Lágrimas e Flores - Capítulo Único.

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2017, Coréia do Sul.

  Oi, Jack! Tudo bem? Eu realmente espero que sim! - Mesmo que isso seja muito idiota da minha parte. - Antes que se pergunte : É o seu Markie-Pooh certo? - Eu sinto sua falta, aqui é frio e escuro, parece que estou em um beco sem saída e que, por mais que eu grite por socorro, ninguém me escuta, nem mesmo VOCÊ, Jack.  Aqui é mais estranho do que dizem ser, só vendo para entender e, por isso, eu não vou tentar explicar e nem quero que tente descobrir, por favor, me prometa que não vai!

  Eu te amo tanto, Jackson. Eu queria te dizer que a culpa não foi sua, e que você, meu amor, sempre será meu maior presente,em vida e morte. Queria dizer também que você fez meus dias serem mais felizes, que sem você eu nunca teria conhecido o amor e muito menos vivido ele de forma tão linda. Eu já te disse o quanto seus olhos são bonitos? Eles são perfeitos. Sua voz é um calmante natural, foram tantas noites ouvindo você cantar pra mim e me dizer que tudo ia ficar bem, eu nunca vou esquecer elas! 

  Seu toque. Ah, o seu toque! Me fez sentir mil e uma sensações diferentes, Jack, todas maravilhosas.

  Eu te amo e por isso chorei escrevendo essas palavras, doeu de uma forma inexplicável, e sei que você está chorando enquanto lê essa carta, eu sei que te feri, me perdoe. Por que eu perdoei a todos os motivos dessa carta, perdoei aqueles que riram de mim, perdoei aqueles que me bateram e também aqueles que me maltrataram, perdoei também aqueles que fizeram piadinhas sem graça alguma e os que me odiaram por eu ser eu, eu amei todos eles, mesmo que tenha sido apenas por míseros segundos! Desculpe a letra borrada, as lágrimas não paravam de cair enquanto eu escrevia e eu estava tremendo muito, mas por favor, me perdoe por ter sido um fraco, por não ter suportado até que você voltasse.

  Eu fui um fraco, não consegui dizer NÃO, foi mais forte do que eu, eles foram mais fortes do que eu, cada um deles.

  Jack, não os odeie, não culpe eles, esqueça-os, se for melhor assim, eu estarei bem - talvez - , cuide do meu irmãozinho por mim, ele vai precisar de você, eu... Sempre vou te amar, não importa aonde eu esteja.

                                                                                                                             Do sempre seu, Mark.


  O banheiro ainda tinha vestígios da noite anterior, o sangue respingado no chão, a banheira cheia de água - agora avermelhada - , os frascos de algum remédio desconhecido no chão. Jackson ainda não tinha coragem de entrar ali, não queria lembrar, não queria ver de novo as imagens já gravadas na mente.

  Na noite anterior, ele tinha finalmente voltado de viagem, louco de saudades do namorado, passara em uma floricultura para comprar as flores favoritas de Mark e uma caixinha de chocolates sortidos, mas ao chegar em casa, não encontrou o namorado, não vivo. Tinha deixado tudo em cima da mesa e ido sorrindo até o quarto procurar por Mark.

- Markie - Pooh? - Chamara pelo apelido carinhoso, sem obter respostas. - Mark? Cadê você? - Voltou até a sala, nada. - Mark, para de graça?!!! - Não eram gracinhas, e infelizmente Jackson já tinha entendido isso, correu até o banheiro e puxou a porta sanfonada com força.  - Mark!!! - Gritou se ajoelhando no murinho da banheira, puxando o namorado para si. - Não, não, não!!! - Os cortes nos braços, a boca entre-aberta como se ele tivesse tentado respirar ou gritar, era impossível, devia ser um pesadelo, não podia estar acontecendo, não com ele, não com SEU namorado, droga! Jackson gritava para que o namorado abrisse os olhos, que olhasse para ele, que não o abandonasse, mas sabia que era tarde. Não tinha mais o que se fazer. Apertou o corpo de Mark nos braços e chorou, soluçando alto. Mark estava ali, gelado, morto. Por culpa da droga da sociedade que não soube parar de ser cruel.

  Jackson estava deitado agora, sozinho.

 Soluçando baixinho, a dor gritando, mas ele em silêncio.

  Tinha lido a carta, culpou-se. 

  Por ter chegado tarde, tarde demais.

  Viu a maioria das pessoas que tinham feito Mark se matar chegarem ao velório do namorado, levando com elas lágrimas e flores, dores falsas que fingiam carregar.

Todos agora amavam Mark.

Claro, mortos merecem amor.

Mark agora era bom.

Claro, mortos são bons.

Agora eles diziam que Mark tinha muito para viver ainda. Claro, se cada um deles não tivesse destruído o menino aos poucos. 

Aquelas pessoas eram todas falsas, todas culpadas e nada mudaria isso. 

Não se ama os mortos só quando eles morrem.

Perdoem o tema pesado, eu precisava escrever sobre como a sociedade anda meio nem aí pras pessoas, sobre como o suicídio só importa pra alguns em Setembro porque é o mês do combate á ele, me perdoem mesmo.

Tears And FlowersWhere stories live. Discover now