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    Desperto com toques constantes e irritantes em meu rosto. Resmungo irritada, estava num ótimo sono. Felizmente, vou da água pro vinho quando vejo o garoto olhos esverdeados, como queria ser parecida com ele, mas a genética tem seus preferidos. Abro um sincero sorriso e pulo da minha cama pra abraçar Pedro Henrique, um dos meus irmãos mais novos.

— Menina grudenta — Percebo o tom de brincadeira dele e dou uma risada

— Que saudade, fedorento!

   Entrelaço minhas pernas em sua cintura e o abraço distribuindo beijos em seu rosto. Recebo em troca uma expressão de nojo, o que causa indignação da minha parte.

— Sei que você me ama, mas estamos atrasados. — Ele fala como se preocupasse em estudar.

— De volta aos velhos tempos — Molho meus lábios e digo tensa em reação ao nervosismo do primeiro dia de aula

Vou logo ao banheiro para tomar um banho, demoro uns 15 minutos, assim que acabo vou pro meu closet. Me visto com uma calça street preta, uma blusa larga e finalizo a arrumação calçando um tênis do mesmo estilo da calça. Finalmente pronta, desço com minha mochila e saio de casa esperando minha carona e a de PH, era a namorada inglesa de Rafa. O caminho todo passamos escutando músicas aleatórias no meu fone, quando chegamos já sigo diretamente a entrada sem ajuda de ninguém e me esbarro com o diretor pela minha velocidade ao andar, isso facilitou bastante.

— Bom dia! O senhor pode me informar de qual sala eu sou?

— Esse sotaque brasileiro... É a irmã dos Spínola, certo? Sala 245

    Agradeço e observo atentamente as portas próximas de onde eu estava, imagino que a minha sala esteja no andar de cima. Então, subo e acho onde terei minha primeira aula, entro e sento na última cadeira, prefiro não direcionar meu olhar a ninguém.  Quando o professor entrou na sala foi a primeira vez que foquei em tudo, é realmente estranho todos na minha volta falando inglês e a predominância de um padrão bizarro de pessoas.

— Não vamos usar o livro — Faço uma careta por ele já ter entrado falando isso, mas ao contrário de mim, meus colegas comemoram — Enfim, os novatos virão aqui a frente se apresentar e escolherei um aluno para ficar com eles e apresentar a escola. O resto pode fazer o que desejar — Então esse é o tal do ensino melhor que me prometeram? Pelo menos são acolhedores

    Umas 5 pessoas se levantaram junto a mim. Reparo que quase todos parecem ser daqui mesmo, o que me deixa um pouco constrangida. Um barulho estrondoso invade a sala, todos olham em direção de sua origem, a porta. Lá está ele, minha mente é voltada ao dia de ontem. Óbvio que ele estuda aqui, aquele moletom era do colégio e eu nem sequer notei. João Luiz, Lucas? Não lembro, mas sei que é da mesma sala que eu. Qual era a chance desse encontro acontecer?

   Ele entrou com uma marra no olhar, como esse garoto se acha. O professor chamou a atenção dele e eu não consegui conter uma risada baixa, todos me olharam em reprovação e eu apenas fingi que nada aconteceu. Todos os alunos novos, assim como eu, então se apresentaram. Logo as duplas foram formadas, havia sobrado só eu.

— Eu fico com ela, Mr. Lewis! — Levantou da sua cadeira, o agora prestativo, João alguma coisa.

   Saímos da sala calados, na minha mente só vinha um sentimento de raiva. Como alguém tão idiota, ainda quer me perturbar assim? Ele ainda agia como se nada tivesse acontecido ontem  apontando pros diversos lugares do imóvel. Presto atenção em tudo, vou ficar por aqui durante o ensino médio inteiro mesmo.

— Que bom saber que tem uma brasileira no meu colégio. — Percebo que tentou puxar assunto além dessas paredes monótonas do colégio e forço uma risada. — Mora sozinha?

o otário da casa ao lado ➹ revisandoOnde histórias criam vida. Descubra agora