O anjo caído Semihazah

Capítulo 1

A grande apostasia

Somente reconheça tua iniquidade, pois ninguém há que se arrependa de seus pecados.

O anjo caído Semihazah estava com seus grandes pares de asas aberto e sentia o vento pairar sobre elas enquanto esvoaçavam seus longos cabelos brancos.

Encontrava-se sobre o cume do monte Fileto a três mil e seiscentos metros dos portões do Pináculo da Grandeza, o que um dia poderia ser chamado de Roma, uma cidade pela qual transformou o mundo em uma grande apostasia.

Mesmo naquela distancia ouviu um som tilintar das folhas de prata ao serem manipuladas pelas mãos do Grão-Cancelarius Scarampi Mezzarota para a leitura do texto em latim pelo Pontifex Silvester.

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– Lê-se na visão de João enquanto estava na ilha de Patmos sobre a revelação:

"Então houve guerra no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão. E o dragão e os seus anjos batalhavam, mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou no céu. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama o Diabo e Satanás, que engana todo o mundo; foi precipitado na terra, e os seus anjos foram precipitados com ele."

– Eram anjos de luz, seres espirituais puros repletos de virtudes e dons especiais. Mesmo assim transgrediram a lei do amor e da obediência revoltando-se contra o próprio Deus ELOAH, nosso Pai Eterno. Foram punidos pelos outros anjos e precipitados ao inferno. O livre arbítrio possui vontade poderosa e eles não recuam de suas decisões, deste modo, não se arrependem do mal praticado e não se convertem para alcançar a misericórdia divina. Continuam praticando o mal até a consumação dos séculos. Os anjos rebeldes formam a legião dos demônios que infernizam nossas vidas e procuram nos afastar de nosso Deus ELOAH, pois sua finalidade também é destruí-lo e tomar o seu trono celestial. Por isso todos devem ter suas almas destruídas para todo sempre. E que assim seja. Amém.

O Pontifex Silverster sempre usava o parapeito da sacada do monastério quando necessitava se pronunciar a todo povo do terceiro nível por ser a massa mais numerosa existente entre todos os outros povos.

Após o julgamento fez o sinal da cruz e os abençoou retirando-se e os deixando para trás. Enquanto caminhava pelas passagens secretas que o levaria até a torre principal sua mente se mostrou perturbada.

Pensou consigo mesmo.

"Ele está próximo. Posso senti-lo".

Apesar de não temê-lo se mostrou tenso.

Em poucos minutos estava em seus aposentos no qual o denominava como O Quarto da Música.

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Após a saída do Pontifex Silvester, o Grão-Cancelarius Scarampi Mezzarota ajeitou as folhas de prata em sua mão e com a outra fez sinal para que desse início ao julgamento.

Na balburdia das ruas ouvia-se a agitação das pessoas quando um verdugo começou a atiçar, com um ferro pontiagudo, sua vitima que se encontrava presa em uma gaiola de cravos.

Essa garota era Solleh, uma menina aparentando ter seus dezesseis anos terrenos, estatura baixa, cabelos longos, lisos e compridos formando duas tranças e trajando um vestido longo, liso e preto, foi capturada devido a um descuido durante a guerra dos Consagrados de Giwell contra o Clã Aaron, no arquipélago Baleares, sendo acusada e condenada por heresias, bruxarias e a morte de muitos de seus soldados.

Ela poderia ter evitado tal situação, mas sacrificar a vida para salvar o anjo caído Semihazah é algo misterioso no qual nem mesmo Vassago poderia explicar.