História grande

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Hoje eu acordei cansada.
Cansada de ir dormir chorando; cansada de sentir um vazio tão grande no peito, que não consigo nem explicar; cansada de me sentir sozinha; cansada de guardar tudo para mim; cansada de não querer ver ninguém; cansada de fingir estar bem; cansada de desistir das coisas que amava fazer; cansada de me sentir cansada.

Encontrei-me em um momento da minha vida em que estava triste. Não apenas triste, mas deprimida. E fico me perguntando quando isso vai passar... Qual é o momento em que irei acordar e perceber que este devastante sentimento foi embora? Acontece que não é assim que funciona. Ele não simplesmente some, ele vai indo embora aos poucos. Mas ainda não cheguei nessa fase.

Hoje eu acordei cansada. E queria desistir de tudo. Não queria ir à escola e não queria ver ninguém. Não queria tomar banho e também não queria comer. Não queria vestir minha farda e junto com ela uma máscara para esconder minha dor. Não queria pegar o ônibus e sentir que as pessoas estavam percebendo a minha máscara caindo. Não queria chegar na escola e fingir o tempo todo que estava bem, colocando um sorriso no rosto enquanto meu mundo estava se desmoronando aos poucos. Mas tive que fazer isso novamente.

Essa doença está me matando lentamente. Eu parei de ler, parei minhas aulas de violão e parei de escrever um livro, coisas que eu amava fazer. Parei de fazer tantas coisas bobas, que no final faz de nós quem somos. Chegou um tempo em que não consegui mais me concentrar nas aulas, por consequência acabei parando de me dedicar aos estudos também. Eu tentei continuar a fazer essas coisas, juro que tentei... Mas chegou uma hora que eu simplesmente não conseguia mais.

Apesar de desistir de praticamente tudo, estava sobrecarregada. Ficava impaciente e nervosa na maior parte do tempo. Preocupando-me com coisa fúteis e sendo totalmente pessimista. As crises de choro são mais constantes nessas horas. Guardo tudo dentro do meu peito e tomo o maior cuidado para que ninguém suspeite de nada.

Chegou uma época em que comecei a esquecer de tudo. Não conseguia lembrar de praticamente nada e isso estava me prejudicando muito. Esquecia de provas marcadas, trabalhos, relatórios, conversas, rostos... Resumindo, coisas que faziam parte do meu dia a dia.

Estou caindo cada vez mais fundo. E quanto mais fundo, mais escuro fica. Não enxergo mais a luz que o sol emite sob a superfície. Estou perdendo as esperanças de que vou encontrar-me um dia.

Tenho medo de desperdiçar toda a minha adolescência. Também tenho medo de esquecer o rosto de pessoas que já foram embora. Receio perder os que amo por não conseguir lidar com eles. Estou cada vez mais sozinha e não quero me sentir dessa forma.

Grito por socorro em silêncio. Será que alguém está me ouvindo? Será que alguém está me entendendo? Será que alguém pode apenas me abraçar e dizer que tudo vai ficar bem? Ou será que irão simplesmente desistir de mim?

Esta luta é diária. E é uma luta que só eu posso vencer. Mas é difícil sair do fundo do poço quando não tem nenhuma escada ou corda para me ajudar a subir.

Hoje foi mais um dia em que eu deixei a depressão vencer. E provavelmente não será o último.

- Apenas Uma Escritora Qualquer

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