Diversos seres movem-se numa massa integral. Pequenos, cada um de seus rostos são indistinguíveis entre si, cada um move-se em ritmo próprio do todo.
Giram em torno da Esfera, que os observa atentamente. Alguns olham para o céu, a maioria para o chão. Cantam junto em uníssono:
A Esfera encolhe,
Os seres consomem a Esfera.
A Esfera escolhe,
Pudesse aplacar a espera.
A Esfera expande,
Torna a consumir os seres.
Eterna gigante,
Volta aos seus afazeres.
Cogita a massa, sobre a atual situação:
Seriam os seres vivos? O que dizer da esfera?
Debatem-se em delírios. Devotam-se a guerra.
O que é vida sem arte? Um mero existir.
O que é arte sem vida? Filha do caos.
Por fim, o que é caos? Desvio do porvir.
Quantos degraus, cabe a quem decidir?
A Esfera observa e interna, pondera:
Sempiterno tilitar de idéias cambaleantes e disformes.
Deriva os materiais que constituem os sujeitos.
Decair é o único verbo, faz dos complexos, uniformes.
Projeções artificais, os originais estão desfeitos.
Demos graças ao caos, que expande as possibilidades.
Boicotemos a razão que governa os pensamentos.
Deixemos a criação definir todas as verdades.
Àqueles que não concordem, nossos profundos sentimentos.
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Digressão atômica
PoetryDesabafo existencial na forma de uma composição idílica arbitrária.