Prólogo (Quem serve a morte)

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Ano 206 depois do sono do norte.
Arredores da vila da lua.

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A noite chegara trazendo ventos tão fortes, que o frio queimava a pele. Nunca o inverno nos doze clãs do sul tinham sido tão rigorosos. Se os reinos do leste e oeste lutavam entre si. No sul, o inimigo era o frio.

Allaen havia subido uma elevação de terra formada, onde uma árvore-de-gelo pendia, envergada para a esquerda. Solitária. Na companhia de apenas algumas rochas cobertas de musgo e neve. O grupo de invasores que ele observava tinha pelo menos vinte homens do clã da pedrabaixa. Um bando de salteadores desonrados , pensou. Carregavam machados e lanças, mas estavam em tão grande desvantagem que o jovem principe do clã da lua não conteu um sorriso.

Do meio das pedras ele desebainhou sua espada. Ele a chamava de luz-alva.

A ergueu até acima do seu capuz que escondia as enormes mechas negras do seu cabelo. O brilho da lua refletiu no aço, e fez irradiar um enorme feixe de luz que chamou a atenção de todos no acampamento inimigo. Alguns já desebainhavam suas espadas, ao ver Allaen descer do barranco, mas era tarde. O sinal havia sido dado.

Allaen observou seus irmãos de guerra emergirem como demônios, na floresta do outro lado do acampamento. Havia levado apenas dez, mas eram os dez melhores guerreiros da vila. Treinados desde que nasceram para lutarem juntos sob a liderança de Allaen.

"Todos comigo" gritou. O vento frio fez ecos por toda a floresta. Seus irmãos responderam gritando e atacando.

O primeiro a morrer veio na direção de Allaen as espadas se encontraram duas ou três vezes antes do aço inimigo voar das mãos. Em um círculo perfeito com a espada prateada, Allaen arrancou a cabeça do inimigo, que girou no ar e caiu rolando no chão. O segundo foi pego de costas com um golpe certeiro na nuca. O sangue espirrou na neve. O terceiro perdeu o braço bom e tentou fugir do príncipe, apenas para ser atravessado por uma lança. No fim restou um, que ficou cara a cara com Allaen.

Os irmãos gritavam e sorriam enquanto se reuniram em volta para assistir o embate entre os dois. Allaen deu um sorriso que feriu o orgulho do inimigo. O ataque foi precipitado. Allaen se desviou como uma mosca se desvia de um tapa. O acertou no fêmur antes de perfurar o rosto. O homem caiu morto no chão frio.

Algum tempo depois, os corpos foram pilhados e a maioria dos espolios foi oferecida aos moradores locais que mais sofreram com a invasão. Eles haviam perdido dois homens ao tentar impedir que os roubassem, mas agora a dívida estava paga, e os salteadores do clã das pedras pensariam duas vezes agora, antes de dar as caras nessas terras novamente. Ou talvez não. Allaen gostava da ideia de voltarem.

- É muito tarde para voltar para a vila - disse Ikken, o mais novo dos irmãos, e o mais proximo de Allaen. Certamente por terem nascidos da mesma mãe.

- Tem razão, hoje ficaremos aqui no acampamento - respondeu Allaen, sorrindo para o irmão. - Eu te vi lutando hoje. Foi muito bem.

Ikken sorriu de volta. Logo depois se juntou aos outros na fogueira. Allen foi atrás deles.

No dia seguinte eles se despediram dos homens que quase os reverenciavam e viajaram para o sul depois para sudoeste, e sul novamente. Passando pelas planícies e charcos congelados. Levaram dois dias para chegar na vila da lua. Eles foram recebidos com gritos e abraços calorosos.

Todos comemoravam a vitoria do príncipe da vila e seus irmãos de guerra. Mas, Allaen ficou realmente feliz quando sua mulher apareceu. Ela chorava, e ao mesmo tempo sorria. A multidão abriu espaço para a princesa Atis, junto com seu filho Alenis.

- Tenho boas notícias - disse Atis quando se aproxinou do marido. Ele a encarava atônito. Sabia o que ela falava, e não teve o que responder as palavras travaram em sua língua. - É outro menino. Está com a velha mãe na toca.

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⏰ Última atualização: Oct 23, 2017 ⏰

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O Guerreiro da Neve e Harpia DouradaOnde histórias criam vida. Descubra agora