua pouco movimentada, pedindo "o de sempre" a garçonete, que já me conhecia.

Observava o lado de fora, destraído, até sentir um leve toque no meu ombro.
Me viro, vendo um doce e familiar sorriso.
-Ah, oi, Jimin!
Sorrio para o baixinho que vai se sentando a minha frente.

Park Jimin, meu melhor amigo a um bom tempo. E com bom tempo, quero dizer tanto tempo que nem consigo me lembrar. Esse tempo que nos tornou tão diferentes um do outro, mas não conseguiu nos separar.
Éramos realmente muito diferentes,devia ser até mesmo estranho nos ver juntos.
Enquanto ele, sempre meigo, adorava vestir roupas em tons pastéis e cores claras, sempre delicadas, não gostava de ser artificial, sempre com o rosto limpo e os cabelos castanhos e cacheados ao natural. Já eu, tinha um estilo até "excêntrico", roupas sempre muito coloridas e chamativas, cabelos tingidos de ruivo, pearcings no lábio inferior e sépto, algumas tatuagens discretas pelo corpo... é, somos completos opostos.

-Ainda não entendo o por quê de você sempre vir aqui, de manhã tão cedo, quando poderia estar debaixo dos edredons...- o mais velho comenta, enquanto procura no folheto da cafeteria algo que queira pedir. Rio fraco.
-Nem eu entendo... Mas enfim, o que te fez acordar cedo em pleno domingo?
-Ah! Não tinha te contado?- Jimin tira os olhos do folheto, me olhando surpreso.
Faço que não com a cabeça.
-Eu consegui uma entrevista de emprego pra hoje!- ele sorri largo, bastante animado -Se eu conseguir a vaga, vou receber muito bem! Talvez até consiga o apartamento no centro que te falei!
-Que bom, Minnie!- sorrio para o baixinho empolgado a minha frente.

A conversa é brevemente interrompida pela garçonete que vem trazer meu pedido: capuccino e bolo de chocolate. Assim, o Park aproveita para pedir o que havia escolhido.

-E você, Hobi? Como vai a vida?
-Uma merda, Jiminie!- faço um bico frustrado, inflando as bochechas.
-Oh... Por que?
-Adivinha quem voltou a morar na cidade?
Jimin diz um "hm", me endicando para prosseguir.
-Min Yoongi!
-Ora, e isso não é bom? Você não gostava dele?
-É Jimin, esse é o problema... Sei que é meio impossível de acreditar, mas... Ontem minha mãe o chamou lá em casa, e me apresentou como o seu...- suspiro antes de completar -...namorado.
-Puta merda...- o Park fala num sussurro surpreso, quase inaldível.
-Pois, é...

Um silêncio um tanto desconfortável fica no ar por alguns instantes.

-É... Acho que não tem muito o que fazer, não é?- diz Jimin quebrando o silêncio -Mas sei que você consegue superar!- sorri reconfortante.
-Acho que sim...
-Acha, nada! Tem que ter certeza, menino Jung!
Acabo por rir junto com o Park.
-Então eu estou certo de que vou superar!
-Assim que se fala!- agora Jimin volta a abrir aquele seu belo sorriso de orelha a orelha.

Assim, como o meu café da manhã, na alegre companhia de Park Jimin, que acaba por animar um dia que seria monótono como todos os outros.