CAPITULO 12

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Aquela festa acabou as dez horas com mais umas palavrinhas do nosso coordenador geral. Não foi nada muito longo, mas todos já estavam exaustos enquanto voltamos para nossos quartos. Ainda é estranho dizer que isso é meu. "só espero me acostumar logo..."

Aquele foi um dia e tanto.

A primeira semana de adaptação correu muito bem. Todas as boas amizades passam por alguns conflitos para amadurecer, como os amigos que fiz no primeiro dia se mostraram bem leais, acredito que o nosso vai chegar em algum momento. Não estou querendo que eles cheguem logo, só tenho em mente que alguma hora vai chegar, e assim não serei pega de surpresa.

Alguns nomes dos monitores já estavam bem gravados em minha mente, principalmente os que vejo o tempo todo. Claro que como um ser humano comum Ainda tenho que me familiarizar com outros, mas ainda tenho tempo para isso.

Meu despertador tem sido um inútil já que uma corneta toca toda manhã nos acordando às 5 horas da manhã. Resolvi deixá-lo apenas para mostrar as horas sem ter que apitar. O café da manhã é servido as seis horas, anunciado pelo som de um sino que alcançarei quarto sem protesto. O que é um desperdício de sono para mim que não tomo café. As aulas regulares começam as sete horas em ponto. Nem antes e nem depois.

Estou me sentindo aliviada por não ter tido aula hoje. Estou exausta. O que me assusta é o que me aguarda nos próximos finais de semana quando adaptação tiver passado. Esses dias sim serão desafiadores.

Temos um ótimo planejamento de aulas. Pela manhã estudamos as matérias que caem no vestibular, pra ser exata matéria do terceiro ano do ensino médio, e na parte da tarde temos novas oficinas com novas missões a cada semana. A primeira foi até bem divertida e sei que guardarei o que aprendi por toda a vida. O tempo não precisa ser nosso inimigo e nem mesmo as pessoas ao redor. A frase dita que mais me marcou foi de Sócrates: "Transforme as pedras que você tropeça nas pedras da sua escada."

- Lana! Nossa mulher, em que planeta você está? Estou te chamando a três séculos. - Disse Lila se aproximando ofegante.

- Desculpe estava pensativa. O que foi? - Perguntei desacelerando o passo. 

- Você vai a trilha que está sendo organizada para amanhã? - Lila perguntou ainda com a voz arrastada.

- Eu até tinha esquecido dessa trilha. Que horas vai ser? - Perguntei um pouco desorientara. Abrindo a agenda a procura de informação.

- Acho que a galera vai se reunir as sete e meia em algum lugar, não sei o certo.

- Você vai? - Perguntei ainda sem saber se ia ou não. - Eu nunca fiz trilhar em toda a minha vida.

- Então é amanhã que sua vida vai mudar! Decidido, nós vamos. Sem discussão!

Só levantei os braços em forma de rendição. Descobri nesses últimos dias um pouco do temperamento da Lila. Quando ela coloca uma coisa na cabeça, se segura que a emoção é. .

- Quem mais vai? - Perguntei curiosa, já que eu não tinha saída.

- Você quer saber no geral, ou entre o nosso grupo?

- Do nosso grupo.

- Não sei. Ainda não perguntei para eles. - ela deu de ombros e eu revirei os olhos começando a andar.

- Ei não me deixe aqui! Está indo a onde?

- Estou indo falar com o pessoal, cabeçuda. Será que eles já saíram do refeitório? - Perguntei a última parte mais para mim do que pra ela, por inda está um pouco à frente de Lila. Que corria para me alcançar, fazendo suas madeixas loira batessem algumas vezes em seu rosto.

- Esse vai ser o nosso ultimo sábado livre, você sabia disso? - Lila perguntou já andando ao meu lado.

- Sei sim, eu já decorei o calendário de aulas. Eles estão ali. - Disse apontando para o pessoal..

- Não estou preparada para isso. Quando eu vou poder descansar? - Ela perguntou frustrada.

- Quem disse que você  precisa de descanso? - Brinquei com ela e a mesma me olhou incrédula. -  Cansaço é psicológico, você não sabia?

- Para de ser engraçadinha e vamos logo. - Ela fez uma careta e passou a dar passos mais longos.

Nos juntamos aos outros e no fim descobrimos que ninguém estava muito afim de ir para a tal trilha. Depois de jogar mais um pouco de conversa fora, eu e Lila fomos para o meu quarto já separar tudo o que eu precisaria.

O relógio dizia que a noite já estava caindo e logo soaria o toque de recolher. Eu precisava aproveitar a presença de Lila o máximo possível.

Fizemos algumas perguntas a uma monitora que passava no corredor e nossas duvidas foram esclarecidas, seria só uma trilha, nada de mais. Depois que Lila foi para o quarto dela e eu fiquei sozinha eu comecei a ficar um pouco nervosa. Era muitas experiencias novas em um curto período de tempo. Eu queria muito poder falar com meu pai agora, ou até mesmo tomar as vitaminas malucas dele.

Na manhã seguinte meu despertador voltou a tocar como sempre fez me tirando um sorriso bobo do rosto. Quem diria que eu sentiria falta desse carinha chato. "Parece que vou ter que reprograma-lo" Isso foi coisa da Lila para eu não perder a hora. Eu me levantei sem protestos e me arrumei com as roupas que eu havia separado no dia anterior. Faltando apenas 10 minutos paras as 6 horas eu já estava pronta. Sai do quarto e do lado de fora não tinha quase ninguém, pensei em voltar para o quarto, mas senti uma vontade estranha de andar por aí. Fui andando sem ligar muito para onde estava indo e parei em uma ponte.

Lembrei do dia em que perdemos minha mãe. A dor pulsou forte em meu peito. Muitas lembranças vieram e uma lágrima solitária desceu. Ela escapou antes mesmo de eu tentar evitar.

- Bom dia. Acordada tão cedo? - Perguntou uma  uma voz masculina. Ela conhecida, mas eu não reconheci por estar meio roca. - Também vai a trilha?

Tentei disfarçar e limpar meu rosto, mas não deu muito certo, acabei me enrolando.

- Você estava chorando. Está tudo bem? - Ele perguntou preocupado.

- Estou sim. Está tudo bem. - Tentei fazer o meu melhor sorriso. - Apenas lembranças.

- Oi prazer, meu nome é Douglas, e seu?

- Eu sei quem você é, - Sorri sem graça, e ele sorriu de volta dando de ombros, mas ainda esperando eu falar meu nome. - Pode me chamar de Lana.

- Então Lana, eu estava indo tocar o sino do café da manhã, me acompanha? - Ele perguntou educado.

- Claro. - Dei de ombros. Não tinha mais nada pra fazer mesmo.

Fomos andando lado a lado em puro silêncio.

- O que está achando do acampamento? - Ele perguntou simples.

- Bom ainda é a primeira semana... Não tenho do que reclamar. - Brinquei.

- Bom saber que temos mentes críticas por aqui. - Ele disse antes de tocar o sinal. - Bom, tenha um bom café, Lana. Preciso organizar ainda algumas coisas antes da trilha.

- Tenha um bom dia. - Me despedi e entrei no refeitório apenas para passar o tempo não estava com fome.

Fiquei ainda um pouco sozinha até as pessoas começarem a aparecer. Quando Lila chegou ela achou que eu já tinha acabado de comer. Não me importei que ela pensasse isso apenas esperei que ela terminasse.

As sete horas todos estavam reunidos para começarmos a trilha.

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1050 palavras

Tá aí galeres!!!

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